segunda-feira, 5 de junho de 2023

Review: 🔮 Lars Fredrik Frøislie - 'Fire Fortellinger' (2023) 🔮

★★★★

Da cidade-capital norueguesa de Oslo chega-nos o mirífico álbum de estreia do multi-instrumentista Lars Fredrik Frøislie (teclista de Wobbler), que conta com a colaboração do baixista Nikolai Hængsle (Elephant9 e Needlepoint). Recém-lançado pela mão do influente selo discográfico norueguês Karisma Records nos formatos físicos de LP e CD, ‘Fire Fortellinger’ vem climatizado por um medieval, romanesco, poético e magistral Progressive Rock de épica dramaturgia que passeia de mãos dadas a um primaveril, charmoso, odoroso e pastoril Folk pincelado a enternecedora melancolia. Norteada pela intrigante mitologia escandinava e cativantes relatos de eventos ancestrais, bem como impregnada em indiscretas influências britânicas resgatadas dos dourados anos 70 como YES, Gentle Giant, Genesis, Jade Warrior, Camel e Emerson, Lake & Palmer, a sua quimérica, estética e novelesca sonoridade caminha airosa e graciosamente pelas sumptuosas, frescas e cheirosas melodias que compõem este primeiro e glorioso passo discográfico a solo do talentoso músico nórdico. Esculpido por composições de traje aristocrático, natureza erudita e destreza irrepreensível, ‘Fire Fortellinger’ conduz o ouvinte pelas virginais paisagens naturais da velha Noruega. Uma reparadora, ataráxica e libertadora experiência, sublimemente musicada por toda uma mística, nirvânica e onírica profusão de enfeitiçantes teclados clássicos (cravo, Mellotron, MiniMoog, Yamaha CP70 e um órgão Hammond) – de onde saltitam soltas e consonantes notas de beleza lapidar, esvoaçam imersivos e expressivos bailados serpenteantes, e mugem polposos e misteriosos coros astrais e inebriantes –, um vistoso baixo de linhas possantes, magnéticas, elásticas e ondeantes que sombreia e mareia este navio viking, uma cintilante, acrobática, fogosa e enfática bateria – de apaixonante requinte jazzístico – que pauta com distinção tanto a quimérica quietação como a troante comoção, e uma voz lírica, sóbria e profética – entoada no seu idioma nativo – que completa na perfeição esta caprichada, doce e frutada fragrância norueguesa. Este é um álbum imensamente garboso, primoroso e enleante que nos faz dançar e sonhar bem alto. Uma obra extraordinariamente cativante, inspiradora e divinal, de arquitectura cerebral e beatitude imortal, que em nós causa todo um apego impossível de quebrar e uma imensa permeabilidade emocional. Um purificante bálsamo de lívida brancura que nos cega de devota fascinação e reconforta nos braços da plena jubilação. Deixem-se absorver e embevecer nesta encantadora epopeia nórdica e vivenciem – com um incontrariável sorriso no rosto, uma inapagável expressão fantasista no olhar e uma imperturbável sensação de bem-estar na alma – todo o mágico esplendor de um disco batizado pelos astros.

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