Tudo em mim me força a
antecipar: ‘In the Wind’ é mesmo o meu álbum favorito de 2016. Lançado pela
primeira vez no já distante mês de Março nos formatos de digital e vinil pela
mão do selo francês Totem Cat Records,
esta preciosidade do lado eclipsado da música acaba de ver fortalecida a sua notoriedade
com o relançamento levado a cabo pela já carismática RidingEasy Records (nos formatos físicos de vinil e CD). Baseado
num despótico, frenético e contagiante Proto-Metal
de feições demoníacas e comportamento anárquico, ‘In the Wind’ entusiasmara-me
de uma forma irreversivelmente avassaladora. Este quarteto natural da cidade de
Portland (Oregon, EUA) desprende uma
toda sonoridade de natureza assombrosa, corpulenta, inflamante e tumultuosa que
depressa nos assalta e ceifa a lucidez. A ritmicidade de ‘In the Wind’ é
verdadeiramente entusiasmante e epidémica, deixando-nos entregues a um frenético
estádio de adrenalina que nos sacode violenta e extravagantemente do primeiro
ao derradeiro tema. Endoideçam ao supremo e intrigante som de uma guitarra pagã
que se manifesta em riffs cáusticos,
reverberantes, monolíticos e escarpados e em desvairados, intensos e alucinantes
solos. Baloicem os vossos corpos domesticados pelos luciféricos domínios de R.I.P. na instintiva resposta a um
baixo inquisidor de linhas robustas, massivas, carregadas e bafejantes que se
conduz destacadamente pela atmosfera brumosa e tenebrosa de ‘In
the Wind’. Soltem as cabeças numa redentora e delirante dança à boleia
de uma emocionante e estimulante bateria que galopa e governa com excêntrica efusividade
e explosividade todas as nefastas incursões da guitarra. Sintam-se hipnotizados
e atemorizados pelos vocais translúcidos, melódicos, gélidos e messiânicos que
sobrevoam o instrumental com elegância e altivez. Este é um disco pelo qual
nutro um sentimento de total entrega e veneração. Um disco elevado ao estatuto
de religiosidade ao qual recorro com bastante frequência, e que tem sempre em
mim um efeito tremendamente euforizante e libertador. Entreguem-se detidamente
à vibrante obscuridade de R.I.P. e
sintam-se transcender numa gloriosa detonação de prazer e exaltação.
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