Child foi
um sério caso de amor à primeira audição. Assim que no início de 2015 me cruzei
com o seu hipnótico e estarrecedor álbum de estreia (devidamente elogiado aqui)
tudo em mim respondeu de forma deslumbrada e apaixonada àquela doce, quente e requintada
fragância sonora que se reconfortava na minha alma e a acariciava. Hoje, dois anos
após o lançamento do seu disco homónimo, sinto-me impelido a renovar os mais
sublimes louvores a este power-trio
australiano pela criação do seu novo álbum apelidado de ‘Blueside’ e promovido pelo
selo germânico Kozmik Artifactz nos
formatos físicos de CD e vinil. Sustentado pela receita sonora usada na
produção do seu primeiro álbum – onde um mélico, soberbo e sensual Heavy Blues regado e condimentado pelo cáustico
efeito fuzz se espreguiça e envaidece
– ‘Blueside’
é um disco que nos namora detidamente do primeiro ao último tema. Existe algo
de verdadeiramente comovente na essência de Child que nos envolve, massaja, apazigua e embalsama num pleno estado
de bem-estar. A sua sonoridade ardente, doce, elegante, aveludada e extraordinariamente
encantadora conquista-nos com surpreendente facilidade e prontidão, embriagando
o nosso olhar e estacionando-o no vazio, esculpindo um sorriso no nosso rosto e
imortalizando a nossa cabeça sonolenta numa constante dança de ombro a ombro. A
venerável e fascinante guitarra que se passeia livremente pela açucarada atmosfera
de ‘Blueside’
presenteia-nos com extasiantes, aparatosos e serpenteantes solos de inenarrável
beleza que nos excitam de forma extravagante, e galanteia-se com voluptuosos, etéreos
e magnetizantes riffs que nos afagam
e extasiam. Baloicem à boleia da reverberação cauterizante e torneada exalada
por um baixo de linhas densas, robustas e dançantes, inquietem-se com a
estimulante ritmicidade de uma bateria conduzida a delicadeza, sensibilidade e
maestria, e dissolvam-se nos vocais verdadeiramente harmoniosos, lúbricos e arrebatadores
que formoseiem ainda mais todo este extravagante cortejo de prazer em estado
musical chamado de ‘Blueside’. Este é um álbum puramente divinal. Um álbum que me
preenche, reveste e conduz a minha alma pelas extensíveis planícies do paraíso
espiritual. Com este marcante contributo de Child, o ano musical de 2016 reforça o seu ego e assume-se como um
dos espaços temporais mais férteis de sempre.
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