quinta-feira, 9 de julho de 2020

Review: ⚡ Acid Moon and the Pregnant Sun - 'Speakin' of the Devil' (2020) ⚡

Da histórica e devota cidade de Tel Aviv (Israel) chega-nos o novíssimo álbum de estreia produzido pelo talentoso colectivo Acid Moon and the Pregnant Sun, um projecto formado em 2015 e que reúne diversos músicos locais. Designado de ‘Speakin' of the Devil’ e oficialmente lançado hoje mesmo pela mão do influente selo discográfico local Reality Rehab Records através do exclusivo formato digital, este primeiro, mas ousado e caprichado, passo discográfico desta muito promissora formação israelita, vem nutrido por um carismático, agradável e radiofónico Classic Rock de aroma revivalista, matizado por um ensolarado, caleidoscópico e perfumado Psychedelic Rock de textura sessentista e ainda massajado por um contemplativo, lírico e lenitivo Folk Rock de mãos dadas a um cativante, jovial e dançante Alternative Country que em estética e simbiótica parceria conferem toda uma aura edénica, profética e pastoral à apaixonante ambiência que climatiza e eteriza todo o corpo temporal desta inspirada obra. Destilada deste emaranhado novelo – estilo musical comummente apelidado de Americana - onde coabitam e dialogam entre si todos os géneros acima referidos e retratados, a envolvente, sedutora e eloquente sonoridade de ‘Speakin' of the Devil’ traz-nos todo um inefável paladar à mais purificante, extasiante e catártica liberdade espiritual. Uma transformadora passeata pelas rugosas, idosas e poeirentas estradas do velho-oeste americano de punhos firmemente cerrados no volante de um velho e vistoso Cadillac, sorriso genuíno esboçado e eternizado no rosto, olhar embriagado e cravado no desfocado horizonte fervilhado pelo corado Sol poente, e de esvoaçantes cabelos entrelaçados na refrescante brisa suspirada pelo deserto crepuscular. Toda uma ataráxica absorção sensorial e espiritual que em nós cultiva um profundo estádio de compenetrada e viajada introspecção. São 43 minutos integralmente farolizados e banhados a uma nirvânica luminância que nos bronzeia, deleita e esperneia sem a mais pequena réstia de inibição. Deixem-se embalar neste sonho acordado – superiormente capitaneado pelos Acid Moon and the Pregnant Sun – à mística boleia de uma liderante voz de feição verdadeiramente garbosa, simpática, melódica e melosa, duas fabulosas guitarras Grateful Dead’eanas que se manifestam em fascinantes, paradisíacos e comoventes acordes, e enlouquecem na emancipação de ostentosos, ácidos e cheirosos solos, um baixo bocejante de reverberação relaxante, sombreada, fluída e ondeante, um harmonioso teclado de refrescantes, airosos, lustrosos e deslumbrantes bailados, e uma bateria lasciva que – na companhia de uma percussão tropical, exótica e tribalista, e a galope de uma ritmicidade luminosa, delicada e despretensiosa – tiquetaqueia e trauteia com apurada graciosidade toda esta edénica digressão pelos arborizados trilhos do reino da esperança, bonança e alegria. De arremessar ainda elogiosas palavras ao enigmático e ritualístico artwork que deve a sua distinta existência à já célebre espanhola Branca Studio. Este é um álbum coroado a uma devocional beatitude de clima veraneio que me cortejara e embriagara do primeiro ao derradeiro tema. Deixem-se glorificar, embevecer e empoderar pela terapêutica musicalidade de Acid Moon and the Pregnant Sun e testemunhem na primeira pessoa todo o mágico, ofuscante e prismático esplendor de um dos mais maviosos e deliciosos álbuns nascidos em 2020.

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