quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Review: ⚡ Automatism - 'Immersion' (2020) ⚡


★★★★

Da cidade-capital de Estocolmo chega-nos o novo e terceiro álbum do sofisticado quarteto sueco Automatism. Com o seu lançamento oficial calendarizado para o dia de amanhã nos formatos físicos de CD e vinil (ambos limitados à existência de parcas centenas de cópias disponíveis para venda) pela insuspeita mão da editora discográfica germânica Tonzonen Records, que escolta esta formação nórdica já desde o seu primeiro passo discográfico, ‘Immersion’ – tal como o seu nome assim sugere – convida o ouvinte a embalar num imperturbável estado de profunda imersão. Baseado num viajante, místico, cinematográfico e deslumbrante Psychedelic Rock de ambiência meditativa, em harmoniosa concordância com um magnetizante, profético, pérsico e dançante Krautrock de cadência repetitiva, e um extasiante, educado, delicado e enfeitiçante Modal Jazz que nos esperta os sentidos, esta magistral obra de Automatism – integralmente condimentada e conduzida em formato instrumental – tem a capacidade de nos rebaixar as pálpebras, massajar o cerebelo, relaxar os membros, apaziguar a alma, e catapultar a nossa consciência na vertiginosa direcção da incomensurável negrura que oxigena e aduba o solo cósmico. De olhar eclipsado, corpo reconfortado, cabeça pausadamente balanceada, e espirito empoeirado pela sublimidade estelar, somos nutridos, seduzidos e farolizados por duas guitarras dialogantes que se cruzam em lenitivos, sumptuosos e radiosos acordes e descruzam em inventivos, aventurosos e gloriosos solos, um expressivo baixo soberbamente groovy que se serpenteia em linhas ondeantes, hipnóticas e errantes, uma elegante bateria jazzística de toque cintilante, polido e cativante, um transcendente teclado de envolventes cantos celestiais, e ainda uma exótica percussão de orientação tribalista que troteia todos os seis temas que habitam esta reflexiva, ataráxica e criativa odisseia. Não vai ser fácil – ou sequer desejado – emergir da intimidade desta prazerosa hipnose. São 47 minutos inteiramente atestados de uma resplandecência diluviana que nos banha e entope as zonas erógenas da alma. Deixem-se dissolver, inebriar e embevecer pela mélica, paradisíaca e anestésica sublimidade vaporizada por Automatism, e comunguem com inteira devoção um dos álbuns mais balsâmicos e nirvânicos do presente ano.

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