quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Review: ⚡ WEDGE - 'Like No Tomorrow' (2021) ⚡

★★★★

Começam finalmente a surgir – ainda que de forma tímida – os primeiros frutos musicais desta madrugada orvalhada de 2021, e este em concreto trata-se (aos meus ouvidos) do mais sumarento e suculento até à data. ‘Like No Tomorrow’ é o terceiro registo de longa duração forjado pelo enérgico power-trio germânico WEDGE, e o seu lançamento oficial e integral está calendarizado para o dia de amanhã sob o signo do influente selo discográfico romano Heavy Psych Sounds através dos formatos físicos de CD e vinil (bem como na habitual forma digital). Escudado num dançante, gracioso, sinuoso e provocante Prog Rock de apaixonante pronúncia Deep Purple’eana, num musculoso, oleado, desembaraçado e ostentoso Hard Rock de vincada tendência Garage’ira a evocar o espírito revolucionário de MC5, e ainda num caleidoscópico, colorido, delirado e vulcânico Heavy Psych de imersiva toxicidade, este novo álbum do tridente berlinês causara em mim todo um intenso estádio de chamejante combustão impossível de combater e extinguir. Apegados e vivamente seduzidos pela sua expressiva, envolvente, efervescente e criativa sonoridade de ‘Like No Tomorrow’ – que se norteia e balanceia por entre eufóricas galopadas desdobradas à rédea solta e esporas afiadas, e radiofónicas baladas de brilho estival e simetria sensual – escorregamos pelas labirínticas canalizações de um poderoso vórtice de afago sensorial e catarse espiritual. Temperado a um carismático revivalismo de coloração sessentista e fibra setentista que me massajara os músculos faciais e hasteara a linha labial na direcção de um firme sorriso, este lustroso, risonho e glorioso álbum de WEDGE é superiormente capitaneado por uma admirável simbiose instrumental de fascinantes diálogos entre uma guitarra ácida de inquietantes, fogosos, sinuosos e contagiantes Riffs encrostados pelo eletrizante efeito Fuzz, e solos ziguezagueantes, alucinógenos, flexíveis e atordoantes, um perfumado órgão Hammond de bailados oxigenados a harmoniosa frescura e ostentosa postura, um baixo empolado de linhas pulsantes, enfeitiçantes, viçosas e ronronantes, uma bateria entusiasmada de ritmicidade acalorada e tecnicidade esmerada, e ainda uma melódica voz de vibrante presença e letras condizentes com os trevosos tempos que se avizinham, sem nunca deixar de doutrinar a popular expressão latina Carpe diem. Um regresso apoteótico de uma talentosa banda que desde a sua fundação faz do passado, o seu presente e futuro. Deixem-se estremecer e embalar à boleia deste arrebatado ‘Like No Tomorrow’, e vivenciem como puderem toda a sua vistosa e buliçosa erupção que inunda e sobreaquece de lava incandescente os oito temas que o incorporam. Está assim dado o pontapé de saída num virgem ano que se deseja musicalmente profuso dentro de estúdio e acima do palco.

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