sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Review: ⚡ Lowrider - ‘Refractions’ (2020) ⚡

Com apenas um álbum e dois EP’s gravados e lançados na já longínqua e derradeira viragem para o presente século XXI, os popularmente consagrados Lowrider conquistaram e cimentaram um invejável estatuto de banda lendária por entre a crescente comunidade integrante do movimento vulgarmente apelidado de Stoner Rock. E se nem um extenso jejum de duas décadas longe dos estúdios de gravação estremecera e enfraquecera essa prestigiante posição ostentada pela formação sueca, o surpreendente anúncio de um novo álbum fizera com que os corações de todos aqueles que a elevam a divindade se agitassem e retumbassem de entusiasmada expectativa. ‘Refractions’ é o título deste tão suspirado e exultado regresso de Lowrider aos trabalhos discográficos que a emergente editora Blues Funeral Recordings tratara hoje mesmo de promover nos formatos físicos de CD e vinil. E se na realidade são vinte anos que separam o histórico e apoteótico álbum de estreia ‘Ode To Io’ (MeteorCity, 2000) deste seu tão celebrado sucessor, ‘Refractions’ vem atestado do mesmo combustível que propulsionara e glorificara os Lowrider no seu meteórico começo de carreira, criando – assim – no nosso imaginário, toda uma ludibriante noção de estreitamento temporal que desarticula os nascimentos destes dois registos. Sustentada e norteada por um musculoso, vibrante, trovejante e rumoroso Heavy Rock de carregados e sombreados rugidos Doom’escos que se alia a um ensolarado, inflamante, provocante e harmonizado Desert Rock à boa moda dos 90’s, a bronzeada, vulcânica e saturada sonoridade de ‘Refractions’ sacode-nos, cega-nos e remete-nos para as infindáveis, apreciáveis e poeirentas estradas de um calejado e fervilhante deserto à alucinante e purificante boleia de um furioso, potente e ruidoso Muscle Car que – deixando na sua retaguarda toda uma densa e extensa bruma de poeira – progride a galopante e atordoante velocidade na vertiginosa direcção de um bocejante, corado e inebriante Sol de estação crepuscular que se debruça e desmaia no chamejante, desfocado e ofuscante firmamento. Na génese desta monstruosa combustão estão duas titânicas guitarras motorizadas, capitaneadas a monolíticos, abrasados, fibrosos e graníticos Riffs espinhados pelo corrosivo efeito Fuzz, e ziguezagueantes, gritantes, delirados e uivantes solos de elevada toxicidade, um imponente baixo de bafejantes, pesadas, sombrias, encorpadas e ressonantes descargas, uma forte e galopante bateria esporeada e apimentada a uma intensa explosividade rítmica, um aromático, carismático e majestoso Hammond que dá cobertura melódica a um dos temas integrantes, e ainda uma voz mélica, incandescente e sidérica transpirada e despontada das entranhas deste feroz vulcão em constante erupção. De destacar ainda pela positiva o fabuloso artwork brilhantemente ilustrado pelo talentoso e criativo artista germânico Max Löffler que confere assim rosto a uma das obras mais ansiadas dos últimos anos. ‘Refractions’ é um irresistível álbum de contornos epopeicos, do tamanho e simetria das grandiosas expectativas a ele previamente dedicadas, que não só conquistará todos os seus ouvintes, como estará seguramente espelhado por entre os melhores álbuns confeccionados em 2020.

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