segunda-feira, 31 de maio de 2021

Review: ⚡ The Wild Century - '5' (2021) ⚡

★★★★

É ainda de pele escaldada, olhar ofuscado, espírito arrebatado e semblante lambido por uma fresca e salgada brisa oceânica que escrevo estas sinceras e apaixonadas palavras ao mais recente álbum dos holandeses The Wild Century. Lançado no último suspiro de Março através dos formatos digital e vinil – editado com carimbo de autor – este terceiro registo do quinteto enraizado na cidade de Breda ancorara-me numa paradisíaca praia de areias tisnadas e sedosas, revitalizantes águas de esplendor cristalino, límpidos céus banhados a azul-turquesa e velejados por gaivotas grasnantes, e um brilhante Sol de bafo ardente e luzência crepuscular. Ventilado e melificado por um ensolarado, ataráxico, caleidoscópico e aromatizado Psychedelic Rock de harmoniosos, bem-dispostos e radiosos temperos Indie, absorvido num romântico flirt com um enfeitiçante, polposo, delicioso e serpenteante Progressive Rock de traços revivalistas, este ‘5’ é integralmente climatizado por uma cativante maravilha sensorial, pintada de cores exóticas e perfumada por aromas sensuais. A sua tântrica sonoridade, embriagada num imersivo clima veraneio a fazer recordar os californianos Assemble Head In Sunburst Sound, Monarch e Golden Void, passeia-se de forma fluída, hipnótica, lúbrica e sublimada ao longo dos 34 minutos que a balizam. De pálpebras rebaixadas, sorriso hasteado no rosto, e cabeça baloiçada de ombro em ombro, somos fascinados e embalados pelo apaziguante caudal deste mélico, utópico e deslumbrante tropicalismo que nos expande a consciência. Na composição desta orgiástica sinestesia que tanto acelera numa alucinada euforia como desacelera numa embaciada letargia, está uma guitarra colorida de obsessivos, sinuosos, vistosos e criativos Riffs que desaguam em solos ácidos, uivantes, deambulantes e delirados, um baixo encaracolado de linhas encorpadas, pulsantes, magnetizantes e inchadas, uma expressiva bateria de toque cintilante, acrobático, enfático e estimulante, um esponjoso órgão Hammond de místicas, sumarentas, opulentas e sidéricas melodias, e vocais meigos, aveludados, açucarados e celestiais. O artwork de aparência sui generis e minimalista aponta os seus créditos autorais ao inconfundível ilustrador sueco Robin Gnista. Este é um delicioso cocktail de gosto frutado, pronto a ser degustado numa moldura estival. Deixem-se contagiar pela cegante, feérica e transbordante radiância de The Wild Century, e experienciem com febril encantamento um dos álbuns mais aliciantes do ano. Bronzeiem-se e prazenteiem-se neste infindável verão.

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