quinta-feira, 11 de junho de 2020

Review: ⚡ Kryptograf - 'Kryptograf' (2020) ⚡

Proveniente da histórica cidade de Bjørgvin (a segunda maior da Noruega) chega-nos a demoníaca bafagem exalada por uma das estreias mais ansiadas do ano. ‘Kryptograf’ é o primeiro álbum, de denominação homónima, forjado por este auspicioso quarteto nórdico, que será amanhã – dia 12 de Junho – integralmente revelado pela mão do selo discográfico local Apollon Records através do formato digital e nos formatos físicos de CD e vinil (este último bifurcado em duas edições de prensagem ultra-limitada a apenas 250 cópias cada). Herdeiros do santificado legado deixado por vultosas referências como Black Sabbath, Pentagram e Witchfinder General, bem como parentes próximos de consagradas bandas contemporâneas como Witchcraft, Graveyard e Dunbarrow, estes quatro jovens vikings fazem do enigmático, tenebroso, ostentoso e tirânico Proto-Metal de adoração pagã a sua estrela orientadora. Resvalando ainda num intrigante, melódico, fantasmagórico e enfeitiçante Occult Rock a fazer recordar Uncle Acid & the Deadbeats, e num envolvente, experimental, espiritual e apaziguante Prog Rock de influência Eloy’esca, tingido a nebuloso psicadelismo, tricotado a um melancólico Folk de beleza outonal, e de olhar içado nas profundezas da obscuridade astral, este primeiro passo discográfico dado pelos Kryptograf baloiça entre um triunfante ritual de reverência ocultista e uma aventurosa exploração pela infindável vacuidade cósmica. Convertidos, capturados e dirigidos pela misticidade obscurantista superiormente filosofada pelos noruegueses de instrumentos profanados pelo lado eclipsado da religiosidade, somos dissolvidos numa brumosa efervescência sensorial e seguidamente embalados numa poderosa narcose de sedação mental. Na génese desta embruxada liturgia e profecia estelar estão duas guitarras luciféricas de Riffs esotéricos, fumarentos, bolorentos e decrépitos, serpenteados por solos esvoaçantes, ácidos, erosivos e penetrantes, um baixo massivo de linhas carregadas, tétricas, magnéticas e sombreadas, uma bateria dominante de explosiva, acrobática, enfática e altiva ritmicidade, e ainda uma voz Ozzy’esca de tez avinagrada, diabrina e vampiresca – ocasionalmente diligenciada por um luminoso, espectral e populoso coro vocal, transversal a todos os restantes membros – que lidera com inegável carisma todo este sinistro culto de louvores arremessados ao paganismo. São 35 minutos envoltos numa misteriosa, secreta e lutuosa eucaristia capaz de nos arrepiar a pele, dilatar as pupilas e descorar a alma. Hasteiem os vossos corações ao alto e comunguem com imperturbável fascinação e transbordante devoção a ímpia e cega negrura farolizada por Kryptograf. Não será fácil escapar deste trevoso sarcófago que nos mumificara do primeiro ao derradeiro tema.

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