quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Review: ⚡ Breath - 'Primeval Transmissions' (2021) ⚡

★★★★

Oremos, irmãos. De Portland – a maior e mais populosa cidade do estado de Oregon – chegam-nos as sagradas reverberações emanadas pelo power-duo Breath com o seu novíssimo álbum de estreia batizado de ‘Primeval Transmissions’ e carimbado pelo selo discográfico norte-americano Desert Records que o promovera através da forma digital e ainda sob os formatos físicos de CD e cassete (ambos ultra-limitados ao stock de apenas 75 unidades existentes cada). Aureolado e oxigenado por um profético, meditativo, imersivo e anestésico Mantra Doom de incenso psicotrópico e indiscreta vocação OM’esca, este sibilino e fascinante ‘Primeval Transmissions’ prende todo um eclesiástico ritual de consagração espiritual e afago sensorial que – de semblante pasmado, olhar embalsamado e alma canonizada – nos eteriza, envolve e canaliza numa divina peregrinação pelos nirvânicos e eternos desertos da profunda introspecção. Submergidos na abissal fundura de um febril transe religioso que nos preenche de uma imaculada luzência, somos embalados num imperturbável estádio de sonambulismo devocional que prontamente nos converte em fiéis discípulos desta mística sonoridade adubada a condimentos bíblicos. Pesadamente bafejado por um endeusado baixo de linhas ronronantes, magnéticas, sinuosas e vibrantes, primorosamente tiquetaqueado por uma bateria expressiva de ritmicidade acrobática, enfática, esplendorosa, e criativa, e ainda superiormente rezado por uma voz hipnótica, imponente e messiânica – de tonalidade a evocar o druida Al Cisneros, e lirismo oxigenado a fervorosa e purificada veneração – que nos lidera e faroliza nesta sacra digressão, ‘Primeval Transmissions’ é um álbum verdadeiramente santificado que conduzirá o ouvinte a uma edénica condição de transbordante beatitude e catártica enlevação. São 45 minutos de letárgica e enfeitiçante liturgia. Deixem-se banhar nestas tóxicas, fumarentas e deíficas ressonâncias de diluviana imersão, e despertem num quimérico sonho que vos escoará a consciência pelos portais da percepção. Não vai ser nada fácil emergir até à tona desta nebulosa hipnose – sublimemente vaporizada por Breath – e exorcizar toda a piramidal religiosidade que este dueto norte-americano em nós semeara e nutrira. Corações ao alto.

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