sexta-feira, 8 de abril de 2022

Review: 💫 Hällas - 'Isle of Wisdom' (2022) 💫

★★★★

Os druidas suecos Hällas estão de regresso com o seu muito aguardado novo álbum ‘Isle of Wisdom’, oficialmente lançado hoje mesmo a duas mãos através da influente companhia discográfica austríaca Napalm Records e da ainda pouco expressiva editora local RMV Grammofon nos formatos digital, CD e vinil. Replicando e aplicando a ganhadora fórmula que celebrizara os seus registos antecessores, ‘Isle of Wisdom’ é oxigenado por um melódico, ostentoso, aparatoso e epopeico Hard Rock forjado à boa e velha moda dos britânicos Wishbone Ash, e um místico, ritualístico, onírico e deslumbrante Progressive Rock sintonizado na mesma frequência dos clássicos Genesis. A sua sonoridade de nostálgica evocação setentista, aguçada veia romancista e índole quimérica, esotérica e imperial descortina no nosso imaginário toda uma envolvente, apaixonante e fabular narrativa desenrolada num palco medieval com vista para a eterna noite astral. De escudos firmemente empunhados e espadas desembainhadas – de lâminas alumiadas pelo pálido brilho lunar – estes templários escandinavos prosseguem a sua triunfante cruzada pelos sangrentos capítulos de uma guerra religiosa principiada e sustentada pela malvadez de uma rainha tirânica. Na sublime dissertação destas lendárias aventuras e desventuras superiormente arranjadas e musicadas, perfilam-se duas guitarras siamesas que se engrandecem na vistosa e galvanizante ascensão de vultosos, principescos, altivos e imperiosos Riffs, e redemoinham na caprichosa e alucinante condução de majestosos, virtuosos, épicos e tortuosos solos, uma voz profética de pele amarelada, sóbria, aveludada e aristocrática, sombreada de perto por um luminoso e sideral coro vocal, um baixo ufano de bafejos elásticos, densos, tensos e magnéticos, um exuberante sintetizador de idílica natureza SCI-FI que – com a sua feitiçaria electrónica e serpenteios bruxuleantes – perfuma e embruma toda esta sonhadora atmosfera de uma ofuscante pulverescência estelar, e ainda uma bateria atlética que – com vivaz, tenaz e acrobática precisão – tiquetaqueia e troteia todas as desiguais paisagens deste heroico ‘Isle of Wisdom’. Este é um álbum verdadeiramente erudito, inaudito e fantasista, detentor de uma desarmante opulência, aprumada sapiência e inebriante concupiscência, que nos absorve e comove do primeiro ao derradeiro tema. Deixem-se enamorar e conquistar pela soberana e magnificente extravagância de uma banda aureolada a uma miraculosa beleza que, não só não desilude, como continua a surpreender e embevecer todos aqueles que, tal como eu, a comungam e reverenciam desde a sua criação.

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