sábado, 18 de janeiro de 2020

Review: ⚡ RYTE - 'RYTE' (2020) ⚡

Renascidos das cinzas dos saudosos Pastor, os recém-formados druídas austríacos RYTE – sediados na cidade-capital de Viena – acabam de lançar o seu muitíssimo aguardado álbum de estreia. De designação homónima e devidamente promovido pelo imparável selo discográfico romano Heavy Psych Sounds sob a forma física de CD e vinil, ‘RYTE’ vem governado e inflamado por um electrizante, psicotrópico, misantrópico e alucinante Heavy Psych, um serpenteante, melódico, exótico e hipnotizante Heavy Prog e ainda um tirânico, tenebroso, vigoroso e messiânico Proto-Metal de ressonância Black Sabbath’ica. A sua sonoridade tremendamente galvanizadora e impactante – destilada de um épico confronto entre os consagrados californianos Earthless, Mammatus e Ancestors – ostenta elaboradas, ostentosas e inspiradas composições onde envolventes e evolutivos bailados instrumentais se agigantam e desaguam em crescendos estonteantes, sónicos e triunfantes que culminam numa explosiva e catártica euforia capaz de nos fazer rasgar as vestes da lucidez. Na génese desta perfeita e apoteótica simbiose instrumental estão duas guitarras gémeas que se avultam e empoderam na assunção e condução de majestosos, fumegantes, intrigantes e trevosos Riffs, e se entrelaçam e multiplicam em estonteantes, ciclónicos, homéricos e excitantes solos, um pesado, magnético e sombreado baixo de bafagem tensa, densa e reverberante, uma incrível bateria de apurada sensibilidade jazzística que tiquetaqueia, pauta e esporeia com um toque cintilante, fogoso, acrobático e retumbante, e ainda uns vocais ácidos, ásperos, ferrugentos e diabrinos que assombram toda a revoltosa atmosfera de ‘RYTE’. De destacar e elogiar ainda o fabuloso artwork de créditos apontados à artista gráfica Sandra Havik (aka Cosmik Havik) que ilustrara com irrepreensível exactidão toda a mística, fervilhante, alucinógena e enérgica ferocidade fumegada pelo quarteto austríaco. Este é um álbum integralmente pensado e executado à minha imagem, que ultrapassara largamente as minhas elevadas expectativas a ele previamente dedicadas. ‘RYTE’ é um registo locomovido a uma tremenda ferocidade que nos sacode e implode num intenso turbilhão de adrenalina via auditiva. Deixem-se agredir e engolir por toda esta titânica, raivosa e monolítica avalanche repleta de endorfinas e sintam-se entrar numa vibrante erupção que vos arremessará na vertiginosa direcção do infindável Cosmos. Na ressaca da sua arrebatadora e redentora audição, tudo em mim grita que não será nada fácil afastar este imponente registo do primeiro lugar do pódio referente aos melhores álbuns nascidos em 2020. Uma consumada obra-prima aos meus ouvidos sedentos de poder experienciar algo assim.

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