sexta-feira, 24 de junho de 2022

Review: 🌈 London Odense Ensemble - 'Jaiyede Sessions vol. 1' (2022) 🌈

★★★★

Resultado de uma lucrativa cimeira jazzística entre as cidades de Londres e Odense, denominada de London Odense Ensemble e onde se desdobrara um expressivo, criativo e harmonioso diálogo musical no seio do talentoso quinteto composto por Al MacSween (teclados), Tamar Osborn (saxofone barítono e flauta), Jonas Munk (guitarra), Martin Rude (baixo) e Jakob Skøtt (bateria), este primeiro volume de Jaiyede Sessions é hoje oficialmente lançado pela insuspeita discográfica dinamarquesa El Paraiso Records através dos formatos LP, CD e digital. Navegado por um místico, enfeitiçante e ritualístico Spiritual Jazz de doce aroma tropical, um amarelecido, arejado e deslumbrante Psychedelic Rock de envolvente clima estival, e ainda um embriagado, dançante e sagrado Krautrock de afago cerebral, ‘Jaiyede Sessions vol. 1’ vem aureolado por um imersivo arco-íris de coloração vibrante que seduz e conduz o ouvinte a um estádio de consumado nirvana. De olhar petrificado – revestido por uma inapagável expressão sonhadora –, sorriso arqueado no rosto e cabeça baloiçada de ombro a ombro, somos absorvidos e canalizados pela endeusada sagacidade experimental de um colectivo que se entende às mil maravilhas. Numa balsâmica, evolutiva e messiânica digressão dominada por uma meditativa e anestésica mansidão onde pontuais remoinhos instrumentais nos catapultam da letargia à leve euforia, London Odense Ensemble é caprichosamente orquestrada por um extravagante saxofone de alucinados serpenteios que se distendem e contraem, uma etérea guitarra de odor a maresia que se passeia e galanteia livremente, florescendo solos elaborados, ácidos e cristalinos, uma bateria tribal de tambores acrobáticos e pratos tilintantes, luminosos e flamejantes, um baixo murmurante de linhas escorregadias, fluídas e hipnóticas, teclados polposos de bailados primorosos e mugidos aparatosos, e uma flauta fabular de sopros intrigantes, viajantes e sedosos que nos faz sobrevoar os crepusculares céus da velha Pérsia. Estamos na presença de um registo verdadeiramente paradisíaco que nos purifica e gravita em torno do transe sensorial. Um palpável e respirável oásis onde nos bronzeamos e relaxamos de pés soterrados nas quentes e douradas areias, beijados pelas frescas e espumosas ondas do mar, de rosto acariciado pela reparadora brisa e olhar içado no longínquo firmamento oceânico. Alcanço o final deste quimérico álbum que marca a estreia desta frutífera tertúlia musical de espírito integralmente expurgado e a salivar compulsivamente pelo seu sucessor. Saboreiem este exótico e sumarento cocktail sonoro que embelezará e apaladará o vosso verão, e banhem-se na sua ofuscante e diluviana refulgência com uma inquebrável feição de transbordante satisfação. É aqui que todos os sonhos dão à costa.

 

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