A Austrália é hoje uma das regiões do planeta onde o Psych Rock prolifera com mais excelência
e abundância. Bandas como Comacozer,
Mt. Mountain, Holy Serpent, Child, Buried Feather e os recém-formados Elbrus transpiram uma requintada, deslumbrante
e extasiante fragância sonora que há muito venero religiosamente. Desta vez
falar-vos-ei de Elbrus, um jovem quarteto
sediado na carismática e populosa cidade de Melbourne que destila um excitante, elegante, mélico e hipnótico Heavy Psych N’ Blues que se espreguiça e
envaidece até ao montanhoso, obscuro, denso e corrosivo território do Psych Doom. O seu álbum de estreia ‘Elbrus’
aprisiona uma sonoridade verdadeiramente apaixonante que nos banha, adorna e
eteriza a alma. Lançado oficialmente no passado dia 12 de Dezembro pela mão do
selo germânico Kozmik Artifactz – nos
formatos físicos de CD e vinil – este disco de alma profundamente encantadora vem
a tempo de se intrometer no já populoso lote dos melhores álbuns nascidos em
2016. A sua musicalidade – prima direita dos seus conterrâneos Child – desenvolve-se da delicadeza, serenidade
e placidez nirvânica à robustez, inquietude e incontida excitação. Tudo neste disco
homónimo nos estimula a dança-lo numa detida, prazerosa e serpenteante dança
que nos domina e conduz com incontrariável autoridade. A guitarra movida a
lascívia e fineza expande-se em esplendidos, atléticos e exuberantes riffs que se agigantam em nós e contorce-se
em ululantes, afrodisíacos e mirabolantes solos que nos contaminam e desgastam
a lucidez. O astral e harmonioso órgão de fascinantes, tonificantes e distintos
bailados vagueia com suavidade e primor a arrebatadora e voluptuosa atmosfera
de ‘Elbrus’,
enquanto que o baixo pulsante e murmurante – de linhas sólidas, carregadas e
torneadas – consolida todo este longo cortejo de prazer. A magnética e adorável
bateria tiquetaqueia com sentimento e estarrecedora perícia as mais ousadas e
aventuradas orientações promovidas pelos restantes instrumentos, os vocais melódicos,
afáveis, e joviais que nos envolvem e namoram, e ainda a efémera mas distinta
aparição de uma uivante, exótica e provocante harmónica que se passeia e
galanteia – de forma excêntrica – quando lhe é dado total protagonismo. É justo ainda salientar o magnífico traço de Adam Burke na criação do artwork que confere rosto a esta preciosidade australiana. ‘Elbrus’
é um disco verdadeiramente sublime que nos vence e convence a reverenciá-lo. Deixem-se
diluir nesta magnificente radiância que vos cegará de exultação.
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