sábado, 3 de dezembro de 2016

Review: ⚡ Child - 'Blueside' (2016) ⚡

Child foi um sério caso de amor à primeira audição. Assim que no início de 2015 me cruzei com o seu hipnótico e estarrecedor álbum de estreia (devidamente elogiado aqui) tudo em mim respondeu de forma deslumbrada e apaixonada àquela doce, quente e requintada fragância sonora que se reconfortava na minha alma e a acariciava. Hoje, dois anos após o lançamento do seu disco homónimo, sinto-me impelido a renovar os mais sublimes louvores a este power-trio australiano pela criação do seu novo álbum apelidado de ‘Blueside’ e promovido pelo selo germânico Kozmik Artifactz nos formatos físicos de CD e vinil. Sustentado pela receita sonora usada na produção do seu primeiro álbum – onde um mélico, soberbo e sensual Heavy Blues regado e condimentado pelo cáustico efeito fuzz se espreguiça e envaidece – ‘Blueside’ é um disco que nos namora detidamente do primeiro ao último tema. Existe algo de verdadeiramente comovente na essência de Child que nos envolve, massaja, apazigua e embalsama num pleno estado de bem-estar. A sua sonoridade ardente, doce, elegante, aveludada e extraordinariamente encantadora conquista-nos com surpreendente facilidade e prontidão, embriagando o nosso olhar e estacionando-o no vazio, esculpindo um sorriso no nosso rosto e imortalizando a nossa cabeça sonolenta numa constante dança de ombro a ombro. A venerável e fascinante guitarra que se passeia livremente pela açucarada atmosfera de ‘Blueside’ presenteia-nos com extasiantes, aparatosos e serpenteantes solos de inenarrável beleza que nos excitam de forma extravagante, e galanteia-se com voluptuosos, etéreos e magnetizantes riffs que nos afagam e extasiam. Baloicem à boleia da reverberação cauterizante e torneada exalada por um baixo de linhas densas, robustas e dançantes, inquietem-se com a estimulante ritmicidade de uma bateria conduzida a delicadeza, sensibilidade e maestria, e dissolvam-se nos vocais verdadeiramente harmoniosos, lúbricos e arrebatadores que formoseiem ainda mais todo este extravagante cortejo de prazer em estado musical chamado de ‘Blueside’. Este é um álbum puramente divinal. Um álbum que me preenche, reveste e conduz a minha alma pelas extensíveis planícies do paraíso espiritual. Com este marcante contributo de Child, o ano musical de 2016 reforça o seu ego e assume-se como um dos espaços temporais mais férteis de sempre.  

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