A um pequeníssimo
passo de completarem duas décadas de fértil existência, onde encheram duas mãos
de lançamentos, os suecos EF perfilam-se hoje como uma das bandas mais respeitadas
e incontornáveis do panorama Post-Rock. E é justamente nesta orvalhada madrugada
do seu vigésimo aniversário, que o colectivo nórdico – enraizado na cidade de Gotemburgo
– nos presenteia com aquele que considero ser o seu mais vistoso, sincero,
fresco e ambicioso registo lançado até à data: ‘We salute you, you and you!’,
editado pela influente mão da germânica Pelagic Records através dos formatos LP,
CD e digital (este último com a sempre estimável possibilidade de download
gratuito). Climatizado por um emotivo, melancólico, cinematográfico e imersivo Post-Rock
de brancura invernal, este sexto trabalho de longa duração de EF tem o
dom de agasalhar o ouvinte com um quente sentimento de nostalgia, capaz de
consolar corações amarrotados e abrilhantar olhares marejados de lágrimas. Superiormente
costurada por composições tristemente belas que nos sufocam num inquebrável estádio
de resplandecente arrebatamento, a delicada, sonhadora, libertadora e sublimada
sonoridade de ‘We salute you, you and you!’ balanceia quem a comunga
entre a ensolarada crença e a anoitecida descrença. Sintonizados nas mesmas
frequências sonoras e sentimentais de outras grandes referências do género,
tais como Explosions in the Sky, Mogwai e Godspeed You! Black Emperor,
os EF encasulam-nos no seu poético, frágil e onírico universo do qual
não mais queremos sair. Toda uma transformadora depuração emocional, levada a cabo
pela harmoniosa conjugação orquestral de lapidar beleza ambiental dialogada
entre os vocais amainados, acetinados e angelicais, guitarras de acordes tricotados
a desarmante ternura e magnetizante finura, teclados de formosos, celestiais e
odorosos bailados, uma bateria de ritmo cativante que amplifica toda esta
catarse emocional, um baixo de linhas robustecidas, murmurantes e obscurecidas,
um violino de dramáticas, plangentes e fatídicas lamúrias que nos cortam a
respiração, um violoncelo de soturnidade chorada, um trombone de mugidos
lúgubres, e um trompete de luminosos, dourados e gloriosos sopros. São 44
minutos farolizados por uma pálida luzência que tanto nos esmorece e entristece
como desperta e sobreaquece de uma inabalável catarse. No final permanecem a força,
a determinação, o fogo, a esperança e o triunfo.
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