Proveniente da
Noruega – um dos mais populosos e talentosos habitats do Jazz europeu – chega-nos
o fantástico álbum de estreia da novÃssima banda Solstein, desembrulhado
e promovido pela jovem companhia discográfica Is It Jazz? Records nos
formatos LP, CD e digital. Forjado e condimentado por um multicolorido, simbiótico e
camaleónico sortido sonoro onde dialogam apaixonada e harmoniosamente entre si
um ritmado, sumarento, tropical e frutado Jazz-Funk alto em sacarose, um
enfeitiçante, virtuoso, lustroso e elegante Jazz-Fusion de composições
cerebrais, um serpenteante, lubrificado, aromatizado e magnetizante Prog
Rock de fabulares feições Canterbury’escas, e ainda um esponjoso,
confortável, agradável e sedoso Chill Out com vista desimpedida para o
Cosmos constelado, este primeiro passo discográfico da turma norueguesa vem
atestado de incontáveis promessas de um futuro dourado. Sobrevoando e cruzando diferentes
climas e paisagens – que alternam entre frescas e embaciadas madrugadas
respingadas de orvalho que envolvem e embrumam o ouvinte num imperturbável
estádio de profunda e etérea reflexão, e flamejantes céus crepusculares que antecedem
as quentes e estreladas noites de verão que convidam o ouvinte a uma absorta e desinibida
dança de ombros saltitantes, sorriso desabrochado no rosto e ancas baloiçantes –
este homónimo álbum dos inspirados Solstein aponta a sua bússola a
egrégias referências dos gloriosos 70’s como Herbie Hancock, Return
to Forever, Casiopea, Jiro Inagaki & Soul Media, The
Eleventh House feat. Larry Coryell, Ryo Kawasaki, Brand X e Caldera.
De essência puramente instrumental, afago sensorial, expansão consciencial e instrumentos
apontados à vertigem sideral, ‘Solstein’ reluz e flui de forma envaidecida,
sublime e embevecida pelas artérias da nossa espiritualidade, desaguando e reconfortando o
nosso espÃrito nas nirvânicas praias de um paraÃso virginal. Este é um álbum
arejado, ataráxico, onÃrico e aureolado que desdobra as nossas velas, desancora
a nossa gravidade perceptual e nos navega pelas bonanceiras águas do oceano
cósmico ao purificante sabor de uma guitarra endeusada – com acentuada pronúncia
Al Di Meola’na – que tricota labirÃnticos, trepidantes,
vÃtreos e desarmantes solos de uma ofuscante beleza arquitectónica, de um baixo
elástico que aquece a atmosfera com os seus contemplativos, sombreados, texturizados
e curvilÃneos murmúrios, de uma mágica profusão de teclados e sintetizadores
futuristas – onde se perscrutam eternas lendas como Chick Corea e Herbie
Hancock – que se encavalitam e atropelam numa inesgotável sucessão de melódicos,
maravilhosos, viajantes e melancólicos sirenes de origem alienÃgena, e de uma
refinada, sofisticada e estimulante bateria deliciosamente groovy – tiquetaqueada
a robótica precisão e estética sedução – que remata esta majestosa peça de alta
costura. Um registo irrepreensivelmente executado e brilhantemente encerado que
em nós cresce a cada cuidada audição. Todos os meus imoderados louvores a Soulstein
pela sua aventurosa estreia que conjuga na dose certa o dourado revivalismo trazido
do mais fértil território musical (70’s) e uma indelével marca de autor com um
fresco cheiro a contemporaneidade. Banhem-se nesta poeira estelar.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Is It Jazz? Records
Sem comentários:
Enviar um comentário