Este é um dos discos mais lindos
de sempre. E na órbita desta apreciação universal moram os adjectivos mais afáveis
e ternurentos. Confesso que sempre que o escuto, sorrio de tristeza.
Considero-o um disco tremendamente tocante e conquistador. Em “The Lioness”, Jason Molina confessa-nos
pesarosos lamentos, testemunhados pela sua guitarra taciturna capaz de nos
enlutar a alma. É um disco que deve ser ouvido num modorrento domingo ou num
dia domado pela penumbra outonal, não vá esta balada melancólica “estragar-vos”
um dia de Sol resplandecente. Vai ser fácil sentirem-se enfeitiçados do primeiro
ao derradeiro tema, assombrados pela familiaridade das suas palavras e submersos
nos admiráveis acordes que o acompanham ao longo do seu monólogo entorpecido de
uma tristeza saudosista sem chão. Percam-se e encontrem-se nos seus lamentos tão órfãos de
esperança. Cerrem as pálpebras e sintam o doce abraço da desistência perante este
disco de desarmante beleza e pungente desolação. Deixem que ele vos arraste
pelos meandros da comoção em tons sépia e de natureza hipnoticamente funesta.
Sejam cúmplices desta narrativa tão humana que nos suspira o lado mais erosivo
do que habita e resiste em nós.
Jason Molina faleceu no passado
ano de 2013, vítima da sua prolongada dependência do álcool. Confesso que ainda hoje
choro a morte das suas palavras, que espelharam (e espelham) tanto do que senti
e sinto.
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