segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Review: 🕊 My Sleeping Karma - 'Atma' (2022) 🕊

★★★★

Superando os tempos turbulentos que enegreceram as suas vidas pessoais – e que, consequentemente, acabariam por colocar também à prova os alicerces que hasteiam a vitalidade da banda –, os budistas germânicos My Sleeping Karma desaguam finalmente nas bonanceiras águas de ‘Atma’, onde expurgam e curam as suas almas, e daí resulta a endeusada criação de um dos trabalhos mais sublimes e inspiradores da sua já respeitável discografia. Lançado muito recentemente nos formatos LP, CD e digital através da influente discográfica austríaca Napalm Records, este sexto álbum de estúdio simboliza o tão desejado regresso – e numa forma invejável, devo antecipar – desta largamente estimada formação alemã. Recorrendo uma vez mais à fórmula musical que os celebrizara, estes druidas celebram uma nova liturgia espiritual onde o meditativo, transformador, reparador e imaginativo Post-Rock de terapêutico aroma oriental – aliado a temperos de um arejado Space Rock e um mântrico Psychedelic Rock – é o elemento catalisador essencial. A sua sonoridade incensada evolui de obscuros, pesados e fatídicos estados que nos travam a respiração e inundam o olhar de lágrimas, para preclaros, desanuviados e paradisíacos céus saturados de uma luzência esperançosa que nos devolve o sorriso e desperta para uma poderosa e contagiosa revolução consciencial. De pálpebras tombadas, corpos baloiçados, chakras alinhados, zonas erógenas do cérebro massajadas, e em suspenso num etéreo estado de ofuscante deslumbramento sensorial, somos sedados e embalados num místico, catártico e absorvente groove de estímulo perceptual que nos conduz ao tão almejado nirvana. Da sombreada prostração à ensolarada libertação obedecemos a um guia espiritual que nos é ofertado pelos My Sleeping Karma, cumprindo a dissolução do Ego, a transgressão física, pensamentos de calma, paz e pureza, e – assim – alcançando a verdade superior e a ulterior compreensão da vida. Gravitado numa afrodisíaca simbiose instrumental – onde dialogam uma guitarra messiânica de ajardinados acordes desenhados a incessante beatitude e desarmante sensibilidade, um baixo pulsante de bafo quente, fluído e ondeante, uma bateria tribal de ritmos imersivos, criativos e estimulantes, e um quimérico sintetizador que borrifa toda esta onírica atmosfera com poeira estelar – ‘Atma’ encerra uma purificante hipnose de celebração hinduísta que nos converte prontamente em seus devotos discípulos. Uma verdadeira ode à resiliência. É relevante, ainda, apontar os holofotes ao primoroso artwork que contém uma mensagem de premência e importância cruciais, superiormente ilustrador pelo talentoso alemão Sebastian Jerke. Está assim encontrado o antídoto sonoro para desmoronar o zeitgeist que domina os nossos tempos, e fazer florescer dos escombros um epidémico sentimento que congregue esperança, amor, beleza e força. Mal posso esperar por comungá-lo ao vivo no emblemático festival SonicBlast que se aproxima, felizmente, a passos apressados.

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2 comentários:

  1. Anónimoagosto 16, 2022

    Os MSK têm como base a filosofia Hindu, não Budista.

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  2. "It's not a religious thing that inspires us. We create music in our rehearsal room. It's the music we want to play. We just jam. The buddhism and hinduism stuff come later." - Seppi (MSK)

    As duas filosofias (Hindu e Budista) estão presentes em MSK.

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