sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Review: ⚡ Zip-Tie Handcuffs - 'Warm Shadows' (2019) ⚡

Directamente de Boston (a capital e mais populosa cidade do estado norte-americano de Massachusetts) chega-nos ‘Warm Shadows’, o ardente e excitante novo álbum do irreverente tridente Zip-Tie Handcuffs. Lançado no Verão já findado não só em formato digital como nos formatos físicos de vinil (edição autoral) e cassete (ultra-limitada a uma reduzida edição de apenas 100 cópias disponibilizadas pelo selo discográfico nova-iorquino King Pizza Records), este provocante registo vem lavrado e inflamado por um apimentado, flexível, furioso e despachado Garage-Punk de estética radical, que é simultaneamente refrescado e desacelerado pela etérea e salgada brisa oceânica de um dançante, hipnótico, lisérgico e cativante Surf-Rock trazido das ensolaradas praias sessentistas, e colorado e abrasado por um vulcânico, enigmático, agradável e messiânico Psych Rock de (in)discretas aproximações aos territórios da Neo-Psychedelia. A sua sonoridade de bafagem veraneia e exótica ritmicidade – tanto lavrada e acicatada por uma chamejante e borbulhante efervescência que nos atesta e infesta de uma inquietante euforia, quanto massajada e apaziguada por uma psicotrópica bonança que nos canaliza e nebuliza numa ataráxica hipnose – encarcera o ouvinte num fascinado estádio de intensa e fremente devoção que o corteja do primeiro ao derradeiro tema. Como ingredientes deste caldeirão abraçado pelas chamas e em constante ebulição estão uma guitarra catalisadora de serpenteantes, fogosos, acintosos e urticantes riffs de onde se desenraízam desenfreados, gritantes, ondulantes e alucinados solos de elevada toxicidade, um possante baixo de reverberação empolada, fibrótica e sombreada, uma dinâmica bateria em polvorosa de cadência galopante, frenética e entusiasmante, e ainda uma espectral, translúcida e ácida voz – perseguida de perto por um angelical, melódico e cristalino coro vocal – que lidera com destacada influência e magnificência toda esta contagiante revolução. Este ‘Warm Shadows’ é um álbum imensamente incitante que nos esporeia e pontapeia os batimentos cardíacos a alta rotação. Um desconcertante registo que – embora locomovido e conduzido a duas velocidades contrastadas – nos envolve, revolve e dispara na direcção de uma progressiva vertigem sem destino à vista.

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