terça-feira, 19 de novembro de 2019

Review: ⚡ Dhidalah - ‘Threshold 発端’ (2019) ⚡

Depois de em 2017 ter experienciado e aqui largamente elogiado o adorável EP de estreia ‘No Water’ – premiando-o mesmo como um dos melhores EP’s desse ano (listagem completa aqui) – sinto-me agora impelido a renovar esta incontida apologia ao tridente nipónico Dhidalah, que acabara de disponibilizar para escuta integral o seu muito esperado primeiro trabalho de longa duração. Apesar do seu lançamento oficial estar agendado apenas para o próximo dia 30 do presente mês de Novembro pela mão do influente selo discográfico Guruguru Brain em formato físico de vinil, 'Threshold’ estreara hoje o seu formato digital através da página de Bandcamp e eu prontifiquei-me a digeri-lo sem demoras. Natural da cidade-capital de Tóquio, esta jovem e muito auspiciosa banda japonesa desenvolvera uma fascinante alquimia sonora que conjuga a bizarra excentricidade da carismática formação germânica Ash Ra Tempel com a arrojada incandescência dos contemporâneos californianos Earthless. Tendo como base um cativante, hipnótico, enigmático e dançante Krautrock de clara propensão estelar que nos tomba as pálpebras, balanceia o corpo e massaja o cerebelo, a musicalidade de ‘Threshold’ desenvolve-se indiscreta e progressivamente para os chamejantes domínios de um efervescente, místico, esquizofrénico e alucinante Heavy Psych temperado a um intenso e berrante experimentalismo de idioma alienígena que nos desenraíza a consciência e a arremessa violentamente na vertiginosa direcção da intimidade cósmica. Uma profunda e enlouquecedora narcose na qual embarcamos e não mais regressamos. Empoeirem-se nas brumosas e coloridas nebulosas de ‘Threshold’ e embalem nesta vertigem sensorial à boleia de um baixo deliciosamente Krauty que se conduz e seduz por linhas pulsantes, sinuosas, densas e magnetizantes, uma empolgada e turbulenta bateria de galope atiçado, veemente e desenfreado, um enfeitiçante sintetizador de encantadores coros celestiais, e uma guitarra exploratória que se serpenteia em portentosos, obscuros, arábicos e poderosos Riffs de onde se libertam descontrolados, ácidos, rutilantes e excitados solos de toxicidade a perder de vista. Num plano de destaque secundário e presença limitada a apenas um dos temas, está uma atormentada voz enclausurada, distorcida e soterrada na densa radiação noisy que vigia e governa toda a atmosfera do álbum. ‘Threshold’ é um registo varrido por múltiplos ciclones tecidos a endorfina. Um disco de consumo impróprio para cardíacos que deixará todos os seus ouvintes de pupilas dilatadas, corpos transpirados e respiração ofegante. Deixem-se dissolver na psicotrópica demência de Dhidalah e contagiar pelo sónico exotismo destilado pelo seu impactante álbum de estreia.

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