quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Review: 🔮 Magick Potion - 'Magick Potion' (2024) 🔮

★★★★

Oriundo dos arredores rurais de Baltimore (Maryland, EUA), o irreverente power-trio Magick Potion acaba de lançar o seu impactante álbum de estreia pela influente mão da prestigiosa companhia discográfica californiana RidingEasy Records através dos formatos LP, CD e digital. De instrumentos apontados a clássicas referências como Blue Cheer, Budgie, Cactus, Cream, Sir Lord Baltimore, Captain Beyond, Leaf Hound, The Amboy Dukes, Dust, Bang e The Groundhogs, este tridente americano executa um musculoso, imponente, ardente e oleoso Hard Rock de forte fragância revivalista, sarapintado por um electrizante Heavy Psych de toxicidade a perder de vista, bailado por um serpenteante Heavy Blues de trajes rústicos e pesadamente sombreado por um intrigante Proto-Doom de espírito ocultista. A sua vistosa, umbrosa, esbelta e gloriosa sonoridade de ornamentada moldura vintage representa uma inspirada homenagem à dourada década de 1970, balançando entre possantes cavalgadas de trevosos e carregados ecos Black Sabbath’icos açoitadas a contagiante energia, e enfeitiçantes baladas anoitecidas e entristecidas pela ébria melancolia. Embrumado e perfumado por um misticismo pagão, pela doce nostalgia e uma carismática rusticidade – desprovida de qualquer maquilhagem – que orientara toda a sua produção, este homónimo álbum de estreia de Magick Potion revela uma obra integralmente esculpida à minha imagem. De cabeça rodopiante, pálpebras rebaixadas e dentes cravados nos lábios, embalamos – de espírito integralmente deslumbrado – pelas idosas, sinuosas, poeirentas e misteriosas estradas de ‘Magick Potion’ à estimulante boleia de uma guitarra portentosa – flamejada por uma distorção crocante, arenosa, rugosa e urticante – que se robustece em dominantes, lascivos, altivos e magnetizantes riffs de bolor setentista, e enlouquece na alucinante condução de solos delirantes, ácidos e esvoaçantes, um baixo obeso de linhas intimidantes, monolíticas, fibróticas e pujantes, uma bateria expressiva de ritmicidade dinâmica, acrobática, enfática e explosiva, e vocais esmorecidos, diabrinos, espectrais e avinagrados que ressoam e ecoam do interior desta borbulhante, multicolorida, aromática e fervilhante poção mágica. São 39 minutos tomados pela aspereza, pretura, destreza e formosura. Um sensacional ritual iluminado por incontáveis velas em chamas de onde escorrem abundantes lágrimas de cera e liderado por bolorentos, vibrantes e fumarentos amplificadores de primitivas e incisivas ressonâncias que nos oprimem, engolem e revolvem. Comunguem Magick Potion, inalem o seu brumoso exotismo e naufraguem na revoltosa ondulação da febril alucinação. Estamos mesmo na distinta presença de um dos mais magnânimos álbuns do ano. Obscureçam-se e embruxem-se nele.

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