segunda-feira, 20 de maio de 2024

Review: 🤡 Great Fool - 'Resist' (2024) 🤡

★★★★

Com o seu epicentro localizado na cidade do Porto, chegam-nos as palpáveis ondas sísmicas provocadas pelos vibrantes Great Fool, que acabam de detonar o seu impactante álbum de estreia denominado ‘Resist’. Lançado sob as formas de CD e digital – ambas com o carimbo editorial de autor – este primeiro passo discográfico do quarteto português (que mais se assemelha a um salto olímpico) empurra o ouvinte – a passos apressados e decididos, palavras de ordem gritadas e punhos firmemente cerrados ao alto – para a turbulenta medula de um populoso, barulhento e acintoso motim. Fazendo de um fogoso, arenoso e provocante Desert Rock carburado à boa e velha moda dos 90’s, um electrizante, tóxico e escaldante Heavy Psych de insubordinação Garage e ainda um elegante, libidinoso e odoroso Blues Rock de contagiante balanço boogie as suas bandeiras e armas contestatárias, os Great Fool disseminam a sua doutrina revolucionária da pauta musical para as ruas da cidade. Combinando a sedutora fogosidade, a psicotrópica efervescência e a irresistível graciosidade trazidas de bandas como Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Slo Burn, Unida, Lowrider, Dozer, Fatso Jetson, Radio Moscow, JOY, The Black Wizards e Banquet, a ardente, irrequieta e irreverente sonoridade de ‘Resist’ tem a capacidade de nos sobreaquecer, estremecer e enlouquecer numa incansável, transpirada e indomável dança que nos mantém ligados à corrente do primeiro ao derradeiro tema. São 40 minutos fervilhados por uma intensa combustão lavrada por uma voz liderante de estirpe melódica, megafónica, felina e enfeitiçante, uma guitarra extraordinária – gaseificada pela crocante distorção do Fuzz e magicada pelo delirante pedal wah-wah – que se desdobra em encaracolados, escorregadios, fugidios e torneados riffs de onde esvoaçam borbulhantes, ácidos e alucinantes solos, um baixo carnudo de umbrosas, bailantes, hipnóticas e polposas linhas desenhadas a negrito, e ainda uma bateria galopante de baquetas em chamas que tiquetaqueia e incendeia todos os temas com a sua enfática, vertiginosa, aparatosa e acrobática ritmicidade. O labiríntico e vistoso artwork de traço criativo, soberbamente detalhado e imensamente apelativo – onde os nossos olhos de pupilas dilatadas se perdem e encontram – aponta os seus créditos autorais à talentosa ilustradora portuguesa Echo Echo Illustrations. Este é um álbum bravo, ousado, excitante e tremendamente viciante que obriga o ávido ouvinte a reproduzi-lo vezes e vezes sem conta. ‘Resist’ é música de intervenção moderna usada para capitanear a revolução. Juntem-se a esta crescente rebelião de inconformados que resistem à tentação de cair nos braços da alienação e transformem o vosso mundo, desfazendo-se de velhos hábitos e crenças para que possam então criar algo novo, melhor e mais justo.

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