quinta-feira, 26 de março de 2020

Review: ⚡ Heavy Trip - 'Heavy Trip' (2020) ⚡

Da cidade canadiana de Vancouver chega-nos a gloriosa estreia do excitante power-trio Heavy Trip. Envergando a designação homónima e tendo o seu lançamento oficial mapeado para o próximo dia 28 do presente mês de Março (sábado) sob a forma física de vinil e digital, este sensacional álbum conjuga a afrodisíaca extravagância de Jimi Hendrix com a altiva obscuridade de Black Sabbath. Lavrado por um provocante, fogoso, revoltoso e delirante Heavy Psych de elevada toxicidade que se esperneia e enlameia num pantanoso, intrigante, luciférico e poderoso Proto-Doom de essência ritualística, ‘Heavy Trip’ é gravitado e capitaneado por magnetizantes, ácidas, esponjosas e impactantes jams – de natureza exclusivamente instrumental – que facilmente nos abafam a lucidez e inundam de uma febril e euforizante embriaguez. Totalmente absorvidos nesta chamejante, profunda e fumegante efervescência sonora, somos embalados pelo berrante exotismo de uma guitarra faraónica que se manifesta em riffs tenebrosos, soberanos, massivos e vigorosos de onde desabrocham borbulhantes, desvairados, turbinados e atordoantes solos, pelo pesado rugido de um baixo imponente que canaliza toda a sua trovejante reverberação em linhas possantes, hipnóticas e navegantes, e pela enérgica galopada irrepreensivelmente esporeada por uma rumorosa bateria de desembaraçada, acrobática e apressada ritmicidade conduzida a pura adrenalina. São estes os três ingredientes que quando fundidos resultam numa emocionante e aparatosa explosão de endorfinas. De espalhar ainda elogiosas palavras pelo prodigioso artwork de créditos facilmente apontados ao já consagrado ilustrador californiano Alan Forbes que traduzira para o universo visual tudo aquilo que a xamânica e psicotrópica musicalidade de Heavy Trip edifica no imaginário do ouvinte. Este é um álbum verdadeiramente piramidal. Um disco cabalmente oxigenado e saturado por uma catártica aura que nos estremece e sobreaquece a alma, fazendo-a entrar numa bombástica erupção de puro prazer. Confesso que ‘Heavy Trip’ era um dos registos por mim mais ansiados do ano, portanto a expectativa a ele previamente dedicada era mastodôntica. Mas não só o mesmo entupira essa mesma espaçosa esperança, como lhe rasgara e trespassara as suas costuras fronteiriças, forçando-me a vivenciá-lo de semblante boquiaberto e coração cavalgado a alta rotação do primeiro ao derradeiro tema. São 36 minutos de uma impetuosa ardência que nos sacode e implode de um incontido entusiasmo. Deixem-se impulsionar e fulminar à enlouquecedora e libertadora boleia de Heavy Trip, e experienciem toda a dominante opulência de um dos mais sérios e acreditados candidatos ao tão ambicionado título de álbum do ano.

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