Da cidade
portuguesa de Coimbra chega-nos o eruptivo e disruptivo álbum de estreia do
electrizante power-trio Mike Vhiles, intitulado ‘Mystic Dream
Sequence’, exteriorizado sob os formatos de CD e digital, e carimbado com o
selo da editora discográfica bracarense Gig.Rocks. Consequência de um apimentado,
intenso e pornográfico flirt entre um transpirado, fogoso, destravado e tumultuoso
Garage Rock e um delirante, sónico, cósmico e intoxicante Heavy Psych,
este primeiro passo discográfico (que, na verdade, se trata de um salto olÃmpico)
da jovem banda conimbricense (no que ao lançamento de registos de longa duração diz respeito) vomita um bÃblico dilúvio de lava polposa e
incandescente, e tosse toda uma chuva torrencial de faúlhas fumarentas e chamejantes.
Combinando o insurgente lado Punk-Rock de Nirvana, a demente descarga
psicotrópica de Lecherous Gaze e a libidinosa ardência dos californianos
Fuzz, a cáustica, vulcânica e excitante sonoridade de ‘Mystic Dream
Sequence’ mergulha e dilui o ouvinte numa efervescente, suja e febril acidez.
Uma mastodôntica, selvática e impiedosa avalanche de endorfinas que nos morde
os calcanhares do primeiro ao derradeiro tema. Banhem-se na escaldante euforia detonada
por uma guitarra endemoninhada – consumida pela urticante, abrasiva e crocante
distorção – que se agiganta em convulsivos, ciclónicos e resinosos riffs,
e ziguezagueia em solos avinagrados, fantasmagóricos e vertiginosos, um baixo monolÃtico
de bafo denso, tenso e sombreado, uma bateria inflamada de baquetas incisivas, convulsivas
e relampejantes, e ainda vocais insanos, perversos e guturais que casam na
perfeição com todo o estonteante rebuliço instrumental. Num plano secundário,
surgem ainda os devaneios alienÃgenas de sintetizadores embriagados que condimentam
e colorizam este intenso caos superiormente domesticado. São 44 minutos viajados a alta rotação. Mike Vhiles é
pura adrenalina. Uma alucinante, acrobática e galopante montanha-russa imprópria
para cardÃacos. Deixem-se envolver, revolver e incinerar nas lavaredas infernais de ‘Mystic Dream
Sequence’ e vivenciem com imoderado entusiasmo um dos mais sérios candidatos a melhor álbum português do ano.
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