Electric
Moon
é hoje uma das grandes bandas da minha vida. E se já nutria uma crescente admiração
pelo power-trio germânico, depois de em
2015 os ter vivenciado ao vivo no Reverence
Valada (review aqui) a
mesma agigantara-se de uma forma verdadeiramente espantosa, imortalizando esta
actuação como uma das mais fascinantes e hipnóticas que vira até então. Com uma
extensa e requintada discografia dividida pelos seis anos de banda, este
tridente de instrumentos apontados ao esplendoroso Cosmos acaba de reeditar via
Sulatron Records um dos seus álbuns
mais históricos: ‘The Doomsday Machine’ (lançado em 2011 pela mão da Nasoni Records). Este segundo álbum de
estúdio de Electric Moon vem munido
de um morfínico, obscuro e nebuloso Heavy
Psych de feições astrais que nos drena a lucidez e eleva de encontro às
mais idosas e intangíveis fornalhas estelares. São cerca de 80 minutos de pura
e sublime hipnose que nos satura de um êxtase mudo e ininterrupto. Uma perfeita
divagação da consciência pelos domínios mais frios e recônditos do Cosmos
embriagado. Inalem toda esta verdadeira letargia nutrida por uma guitarra
messiânica que vomita solos verdadeiramente fecundantes, vertiginosos e atroantes,
um baixo frondoso e vigoroso de danças enteogénicas, uma bateria galopante de
ritmos compenetrados, uma voz enevoada e distorcida segredada pelos astros, e
ainda um ecoante e delirante sintetizador que pulveriza toda a atmosfera de ‘The
Doomsday Machine’ com uma envolvente e etérea bruma capaz de nos
recostar a um intenso estádio de inércia. Este é um álbum imensamente errante que
nos passeia pelo infinito ventre de um Universo sombrio e bocejante. Recostem-se,
apertem bem os cintos e preparem-se para testemunhar esta sagrada transcendência capaz de nos
fazer revirar as pupilas. ‘The Doomsday Machine’ é uma das
mais audaciosas odisseias pelo oceano cósmico. Um verdadeiro hino à ataraxia
que nos paralisa do primeiro ao último tema. Banhem-se nesta densa e dominadora
poeira estelar que vos canonizará a alma, e mergulhem na verticalidade sideral.
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