Da gélida e
húmida cidade de Gotemburgo (situada no sul da Suécia) chega-nos
o impactante álbum de estreia do auspicioso quinteto nórdico Altareth.
Lançado nos primeiros ares do passado mês de Novembro pela mão da Magnetic Eye Records sob
os formatos digital, CD e vinil, ‘Blood’ ostenta toda uma imersiva,
obscura, altiva e bafienta cerimónia de adoração pagã, liderada por um trevoso,
intrigante, arrogante e imperioso Proto-Doom de sacerdotais vestes Black
Sabbath’icas e geometrias Pentagram'icas, e um intoxicante, brumoso, lodoso e inflamante Psychedelic
Doom cozinhado com os mesmos condimentos de bandas como Windhand, Uncle
Acid & the Deadbeats e Green Lung. A sua sonoridade cáustica,
pantanosa, umbrosa e ocultista – que edifica no nosso imaginário desoladoras paisagens climatizadas a perniciosa
misantropia e pinceladas a esbatida melancolia – profana a alma do ouvinte e sepulta-a
no negro solo do lado eclipsado da religiosidade. De pálpebras seladas, tronco
pesadamente baloiçado e pálido rosto tombado sobre o peito, somos capturados, enlutados
e embalados numa fumarenta, demoníaca, ritualística e bolorenta narcose chefiada
por duas guitarras luciféricas que se agigantam na ascensão de tenebrosos, magnéticos,
tétricos e gordurosos Riffs fervidos no urticante, sujo e chamejante
efeito Fuzz, e uivam lustrosos, fecundantes, trepidantes e tortuosos solos
de brancura ofuscante, um baixo arrastadamente bafejante de ressonância obesa,
enegrecida, coesa e possante, uma bateria trovejante que – com batidas incisivas,
vigorosas, rumorosas e explosivas – relampeja todo este massivo negrume, e uma
vampírica, avinagrada, enregelada e cadavérica voz – de atormentadas feições Ozzy
Osbourne’scas – que esvoaça e ecoa por toda a atmosfera
amaldiçoada de ‘Blood’. São 45 minutos inundados de uma mefistofélica liturgia que nos
faz cair nos abismos da sua infernal tentação e comungar este sangrento cálice
de Altareth. Um dos álbuns mais prepotentes do ano está aqui, no acrimonioso
obscurantismo exalado pelo colectivo sueco. Percam-se e poluam-se nas suas intermináveis trevas.
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