quarta-feira, 17 de junho de 2020

Review: ⚡ Magick Brother & Mystic Sister - 'S/T' (2020) ⚡

Com a sua designação espelhada e vertida do carismático álbum de estreia produzido pelos clássicos franceses Gong que fora revelado no último suspiro da década de 1960, os espanhóis Magick Brother & Mystic Sister – domiciliados na cidade de Barcelona – acabam de apresentar o seu primeiro e fabuloso álbum de denominação homónima que fora recentemente lançado nos formatos físicos de CD e vinil (ambos de disponibilidade ultra-limitada) e devidamente promovido pela mão da parceria discográfica multinacional que coliga a editora espanhola The John Colby Sect à grega Sound Effect Records. Polinizada por um deslumbrante, edénico, místico e radiante Psychedelic Rock de paladar Pink Floyd’eano e um charmoso, pérsico, profético e ostentoso Progressive Rock de sotaque Canterbury’eano e influências trazidas dos britânicos Caravan, a mágica, opalescente e quimérica sonoridade de Magick Brother & Mystic Sister’ é abraçada, embrumada e canonizada por uma apaixonante atmosfera onírica que prontamente remete o ouvinte para a narrativa trovadora de uma absorvente fábula escrita a requinte e romantismo. Emoldurado por majestosos adornos de polimento jazzístico, sobrevoado por um contemplativo Psychedelic Folk de estética pastoral, lenitiva e medieval, e ainda colorido por discretos e efémeros vestígios de um animado, quente e ritmado Funk de aroma tropical, esta imaculada estreia do quarteto catalão provocara em mim a plena pacificação dos sentidos e a catártica deserção da alma pela seráfica, sagrada e caleidoscópica luminescência que o mesmo faroliza. Na génese de toda esta secreção deliciosa que nos banha e massaja as zonas mais erógenas do cérebro, desobstruindo as artérias espirituais que nos canalizam e confluem nas paradisíacas praias ensolaradas pelo transe religioso, está uma serpenteante, sedutora e refrescante flauta transversal de extravagância e fragância Jethro Tull’esca, um enigmático, enfeitiçante e majestático sintetizador disseminador de uma alquimia ritualista e ocultista, uma guitarra magistral de acordes tricotados a delicadeza, sublimidade e destreza, um baixo murmurante de linhas ondulantes, fluídas e errantes, um afrodisíaco teclado de notas harmoniosas, saltitantes, dançantes e faustosas, uma bateria elegante, tribalista e cintilante de timbalões acrobáticos e pratos tintilantes, e uns vocais sirénicos de tez translúcida, diamantina, gentil e aveludada que flutuam pelas tantalizantes, utópicas e embriagantes epopeias de beleza intocada. De desdobrar ainda os louvores ao endeusado artwork de créditos apontados ao já afamado artista brasileiro Pena Branca que com fiel precisão traduzira para o universo visual toda a ataráxica luzência de clima primaveril e essência revivalista que a libertadora musicalidade – superiormente orquestrada por estes quatro discípulos dos dourados 60’s – de Magick Brother & Mystic Sister’ filosofa. Inalem a ensolarada e apaladada fragância sonora desta obra irretocável e reconfortem-se num balsâmico e ataráxico oásis sensorial sob o feitiço de um dos álbuns mais esplendorosos e sumptuosos do ano.

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