Coogans Bluff é
uma daquelas bandas exímias na arte de explorar, reinventar e conjugar os mais díspares sub-géneros
do espectro Rock na sua sonoridade, dificultando assim a tarefa de
rotular o seu som usando o menor número de carimbos possível. E se o seu
passado discográfico já indiciava um crescente amadurecimento dessa vincada tendência,
o novo álbum ‘Metronopolis’ representa o pináculo dessa sua incrível
capacidade camaleónica. Lançado muito recentemente pela clássica editora
berlinense Noisolution sob a forma física de CD e vinil, este sétimo
álbum da banda germânica – localizada na cidade-capital de Berlim – vem
lotado de temas desiguais, originando todo um multicolorido e apaladado sortido
sonoro de onde facilmente se identifica um exótico, orquestral, jovial e carnavalesco Krautrock
– de apurada sensibilidade jazzística, caleidoscópica pigmentação
de feição psicadélica e uma serpenteante condução Progressiva – que se aproxima
de forma discreta mas ousada de um caloroso e contagiante Funk, de um
ostensivo, festivo e exuberante Brass Rock, e ainda se envolve e revolve
numa renhida disputa de protagonismo com um agradável, afável e bem-disposto Indie
Rock de estética e simetria radiofónicas. Na génese dessa aparatosa,
refinada e apetitosa complexidade musical envaidece-se toda uma talentosa simbiose
instrumental de incessantes, comoventes e fascinantes diálogos sublimemente tricotados,
nutridos e orientados por um mirabolante saxofone de aveludados, uivantes,
ofuscantes e requintados bailados, um atmosférico, intrigante e sidérico sintetizador
Moog em forte cumplicidade com um melódico e onírico Mellotron,
uma primordial guitarra de acordes enternecedores e provocantes, e solos ácidos
e embriagantes, um baixo deliciosamente groovy de linhas pulsantes, empoladas, onduladas e murmurantes, uma animada e incitante bateria superiormente compassada a uma
desarmante sensibilidade e dançante sagacidade, um berrante, enfático e
penetrante trompete de orgulhosos bramidos, e ainda uns vocais melosos, simpáticos,
lustrosos e angelicais que sobrevoam e ecoam tanto a solo como lado a lado pelos
sorridentes e triunfantes firmamentos de ‘Metronopolis’. Este é
um álbum vibrante, pensado, lapidado e executado a tocante primazia, que se auto-valoriza
a cada audição que se lhe dedica. Um registo atestado de um epidémico enlevo
que nos prende a um estádio de perfeito bem-estar. De olhar semi-selado e
incendiado, bochechas coradas, sorriso perpetuado no rosto e alma a transbordar
de êxtase, degustem atempadamente este açucarado, espirituoso e renovado trago destilado pelos inspirados foliões Coogans Bluff. Não vai ser fácil estancar e contrariar a
duradoura e paradisíaca ressaca por ele em nós deixada, bem como a forte convicção
de que se trata de um dos álbuns mais graciosos do ano.
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