segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Review: ⚜ Jupiter Fungus - 'Garden Electric' (2024) ⚜

★★★★

Está desvendado o segredo mais bem guardado do Prog Rock grego. ‘Garden Electric’ é o fabuloso álbum de estreia de Jupiter Fungus: um projecto sediado na cidade costeira de Piraeus, editado pela companhia discográfica Sound Effect Records nos formatos LP, CD e digital, liderado por duas cabeças pensantes e musicado por cinco prendados executantes. Numa cativante, inspirada, requintada e gratificante homenagem à dourada década de 1970, esta banda helénica aventura-se nos infindáveis territórios do pomposo, sublime, magnânimo e glorioso Progressive Rock, percorrendo os verdejantes, deslumbrantes e arborizados trilhos desbastados por clássicas referências do género tais como Eloy, Jethro Tull, Pink Floyd, Genesis, Camel, King Crimson, YES, Styx, Van Der Graaf Generator, Gentle Giant, Renaissance, Nektar e Gryphon. Esculpido, polido e envernizado por uma sonoridade elegante, lunar, fabular e apaixonante – repleto de fragâncias sedutoras e atmosferas sonhadoras – que nos remete para soterrados tempos medievais, este epopeico ‘Garden Electric’ embruma o ouvinte num edénico misticismo que o eteriza do primeiro ao derradeiro tema. À boleia de arranjos odorosos, principescos, romanescos e misteriosos que nos fazem sonhar acordados, embarcamos, vigilantes e curiosos, numa adorável, introspectiva e inolvidável caminhada pelos virginais bosques – de moldura mediévica e formosura nocturna – à pálida luzência da Lua. Jupiter Fungus descortina todo um fascinante universo onírico brilhantemente orquestrado por uma poética flauta de refrescantes, sedosos e enleantes serpenteios, uma estética guitarra de açucarados, refinados e provocantes riffs de onde são escoados vistosos, tocantes e copiosos solos, um compenetrado baixo de meneios dançantes, magnéticos e pulsantes, enfeitiçantes teclados de bailados rodopiantes, aparatosos e delirantes, uma primorosa bateria de toque cintilante, acrobático, enfático e flamejante, e uma aristocrática (e ocasionalmente robótica) voz de pele límpida (embora episodicamente turva), emotiva e educada. Dedico ainda elogiosas considerações ao sensacional artwork – superiormente desenhado pelo flautista da banda Fotis Xenikoudakis – onde os nossos olhos mergulham e naufragam nas suas incessantes marés de labiríntico, vistoso e primoroso detalhe. ‘Garden Electric’ é um álbum lindíssimo, oxigenado a imaculada sensibilidade, iluminado por uma aura fabular e instrumentalizado a fina virtuosidade. Um registo de admirável maturidade que se vai agigantando em nós com o acumular de renovadas audições. Percam-se e encontrem-se nos meandros desta caprichada obra capaz de agradar tanto a gregos como a troianos.

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