É de lucidez ainda entregue
a um progressivo estado de recuperação que vos escrevo esta review inteiramente dedicada ao álbum de
estreia dos gregos Hypnotic Nausea
lançado no passado verão de 2015 nos formatos de digital e CD. ‘Hypnosis’
– tal como o nome sugere – encerra uma profunda e envolvente hipnose na qual
mergulhamos e sonhamos acordados ao longo dos seus 42 minutos de duração. Baseada
no Psych Rock de mãos dadas com o Post Rock, a ambiência sonora de ‘Hypnosis’
tem a capacidade de içar a nossa consciência aos deslumbrantes firmamentos do
onirismo, numa anestésica digressão testemunhada de pupilas dilatadas e corpo
inanimado. Sintam embriagar-se num intenso transe hipnótico que vos paralisará
e adornará do primeiro ao último tema. ‘Hypnosis’ convida-nos a vivenciar
um firme estado de total relaxamento nutrido por uma sonhadora e extasiante guitarra
de solos lisérgicos e riffs corpulentos,
um baixo pulsante de ondulação densa, dançante e robusta, uma excitante e resplendorosa
bateria de condução criativa, sensitiva e dinâmica, uma voz narradora que
pendula entre a serenidade e a perturbação, e um fantástico sintetizador que
desprende e governa toda uma encantadora áurea capaz de nos enfeitiçar. De salientar
ainda a existência de uma dissertação doutrinária brilhantemente retirada do magnífico
filme “Waking Life” (2001) de Richard Linklater. Este é um disco excessivamente
preclaro e fascinante que nos massaja, entorpece e arremessa pelos espantosos, enigmáticos
e distensíveis céus do nosso Cosmos interior. Submetam-se aos gravíticos
domínios de ‘Hypnosis’, bronzeiem-se na sua fulgente radiação morfínica e
caminhem prazerosamente pela ténue fronteira que separa a lucidez da letargia.
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