sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Review: ⚡ Fooks Nihil - 'Fooks Nihil' (2020) ⚡


★★★

Domiciliado na cidade de Wiesbaden (Hesse, Alemanha), o jovem power-trio germânico Fooks Nihil acaba de desabrochar uma das mais agradáveis surpresas sonoras do presente ano. Integralmente lançado hoje mesmo nos formatos físicos de CD e vinil pela mão da histórica editora local Unique Records, este seu fabuloso álbum de estreia vem ensolarado, afagado e apaladado por um deslumbrante, luminoso, cheiroso e apaziguante Psychedelic Rock de roupagem sessentista e clima West-Coast, um reconfortante, bucólico, caleidoscópico e extasiante Indie Rock tingido a dourado revivalismo californiano, e ainda um ritmado, pastoril, bem-disposto e troteado Country Rock de doce fragância primaveril. Resultante de uma bem-sucedida intersecção que combina carismáticas influências germinadas na segunda metade dos irreverentes 60’s tais como The Byrds, Crosby, Stills & Nash e Neil Young, a purificante, singela e apaixonante sonoridade de ‘Fooks Nihil’ prende uma nostálgica ambiência sublimemente musicada que me remete para as aventurosas e inimitáveis explanações líricas de Jack Kerouac (um dos mais influentes líderes do revolucionário movimento literário comummente apelidado de Geração Beat, e o meu escritor de eleição). De olhar levemente embriagado, pálpebras semi-cerradas, sorriso destapado por entre bochechas rosadas, e cabeça detidamente entregue a um pausado movimento pendular que a ricocheteia de ombro a ombro, somos sedados, maravilhados e levados pelas sinuosas estradas, bronzeadas pelo chamejante Sol poente e temperadas pela fresca brisa salgada suspirada pelo Oceano Pacífico, que percorrem toda a costa californiana. De ouvidos salivantes, sentidos sedados e alma intensamente fascinada, o ouvinte é diluído num sempiterno estádio de purificante nirvana que o massaja e prazenteia do primeiro ao derradeiro tema. São 40 minutos tricotados e adornados a uma ternura verdadeiramente paradisíaca e enternecedora. Uma diluviana catarse que me recostara a um verdadeiro oásis sensorial e saciara um espírito ávido por experienciar algo assim. De velas içadas ao sabor de uma guitarra sonhadora que se manifesta em envolventes, sumptuosos e eloquentes acordes de beleza fabular e ácidos, efervescentes e delirados solos de elevada toxicidade, um hipnótico baixo murmurado a linhas flutuantes, graciosas e dançantes, uma primorosa bateria esporeada a um toque brilhante, polido e pensado, um majestoso teclado de ostentosos, intumescidos e gloriosos bailados, um uivante Pedal Steel de arrepiantes, melosos e atordoantes arranjos, e uma voz verdadeiramente harmoniosa, amistosa e sedutora – perseguida de perto por um espectral coro vocal – que capitaneia toda esta maravilhosa obra, ‘Fooks Nihil’ zarpa rumo aos melhores dos melhores álbuns nascidos em 2020. De destacar ainda o prismático artwork cuidadosamente ilustrado pela artista Joyce Abrahams que delineia e maquilha na perfeição o rosto desta irretocável obra-prima. Percam-se e encontrem-se por entre a lívida luzência e deífica magnificência que farolizam todo o corpo temporal desta imaculada estreia, e testemunhem com inesgotável admiração a ataráxica lubricidade transpirada por estes três talentosos jovens alemães. Um dos meus álbuns favoritos do ano está aqui. Empoeirem-se na sua etérea e diamantina sagacidade.

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