Depois de no
final de 2019 ter testemunhado pela primeira vez todo o impactante vigor dos
polacos Moonstone (análise ao seu homónimo álbum de estreia aqui),
hoje aponto os holofotes ao seu segundo álbum de estúdio ‘Growth’,
lançado pela parceria discográfica local Galactic Smokehouse / Interstellar
Smoke Records através dos formatos CD e digital. Anoitecido por um altivo, melancólico,
sorumbático e opressivo Psychedelic Doom de falecida coloração outonal que
vagueia pelas fúnebres ruÃnas de beleza cinematográfica de um enfeitiçante, distópico,
misantrópico e intrigante Post-Metal oxigenado por um misticismo
oriental, 'Growth' é um titâ que em nós provoca todo um fremente sismo emocional. A sua sonoridade nocturna, dramática, hermética e taciturna deixa o
ouvinte prostrado, sedado e de olhos vendados, abrigado nas encarvoadas trevas de
Moonstone. De semblante desmaiado e caÃdo sobre o peito, embarcamos numa
esfÃngica, ascética e sonâmbula digressão pelos nebulosos desertos do lado
eclipsado da alma, farolizados pela negra radiância emanada deste possante quarteto enraizado na cidade polaca de Cracóvia. Este é um álbum que nos trava a
respiração, enregela o coração e incendeia de uma flamejante escuridão. Dissolvidos
nesta plangente narcose que nos embacia a lucidez, somos varridos pelos esotéricos
bailados de duas guitarras lascivas que se engrandecem e enrijecem em mastodônticos,
contemplativos, impiedosos e proféticos riffs – efervescidos a fogosa
distorção – de onde ecoam solos uivantes, ácidos, alucinados e esvoaçantes,
sombreados pela densa, sisuda, nervuda e tensa reverberação de um baixo imponente,
vergastados pela altiva, incisiva, relampejante e precisa ritmicidade de uma
bateria tribalista, e embruxados pelos vocais vampÃricos, hipnóticos,
monocórdicos e sacerdotais que conduzem toda esta caliginosa liturgia de
transformação espiritual. ‘Growth’ é uma obra tristemente bela. Um álbum
mesmérico, portador de uma atmosfera imensamente cativante, que tanto nos
asfixia como alivia, escurece como amanhece, alcooliza como euforiza. Não vai
ser fácil – ou sequer desejado – quebrar o intenso feitiço de Moonstone,
que, do primeiro ao derradeiro tema, tem o dom de nos conquistar e aprisionar a
um pleno estádio de imperturbável transe.
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