sábado, 13 de junho de 2020

Review: ⚡ Tia Carrera - 'Tried and True' (2020) ⚡

Os radicais Tia Carrera estão de regresso com um renovado capítulo das suas electrizantes, inesgotáveis, adoráveis e provocantes Jams puramente instrumentais. Intitulado de ‘Tried and True’ e recentemente lançado sob a forma física de CD e vinil através da histórica discográfica norte-americana Small Stone Records, este novo álbum produzido pelo enérgico power-trio sediado na cidade de Austin (Texas, EUA) vem chamejado por um inflamante, delirado, embrumado e narcotizante Heavy Psych de essência skater que alterna entre a absorvente lisergia e a efervescente euforia. A sua sonoridade de orientação imersiva, sónica, caleidoscópica e intuitiva tem a capacidade de nos envolver, revolver e atordoar de uma contida adrenalina que nos sobreaquece, alcooliza e enlouquece do primeiro ao derradeiro minuto. Uma atraente, empolgante e desenfreada galopada de esporas afiadas e à rédea solta à vertiginosa boleia de uma epopeica guitarra de sotaque Jimi Hendrix’eano – revestida e encrostada pelo escaldante, rugoso e intoxicante efeito Fuzz – que vomita todo um ciclónico vendaval de selváticos, ácidos, alucinados e orgásmicos solos em debandada, um baixo de bafo fibroso, ardente e rumoroso – locomovido a linhas magnetizantes, densas, tensas e ondulantes – que nunca perde de vista o Riff base, e uma polvorosa bateria a trote de uma ritmicidade retumbante, explosiva, ostensiva e contagiante que tiquetaqueia toda esta vistosa detonação de transbordante, berrante e ofuscante psicadelismo. De espalhar ainda elogiosas palavras pelo chamativo artwork, soberbamente detalhado, colorido e arquitectado, que aponta os seus créditos autorais ao talentoso ilustrador germânico Alexander von Weding. Este ‘Tried and True’ é um esverdeado, viscoso, musguento e nublado lodaçal de psicotrópica letargia que nos embacia a lucidez e atesta de uma febril embriaguez. Embalados na arrebatadora tontura provocada pelos expressivos, simbióticos e convincentes diálogos entre os três instrumentos padrão, somos desenraizados da gravidade consciencial e violentamente dissipados pela mística vacuidade astral. Deixem-se estontear, prender e maravilhar pelo exotismo diluviano de Tia Carrera, e vivenciem com plena entrega e sedução mais uma fantástica odisseia canalizada pelo interminável universo das suas venenosas, excêntricas e gloriosas Jams de fumarenta toxicidade.

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