quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Review: ⚡ Dead Sea Apes - 'Night Lands' (2020) ⚡

Os ingleses Dead Sea Apes acabam de antecipar e disponibilizar o seu novo trabalho de longa duração ‘Night Lands’ para escuta integral através da sua página de Bandcamp oficial, bem como para a devida compra do mesmo nos formatos físicos de vinil (repartido em duas edições ultra-limitadas e entretanto já esgotadas), CD-R (reduzido a uma prensagem de apenas 90 cópias praticamente vendidas na sua totalidade) e sob a forma digital através do influente selo discográfico local Cardinal Fuzz. Condimentado por um imersivo, magnético e lenitivo Drone em harmoniosa sinergia com um contemplativo, arrebatador e inventivo Post-Rock de estética cinematográfica, e um delirante, alucinógeno e deslumbrante Psychedelic Rock embrulhado e embriagado num experimentalismo exótico e alienígena, este novo álbum da formação sediada na cidade de Manchester sorve, dissolve e aprisiona o ouvinte nas profundezas de um morfínico universo onírico. De lucidez esvaziada, alma atestada de uma pesada embriaguez, percepção desancorada da gravidade terrestre, e velas hasteadas ao sabor dos ventos cósmicos, somos enfeitiçados e arremessados na vertiginosa direcção dos astros, deixando para trás um corpo tombado e desmaiado. A sua sonoridade de atmosfera flutuante, sidérica, anestésica e fascinante passeia-nos pela intimidade de uma etérea envolvência nocturna, onde chamejantes fornalhas estelares incendeiam e farolizam os céus matizados de um espesso e aveludado negrume. Reconfortados, enternecidos e maravilhados pela doce letargia exalada por todos os poros de ‘Night Lands’, somos canalizados e desaguados nas praias de um resplandecente transe espiritual climatizado e aromatizado por um narcotizante baixo de fluidez Krauty que deambula à boleia de linhas murmurantes, meditativas, hipnóticas e oscilantes, duas guitarras exploratórias que se perdem e encontram por entre maviosos, ácidos e sinuosos solos, um fantástico sintetizador que nos inunda de magia estelar, e uma requintada bateria de sensibilidade jazzística que tiquetaqueia toda esta evolutiva digressão astral com o seu toque polido, luminoso, vagaroso e cuidado. Este é um álbum tecido a um misticismo sideral que nos banha e bronzeia de uma edénica lisergia. Deixem-se embevecer, dominar e vogar pela ataráxica e pacifica ondulação de Dead Sea Apes, e vivenciem com inteira devoção e fascinação todo o purificante, diamantino e ofuscante esplendor de um álbum verdadeiramente encantador.

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 Cardinal Fuzz

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