quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Review: 🍄 The Wild Century - 'Organic' (2022) 🍄

★★★★

Depois de no passado ano ter sido intensamente ofuscado pelo álbum ‘5’ (aqui copiosamente elogiado), o fabuloso quinteto holandês The Wild Century – domiciliado na cidade de Breda – descortina agora o seu novo álbum ‘Organic’, lançado pela companhia discográfica alemã Tonzonen Records através dos formatos LP, CD e digital. Embrulhado num imersivo, lisérgico, caleidoscópico e explorativo Psychedelic Rock de efervescência Jimi Hendrix’eana e vibrante, deslumbrante e festiva coloração sessentista, num elegante, swingado, perfumado e inebriante Blues-Rock de estética The Doors’eana, e num irreverente, apimentado, ritmado e fervente Garage-Rock sintonizado na mesma frequência de The Stooges, o terceiro álbum destes hippies da era moderna envolve, contagia e revolve o ouvinte num ácido e alucinógeno revivalismo trazido dos psicadélicos anos 60, adulterado por um corante de sofisticada contemporaneidade. Dissolvidos nas profundezas deste LSD sonoro e centrifugados numa febril hipnose em forma de repetitiva espiral, ‘Organic’ tem a capacidade de nos desfocar a lucidez e atestar de uma etérea embriaguez. São 38 minutos saturados de um mântrico encantamento que nos enevoa, embevece e atordoa. Embarquem nesta multicolorida, palpável, tântrica e inescapável narcose climatizada por uma guitarra druídica que se meneia em sumarentos, narcóticos, prismáticos e obcecantes riffs de onde esvoaçam penetrantes, escorregadios, fugidios e alucinantes solos de intoxicante acidez, um baixo polposo de ondulantes, fluídas, flexíveis e magnetizantes linhas desenhadas a negrito, uma expressiva bateria escoiceada a dinâmica, fogosa, aparatosa e criativa ritmicidade, um harmonioso teclado de intrigantes, esponjosos, aquosos e refrescantes mugidos, uma mágica cítara de fragância oriental e afago mental, e vocais deleitosos de feições tanto educadas e melosas quanto gritadas e espalhafatosas. ‘Organic’ vive por entre sedadas, seráficas e sublimadas baladas de radiância crepuscular, que se vão desenvolvendo e remexendo até alcançar um clímax verdadeiramente nirvânico, e chamejantes, deliradas e empolgantes correrias de transbordante euforia que nos dilatam as pupilas, aumentam a tensão arterial e dispersam os sentidos. Don’t panic, it’s organic.

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