sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Review: ⚡ Sex Magick Wizards - 'Eroto Comatose Lucidity' (2019) ⚡

Da cidade-capital de Oslo (Noruega) acaba de chegar um dos álbuns por mim mais aguardados do ano, e a crescente expectativa não poderia ter saído mais saciada de todo este (im)paciente processo. ‘Eroto Comatose Lucidity’ é o estrambólico álbum de estreia do talentoso e extravagante quarteto nórdico Sex Magick Wizards e fora hoje mesmo lançado tanto em formato digital (através das mais relevantes plataformas digitais) como sob a forma física de CD e vinil (pela mão do modesto selo discográfico local Finito Bacalao Records). Superiormente norteado por um magnetizante, orquestral, bizarro e intrigante Prog Rock – de ambiência revivalista, ocultista e de antena apontada aos egrégios britânicos King Crimson – e brilhantemente tiquetaqueado e condimentado por um esquizofrénico, insano, irreverente e labiríntico Avant-garde Jazz à boa moda de singulares referências como Miles Davis ou John Coltrane, este místico ritual liderado e doutrinado pelos druidas Sex Magick Wizards tem o dom de nos enfeitiçar do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade é tingida a um exotismo selvático e a um ousado e inesperado experimentalismo que confere total liberdade criativa a cada um dos quatro instrumentos, embalando e progredindo a passos largos e tortuosos por uma carnavalesca, mas domesticada, improvisação que me envolvera, fascinara e agitara com violento entusiasmo. Na esmerada e abastada composição desta sónica e erótica exteriorização apelidada de ‘Eroto Comatose Lucidity’ está um mirabolante saxofone de espirito indomesticado, livre e insubordinado que – não obedecendo a qualquer regra, senão à sua própria loucura – é soprado e transviado para alucinadas e desorganizadas espirais que nos distorcem e entontecem, uma sagaz bateria – abençoada e dominada pela maestria jazzística – que se lança em vivazes e tenazes acrobacias de toque cuidado, lustroso, primoroso e inspirado, uma principesca e enigmática guitarra Hendrix’eana que tanto empresta alguma lucidez à burlesca ambiência do álbum com adoráveis, provocantes e facilmente sussurráveis Riffs, como se perde e encontra entre copiosos, delirantes, provocantes e luxuosos solos, e ainda um hipnótico contrabaixo de linhas bamboleantes, empoladas, aveludadas e pulsantes que diligencia e obscurece todas as desatinadas ramificações musicais de Sex Magick Wizards. Este é um álbum pensado a executado a uma talentosa complexidade que prontamente me desarmara e conquistara. Um registo tremendamente orgiástico que – com desarmante sabedoria e irrepreensível sinergia – mistura e conjuga os mais contrastados géneros musicais, resultando num expressivo diálogo instrumental que me deixara boquiaberto. É ainda de sentidos embriagados e membros cansados pela ardente e eloquente lubricidade transpirada por todos os poros de ‘Eroto Comatose Lucidity’, que tudo em mim grita: estamos na honrosa presença de um dos mais fortes candidatos a disco do ano. Ingressem neste grotesco cortejo e vivenciem com total deslumbramento e veneração toda a contagiante destreza e estranheza de Sex Magick Wizards. Que álbum!

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