quarta-feira, 30 de setembro de 2020
terça-feira, 29 de setembro de 2020
Review: ⚡ La Maschera di Cera - 'S.E.I.' (2020) ⚡
Proveniente da cidade
portuária de Génova (situada no norte de Itália) chega-nos o profético
misticismo superiormente musicado pelo talentoso e espirituoso tridente La
Maschera Di Cera com o lançamento do seu novo álbum apelidado de ‘S.E.I.’
(acrónimo de Separazione / Egolatria / Inganno) sob a forma digital
através da sua página de Bandcamp oficial e ainda nos formatos físicos
de CD e vinil pela mão da sua compatriota AMS Records. Descendentes de
um carismático legado principiado e perpetuado por nobres referências locais tais como Premiata Forneria Marconi, Il Balletto di Bronzo, Nuova Idea e Museo
Rosenbach, esta maturada e fascinante formação itálica faz de um
extravagante, burlesco, principesco e apaixonante Progressive Rock de semente
setentista a sua estrela orientadora. Arejada ainda por uma requintada
fragância Jazzística de sotaque Canterbury’eano
e ensolarada por um contemplativo Folk de estética pastoril e clima
primaveril, a magistral, sonhadora, inspiradora e cerebral sonoridade de ‘S.E.I.’
passeia-se simbiótica e luxuriosamente por aventurosas, complexas,
enfeitiçantes e ambiciosas composições envernizadas a uma beleza fabular e
desdobradas com base numa versatilidade lapidar. São 45 minutos atestados de
uma instigante, enigmática, dramática e triunfante epopeia – segmentada por
três espaçosas e formosas melodias de adornos e contornos seráficos – que me
intrigara, comovera e cegara com a sua lustrosa opulência. Na génese de toda
esta imaginativa obra-prima está uma voz aristocrática, aveludada e simétrica
de entoação fortemente realçada, um hipnótico baixo de reverberação canalizada
em linhas flutuantes, pitorescas e pulsantes, uma circense bateria maquinada a precisas,
impactantes e inventivas acrobacias, um envolvente teclado de notas
saltitantes, frescas e deslumbrantes, um uivante saxofone de sopros enfáticos,
exóticos e melodramáticos, uma serpenteante flauta de pérsicos, esfíngicos e
romanescos bailados, e ainda um cósmico e sinfónico mellotron de empolados mugidos
melancólicos. Percam-se e encontrem-se pelos meandros desta épica, esdrúxula e quimérica
sinfonia irrepreensivelmente lavrada por La Maschera Di Cera, e
vivenciem a gloriosa, pomposa e sofisticada renascença do saudoso Prog Rock
amassado, enfarinhado e condimentado à boa e singular moda italiana. ‘S.E.I.’
é um imponente registo de sublimidade consumada que está irremediavelmente fadado
a firmar-se num invejado lugar de destaque por entre os melhores álbuns nascidos em 2020.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ AMS Records
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
domingo, 27 de setembro de 2020
Review: ⚡ Rollin' Dice - 'Reroll' (2020) ⚡
Da histórica cidade-capital
de Atenas (Grécia) chega-nos o novo e segundo álbum do fantástico
tridente Rollin' Dice. Denominado de ‘Reroll’ e acabado de
ser integralmente lançado sob a forma digital através da sua página de Bandcamp
oficial, bem como numa estética e muito apelativa edição física em CD, este
majestoso registo conserva toda uma carismática aura vintage – fielmente
resgatada ao território setentista – de onde facilmente se identifica e apalada
um musculado, oleoso, fogoso e aprumado Heavy Rock em erótica harmonia
com um dançante, entusiástico, afrodisíaco e contagiante Blues Rock. A
sua musicalidade aromatizada e chamejada a inesgotáveis vistosidade, simetria e
sensualidade é desdobrada e ostentada ao longo de 38 minutos que sacodem e revolvem
o ouvinte numa eufórica comoção experienciada sem a mais pequena réstia de
inibição. De olhar apaixonado e semicerrado, sorriso perpetuado no rosto,
cabeça baloiçada de ombro a ombro, e espírito seduzido e intensamente arrebatado,
somos perseguidos e facilmente capturados pela provocante e incessante sedução
de Rollin’ Dice. Cravem os dentes no lábio inferior e revirem os olhos
de encontro ao território eclipsado que se esconde por detrás das pálpebras à
boleia de uma guitarra maravilhosa de pronúncia Led Zeppelin’esca
que se envaidece na ascensão de luxuosos, excitantes e imperiosos Riffs fervidos e eletrocutados em efeito Fuzz, e na virtuosa condução de trepidantes, excêntricos e ziguezagueantes
solos, um fibroso baixo de linhas desenhadas e bafejadas a densa, tensa e
ondulante reverberação, uma bateria explosiva de ritmicidade galopante,
entusiasmante e altiva, e uma liderante voz de feição ácida, melódica e
intrigante que capitaneia com imponente extravagância toda a opulência reflectida
por um álbum emoldurado a contornos épicos. De destacar ainda o esplêndido artwork
– de créditos apontados ao ilustrador helénico Jon Toussas (aka Graphicno Jutsu) e influência trazida do renomado e extraordinário artista checo Alphonse Mucha
– que confere ao disco uma sublimada ambiência de cariz fabular. ‘Reroll’
é um álbum imensamente apaixonante que me fascinara e empolgara do primeiro ao
derradeiro tema. Deixem-se enfeitiçar e derrotar pela sua distinta classe, e
vivenciem com inteira submissão e intratável devoção uma das mais singulares
surpresas sonoras do ano.
sábado, 26 de setembro de 2020
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Review: ⚡ SpellBook - 'Magick & Mischief' (2020) ⚡
De York – cidade
localizada no estado norte-americano da Pensilvânia – chega-nos a feitiçaria
negra destilada pelo dinâmico e tirânico quarteto SpellBook com o lançamento do seu
novo álbum intitulado de ‘Magick & Mischief’ e devidamente
promovido sob o signo do influente selo discográfico romano Cruz Del Sur
Music através dos formatos físicos de CD e vinil. Assombrada por um intrigante,
combativo, altivo e atemorizante Proto-Metal de massivas ressonâncias Black
Sabbath’icas e aliado a um imperioso, principesco, titânico e ostentoso
Classic Rock de tração setentista, a expressiva, invasiva e
gloriosa sonoridade destes quatro cavaleiros do apocalipse é orientada por
clássicas influências trazidas dos dourados anos 70 como Thin Lizzy, Scorpions,
Judas Priest, Blue Öyster Cult, KISS e Deep Purple.
Num admirável, adorável e impactante equilíbrio entre destravadas, fogosas e
portentosas galopadas locomovidas a esporas sangrentas e rédeas soltas, e melódicas,
vampíricas, funestas e melancólicas baladas de beleza nocturna, SpellBook
opera toda uma demoníaca liturgia de veneradas orações apontadas ao lado
eclipsado e obsceno da religiosidade. De olhar embaciado, semblante empalidecido,
respiração aprisionada e espírito integralmente siderado, somos envolvidos e
revolvidos nesta ocultista cerimónia de ‘Magick & Mischief’ sob
o enigmático e influente feitiço de uma guitarra draconiana que se manifesta em
Riffs dominantes, trevosos, majestosos e hipnotizantes de onde se
serpenteiam e alardeiam faustosos, rebuscados, inspirados e virtuosos solos, um
possante baixo de brumosos, densos, tensos e fibrosos bafejos, uma reinante bateria
de pratos explosivos e timbalões retumbantes, uma profética, luciférica, decrépita
e avinagrada voz de tonalidade Ozzy’esca, e – ainda que
num plano secundário no que à predominância diz respeito – um dramático teclado
de notas lutuosas e profanas, e uma revitalizante harmónica de arejados e extravagantes
sopros. Deixem-se atropelar e empoeirar pelo obscuro misticismo de SpellBook
e dissolvam-se neste fervilhante, ácido e borbulhante caldeirão inundado e
condimentado a pecaminosa perversidade. Não vai ser nada fácil quebrar este
bruxedo e despertar de um álbum que seguramente estará perfilado por entre os
melhores registos do ano.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
terça-feira, 22 de setembro de 2020
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
Review: ⚡ Melody Fields - 'Broken Horse' EP (2020) ⚡
Da cidade de Gotemburgo
(Suécia) – domicílio de célebres bandas como Horisont, Hills
e Yuri Gagarin – chega-nos a apaladada brisa nórdica sublimemente
suspirada pelo apaixonante sexteto Melody Fields, com a exposição do seu
novíssimo EP intitulado de ‘Broken Horse’ e lançado nos formatos físicos
de CD (pela mão da discográfica grega Sound Effect Records) e vinil (através do jovem selo sueco Coop Records Gotland). Farolizada por um deslumbrante, caleidoscópico e radiante
Psychedelic Rock, um lenitivo, repetitivo e enfeitiçante Krautrock,
e ainda um bucólico, alucinógeno e melancólico Acid Rock, a lisérgica,
meditativa e profética sonoridade de ‘Broken Horse’ é
condimentada a especiarias orientais e revestida a um misticismo de atmosfera vintage
que me fizera escorregar pelas labirínticas profundezas do universo onírico, e
sobrevoar os corados céus da velha Pérsia montado num tapete mágico. Com claras
influências estilísticas apontadas aos seus velhos e consagrados compatriotas Träd,
Gräs och Stenar, este colectivo escandinavo transuda inebriantes ressonâncias
xamânicas que nos prazenteiam o espírito, adormecem a lucidez e balanceiam o
corpo como que uma serpente Naja respondendo numa compenetrada e extravagante
dança às hipnotizantes movimentações da flauta indiana. São 19 minutos de
imersiva sedução que nos embala num imperturbável estádio de febril meditação.
Embarquem nesta sagrada digressão pelas bronzeadas e aveludadas dunas que
mareiam os desertos da alma à purificante boleia de três guitarras fabulosas que
se cruzam em acordes arenosos, imaginativos e majestosos, e descruzam em solos
uivantes, ácidos e atordoantes, uma cítara messiânica de afrodisíacos, ornamentados
e arábicos bailados, um baixo murmurante de linhas pausadas, relaxadas e
magnetizantes, uma bateria tribalista de galope envolvente, descontraído e desembaraçado,
e vocais sedosos, espectrais e luminosos que banham de brilho, delicadeza e melosidade
toda esta exótica tapeçaria. Contando ainda com um clima West Coast
que remete o ouvinte para o idílico verão californiano de Sol reluzente, céu pincelado
a azul-turquesa e uma salgada brisa oceânica, ‘Broken Horse’ é um
EP verdadeiramente ataráxico que me deixara levemente embriagado e ancorado num inamovível estádio de
pleno bem-estar. Um registo de curta duração, mas prolongada veneração, tingido
a uma estival refulgência de tonalidade crepuscular e preciosamente musicado a uma estética de ambiência fabular.
Demasiado fácil namorá-lo e em nós imortalizá-lo.
domingo, 20 de setembro de 2020
sábado, 19 de setembro de 2020
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
Review: ⚡ Fooks Nihil - 'Fooks Nihil' (2020) ⚡
Domiciliado na cidade
de Wiesbaden (Hesse, Alemanha), o jovem power-trio
germânico Fooks Nihil acaba de desabrochar uma das mais agradáveis
surpresas sonoras do presente ano. Integralmente lançado hoje mesmo nos
formatos físicos de CD e vinil pela mão da histórica editora local Unique
Records, este seu fabuloso álbum de estreia vem ensolarado, afagado e
apaladado por um deslumbrante, luminoso, cheiroso e apaziguante Psychedelic
Rock de roupagem sessentista e clima West-Coast, um reconfortante,
bucólico, caleidoscópico e extasiante Indie Rock tingido a dourado revivalismo
californiano, e ainda um ritmado, pastoril, bem-disposto e troteado Country
Rock de doce fragância primaveril. Resultante de uma bem-sucedida
intersecção que combina carismáticas influências germinadas na segunda metade
dos irreverentes 60’s tais como The Byrds, Crosby, Stills
& Nash e Neil Young, a purificante, singela e apaixonante sonoridade
de ‘Fooks Nihil’ prende uma nostálgica ambiência sublimemente
musicada que me remete para as aventurosas e inimitáveis explanações líricas de
Jack Kerouac (um dos mais influentes líderes do revolucionário movimento
literário comummente apelidado de Geração Beat, e o meu escritor de
eleição). De olhar levemente embriagado, pálpebras semi-cerradas, sorriso destapado
por entre bochechas rosadas, e cabeça detidamente entregue a um pausado movimento
pendular que a ricocheteia de ombro a ombro, somos sedados, maravilhados e levados
pelas sinuosas estradas, bronzeadas pelo chamejante Sol poente e temperadas pela
fresca brisa salgada suspirada pelo Oceano Pacífico, que percorrem toda a costa
californiana. De ouvidos salivantes, sentidos sedados e alma intensamente fascinada,
o ouvinte é diluído num sempiterno estádio de purificante nirvana que o massaja
e prazenteia do primeiro ao derradeiro tema. São 40 minutos tricotados e
adornados a uma ternura verdadeiramente paradisíaca e enternecedora. Uma diluviana
catarse que me recostara a um verdadeiro oásis sensorial e saciara um espírito ávido
por experienciar algo assim. De velas içadas ao sabor de uma guitarra sonhadora
que se manifesta em envolventes, sumptuosos e eloquentes acordes de beleza
fabular e ácidos, efervescentes e delirados solos de elevada toxicidade, um hipnótico
baixo murmurado a linhas flutuantes, graciosas e dançantes, uma primorosa bateria
esporeada a um toque brilhante, polido e pensado, um majestoso teclado de
ostentosos, intumescidos e gloriosos bailados, um uivante Pedal Steel de
arrepiantes, melosos e atordoantes arranjos, e uma voz verdadeiramente harmoniosa,
amistosa e sedutora – perseguida de perto por um espectral coro vocal – que
capitaneia toda esta maravilhosa obra, ‘Fooks Nihil’ zarpa rumo
aos melhores dos melhores álbuns nascidos em 2020. De destacar ainda o
prismático artwork cuidadosamente ilustrado pela artista Joyce
Abrahams que delineia e maquilha na perfeição o rosto desta irretocável
obra-prima. Percam-se e encontrem-se por entre a lívida luzência e deífica magnificência
que farolizam todo o corpo temporal desta imaculada estreia, e testemunhem com
inesgotável admiração a ataráxica lubricidade transpirada por estes três talentosos
jovens alemães. Um dos meus álbuns favoritos do ano está aqui. Empoeirem-se na
sua etérea e diamantina sagacidade.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Unique Records
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Review: ⚡ Hadron - 'Evil Lady' (2020) ⚡
★★★★☆
Proveniente da cidade
de Odense (localizada na Dinamarca) chega-nos a enigmática liturgia emoldurada e adornada a (ir)reverência
ocultista superiormente celebrada pelo quarteto nórdico Hadron com o
lançamento do seu novo álbum designado de ‘Evil Lady’. Apresentado
na segunda metade do passado mês de Agosto sob a exclusiva forma digital
através da sua página de Bandcamp oficial – ainda que com a garantia de
um futuro lançamento em vinil agendado para o Inverno que se avizinha – esta
nova obra forjada pela formação escandinava vem lavrada, pincelada e ensombrada por um galopante,
luciférico, dramático e magnetizante Heavy Metal de estética tradicionalista,
e um imperioso, sombreado, encorpado e lutuoso Doom Metal de revivalismo
trazido dos dourados 70’s que nos horripilam o espírito, dilatam as
pupilas, empalidecem o semblante e profanam a religiosidade. A sua perturbadora
sonoridade de feições tenebrosas, densas, tensas e pecaminosas – pesadamente bafejada
a ressonâncias Candlemass’icas – tem o dom de prontamente nos
converter em seus devotos discípulos. Na génese de todo este nebuloso, soberano,
tirano e poderoso ritual está uma vampírica voz de compleição enregelada,
penetrante, melódica e avinagrada que sobrevoa os amaldiçoados trilhos desbravados
por uma guitarra pagã de Riffs chamejantes, majestosos, gordurosos e
intrigantes, obscurece na tóxica reverberação ronronada por um sinistro baixo conduzido
a linhas possantes, pulsantes e sólidas, e cavalga às costas de uma bateria
trovejante que – a trote de uma ritmicidade altiva, precisa e inflamante – tiquetaqueia
todo este monolítico, hediondo e apocalíptico negrume numa impactante e
triunfante galopada. São 44 minutos de um imperturbável, intenso e perdurável arrebatamento que nos embalsama membros e sentidos. Deixem-se ceifar, estremecer e enfeitiçar pelo reinante
esoterismo que reveste todo este ‘Evil Lady’, e testemunhem todo o
trevoso esplendor de um álbum integralmente oxigenado a purificante obscurantismo. Não vai
ser nada fácil quebrar o feitiço de Hadron e reaver a luzência
que nos fora soprada e desbotada por estes quatro monges de alma eclipsada.
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
terça-feira, 15 de setembro de 2020
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
sábado, 12 de setembro de 2020
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Review: ⚡ Night - 'High Tides - Distant Skies' (2020) ⚡
➥ Bandcamp
➥ The Sign Records