quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Review: ⚡ Ellis / Munk Ensemble: 'San Diego Sessions' (2020) ⚡

Depois de uma travessia transatlântica com origem na Dinamarca e destino na idiossincrática cidade de San Diego (Califórnia, EUA) – a consumada Shangri-La do Heavy Psychedelic Rock – o conceituado músico nórdico Jonas Munk (Causa Sui) decidira liderar e timonar na honrosa companhia do influente Brian Ellis (Astra) toda uma populosa tripulação de consagrados músicos locais, provenientes de renomadas bandas como Radio Moscow, Sacri Monti, Monarch, Psicomagia, Astra e Ocelot, numa auspiciosa mas gloriosa odisseia musical. De âncora recolhida, velas içadas e bússolas apontadas a um aventuroso, eloquente, irreverente e engenhoso Avant-Garde Jazz envolvido e revolvido num criativo, dançante, contagiante e expressivo Progressive Rock regados a um sumarento psicadelismo Woodstock’eano e a um exótico experimentalismo sem fronteiras que o espartilhem, ‘San Diego Sessions’ representa uma carnavalesca conferência brilhantemente musicada por talentosos músicos de almas aparentadas que me dilatara as pupilas, salivara os ouvidos e enfeitiçara a alma do primeiro ao derradeiro minuto. Desdobrado em estéticas, intuitivas e proféticas Jams bronzeadas pelo Sol californiano e borrifadas pela brisa oceânica que pendulam entre a absorvente lisergia e a ardente euforia, ‘San Diego Sessions’ conserva – apesar da sua formação rotativa em cada um dos temas – uma reinante cumplicidade inata e transversal a todos os artistas que o esculpem e coloram. Na génese deste paradisíaco bacanal de magnetizantes diálogos instrumentais está uma messiânica guitarra Hendrix’eana de solos uivantes, espirais e esvoaçantes, um baixo bafejante de linhas vagueantes, hipnóticas e murmurantes, um carismático órgão de frescas melodias fabulares, cósmicos sintetizadores que auscultam os domínios alienígenas, e uma polvorosa bateria – que aliada a uma percussão tribalista – se manifesta em estonteantes acrobacias circenses. É-me ainda essencial elogiar o vistoso artwork – soberbamente desenhado pelo inconfundível traço de Alan Forbes – que conta com a inclusão de indiscretas alusões ao muito prestigioso ilustrador californiano Rick Griffin, um dos mais relevantes artistas responsáveis pela transposição para o universo visual de todo o psicadelismo musicado e borbulhado nos vivificantes anos 60. Degustem sem moderação este espirituoso cocktail de aroma tropical e vivenciem toda a onírica alquimia vaporizada por este fantástico colectivo de instrumentos revestidos a um dourado revivalismo. ‘San Diego Sessions’ será oficialmente lançado amanhã sob a forma física de CD e vinil através da insuspeita El Paraiso Records, e encerra legítimas aspirações de firmar uma posição de grande destaque por entre os melhores álbuns lançados este ano. Um disco que se vislumbra do tamanho das minhas expectativas a ele previamente apontadas. Prazenteiem-se neste rico banquete que vos saciará todos os sentidos, e embarquem num empolgante safari pela inesgotável liberdade criativa desta belíssima cidade à beira-mar plantada.

Links:
 El Paraiso Records

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