Originário da cidade belga
de Namur chega-nos ‘Hyperborea’, o novo álbum do jovem
tridente instrumental Amour. Oficialmente lançado no final do passado
mês de Abril através do formato digital e ainda numa apelativa edição em CD com
carimbo autoral, este segundo álbum de Amour vem orvalhado, nutrido e
sublimado por um deslumbrante, onírico, utópico e embriagante Psychedelic
Rock de mãos dadas a um ambiental, cinematográfico, magnético e estético Post-Rock
de envolvência espacial que – em simbiótica coligação – se entrelaçam, prosperam e
desaguam num fogoso, empolgante, intoxicante e poderoso Heavy Psych de vistosa,
fascinante e sinuosa orientação Progressiva. Fragmentada em quatro dilatadas,
imersivas, evolutivas e condimentadas jam’s intergalácticas, esta
caleidoscópica, enfeitiçante e paradisíaca odisseia de reconforto mental e consagração sensorial baloiça
o ouvinte num invariável ricochete entre a melancólica sonolência e a eufórica
efervescência. De sorriso desenhado no rosto, cabeça bamboleada ao sabor da mutável ondulação
rítmica, e olhar eclipsado por uma expressão distante e sonhadora, somos
seduzidos, embebidos e mergulhados nas umbrosas, infindáveis e vertiginosas
profundezas do universo sideral, penetrando a mística intimidade de embrumadas
nebulosas e driblando a gravidade dos corpos celestes que se revelam no
horizonte. Atrelados aos aliciantes diálogos tecidos entre uma guitarra exploratória
de serpenteantes, hipnotizantes, dinâmicos e giratórios riffs e solos
ácidos, exóticos, labirínticos e alucinógenos, um baixo pesadamente ronronante
de linhas pulsantes, obscurecidas, empoladas e ondeantes, uma bateria diligente
que rege com expressiva liderança a selvática tempestade e a letárgica bonança,
e ainda um tonificante teclado de dançantes, frescas, proféticas e apaixonantes
harmonias, oscilamos entre as paralisantes temperaturas de um invernal, níveo e
silencioso glaciar que se distende até onde a vista pode alcançar, e as febris
temperaturas de um borbulhante, fumegante e infernal caldeirão que gorgoleja polposo
magma de um vermelho incandescente. De sublinhar ainda o quimérico artwork
de atmosfera SCI-FI, a fazer recordar o mítico artista francês Moebius,
que aponta os seus respectivos créditos de autor ao ilustrador Adam Olds. Este é um álbum
imensamente catártico que nos viaja pelas zonas mais erógenas do cérebro.
Deixem-se embalar, transcender e enlevar nesta utópica digressão que nos catapulta
tão para lá dos portais da perceção, e descortinem os mais secretos territórios
de um Cosmos ansioso por ser pisado e desvendado.
sábado, 22 de maio de 2021
Review: ⚡ Amour - 'Hyperborea' (2021) ⚡
★★★★☆
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