terça-feira, 9 de junho de 2020

Review: ⚡ Rose City Band - 'Summerlong' (2020) ⚡

É ainda de lucidez sonegada, sentidos aturdidos e alma massajada pela ataraxia que vos escrevo estas apaixonadas palavras dedicadas ao segundo e novo álbum a solo (ainda que o mesmo conte com John Jeffrey de baquetas empunhadas ao serviço da bateria) do talentoso multi-instrumentista americano Ripley Johnson (Wooden Shjips e Moon Duo). Oficialmente lançado no passado mês de Maio sob a forma digital através da sua página de Bandcamp oficial e com o lançamento dos formatos físicos de vinil e CD agendado para meados de Julho pela mão da produtiva discográfica nova-iorquina Thrill Jockey, este ‘Summerlong’ presenteia e prazenteia o ouvinte com um frutado, saboroso e adocicado cocktail sonoro de onde espontaneamente se reconhece e apalada um solarengo, veraneio, sumarento e deslumbrante Psychedelic Rock de clima West Coast, roupagem vintage e bússola apontada a clássicas referências do género como Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival e Relatively Clean Rivers, um bucólico, envolvente, eloquente e melancólico Folk de desarmante maviosidade, um magnetizante, imersivo, meditativo e dançante Krautrock de cadências repetitivas, e ainda um arejado, desértico, profético e embriagado Country Rock de carismática ambiência Western. Todos estes ingredientes mexidos e combinados resultam num viciante néctar musical de fácil digestão e pronta fascinação. A sua sonoridade verdadeiramente relaxante, bem-disposta, agradável e contagiante passeia-se livremente pelas verdejantes, floreadas, aromatizadas e refrescantes planícies que se esperneiam na direcção de um bocejante Sol de radiância crepuscular. Reconfortados, bronzeados e embriagados pela edénica beatitude resplandecida por uma guitarra divinal que se manifesta em acordes enternecedores, delicados, arrebatados e sonhadores de onde desabrocham e se serpenteiam solos purificantes, ácidos, letárgicos e ecoantes, pela enfeitiçante ritmicidade firmemente tiquetaqueada por uma bateria minimalista de galope absorvente, pela magia empoeirada, disseminada e farolizada por um fantástico sintetizador de experimentais efeitos celestiais, pelos arrepiantes, etéreos, eróticos e apaixonantes arranjos uivados por um poético pedal Steel, pela reverberação flutuante um atraente baixo embalado a linhas murmurantes, sombreadas, fluidas e ondeantes, e pela ternurenta lubricidade destilada de uma voz açucarada, suavizante, afagante e aveludada, somos canalizados pelas nirvânicas artérias de ‘Summerlong’ e desaguados nas idílicas praias ofuscadas pelo transe espiritual. De estender ainda a dissertação elogiosa ao sublime artwork de créditos apontados ao habilidoso ilustrador texano Jaime Zuverza que emoldura na perfeição toda esta paradisíaca obra de Rose City Band. Este é um álbum integralmente oxigenado, nutrido e condimentado a um anestésico deslumbramento e uma arrebatadora melosidade de consumo impróprio para diabéticos. Eis a banda-sonora perfeita para o Verão que se avizinha. Deixem-se polinizar pela comovente musicalidade irrepreensivelmente tricotada e norteada por Ripley Johnson, e embarcar num dos mais feéricos sonhos acordados das vossas vidas.

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