Review: ⚡ Pershagen - ‘Tarfala’ (2018) ⚡

Da Suécia chega-nos o novo álbum do quarteto Pershagen apelidado de ‘Tarfala’. Depois de em 2016 ter absorvido e consequentemente elogiado o seu primeiro álbum ‘Den Siste Av Mitt Namn’ (review aqui), esta fascinante formação escandinava acaba de lançar o seu sucessor em formato digital e em formato físico de vinil (numa edição limitada a poucas centenas de cópias disponíveis) através da página oficial de Bandcamp. A receita sonora que dá gosto a este novo registo é a mesma já posta em prática nos seus antecessores: um relaxante, sublime, explorativo e deslumbrante Psych Rock em prazerosa e harmoniosa concordância com um narrativo, estético, cinematográfico e imaginativo Post Rock de aragem e aroma primaveril. A sua atmosfera intensamente onírica – que envolve e climatiza toda a longevidade do álbum – causa no ouvinte uma forte sensação de sedação que nos eteriza, deslumbra e suaviza do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 42 minutos empoeirados e saturados de um inebriante, adorável e comovente encantamento que nos embacia a lucidez e narcotiza os sentidos. Recostem-se confortavelmente, selem as pálpebras, respirem pausada e profundamente e sintam-se transcender ao som conjugado de uma guitarra sumptuosa que se ostenta em acordes afáveis, atraentes, paradisíacos e veneráveis, e solos transcendentes, fabulosos, extasiantes e luxuriosos, um baixo soberbamente contemplativo que se movimenta em linhas pausadas, robustas e lenitivas, uma agradável bateria jazzística orientada a um toque cintilante, polido, delicado e elegante, e ainda um singular e arrebatador pedal steel de uivantes, hipnóticos, irresistíveis e tocantes deambulações que empresta toda uma carismática, mística e magnetizante ambiência Western a este admirável e copioso álbum. ‘Tarfala’ é um registo forjado e adornado por uma estarrecedora suavidade, gentileza, capricho e beleza que lhe conferem toda uma desarmante excelência capaz de convencer e apaixonar o mais apático dos ouvintes. Na essência sonora de Pershagen passeia-se uma mágica, espirituosa e acolhedora aura que nos abraça, enfeitiça e namora com total fervor e expressividade. Inalem os perfumados, relaxantes e inebriantes ares que povoam e sobrevoam os verdejantes e ataráxicos horizontes de ‘Tarfala’, e testemunhem toda a radiosa e portentosa maviosidade de um dos discos mais melodiosos e adocicados de 2018.

Review: ⚡ Klandestin - 'Green Acid of Last Century' (2018) ⚡

Da cidade de Magelang (na Indonésia) chega-nos a psicotrópica, brumosa e monolítica exalação de Klandestin, com o seu poderoso álbum de estreia ‘Green Acid of Last Century’. Lançado no passado mês de Abril e promovido pelo selo discográfico local Hellas Records nos formatos físicos de CD e cassete, este registo vem nutrido de um pesado, morfínico, arrastado e tirânico Stoner Doom de tonalidade esverdeada que provoca no ouvinte efeitos em tudo semelhantes aos da inalação de cannabis. A sua sonoridade obscurecida, enigmática, absorvente e entorpecida – detentora de altos níveis de THC – tem o dom de nos envolver, intrigar e hipnotizar numa possante, vigorosa e provocante cavalgada que nos desmaia as pálpebras, tomba o semblante e balanceia o nosso corpo inebriado. São cerca de 42 minutos vividos numa profunda narcose que nos inunda e enterra a lucidez, sedando e massajando todos os nossos membros e sentidos. Enlameiem-se nos viscosos, nebulosos e embriagantes pântanos de Klandestin à fascinante boleia de uma guitarra viril conduzida e manobrada a riffs montanhosos, densos, lamacentos e ostentosos, e solos dilacerantes, gélidos e atordoantes, um baixo tenso de bafagem magnetizante, maciça, tenebrosa e reverberante que segue todas as pisadas da guitarra, uma bateria impetuosa de ritmicidade incisiva, explosiva e rumorosa, e ainda uma voz ecoante, translúcida e fecundante que nos mantém despertos nesta profunda e fumarenta hipnose. ‘Green Acid of Last Century’ é um álbum tremendamente alucinógeno que nos banha e ofusca de uma prazerosa e resplandecente lisergia. Testemunhem todo este religioso ritual de adoração à erva sagrada e comunguem toda uma meditativa, lenitiva e encantadora inércia que vos estacionará a alma num perfeito e imperturbável estádio de transe. Não é fácil recuperar a lucidez que Klandestin – de forma subtil – nos enfraquecera e subtraíra ao longo de todo este álbum. Percam-se na intimidade do seu torpor e inalem toda a redentora toxicidade de um dos discos mais enigmáticos lançados até ao momento em 2018.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Review: ⚡ Mr Bison - 'Holy Oak' (2018) ⚡

De Itália chega-nos ‘Holy Oak’, o novo álbum do tridente mediterrânico Mr Bison. Lançado hoje mesmo na forma física de CD e vinil pela mão do independente selo discográfico romano Subsound Records, este vultoso registo representava um dos meus mais sérios anseios no que à música diz respeito. Fundamentado num poderoso, fascinante, flamejante e ostentoso Heavy Blues – com indiscretos laivos de um perfumado, delirante e requintado Heavy Psych, e ainda tonificado e oleado por um prestigiado, enérgico, robusto e ritmado Hard Rock de essência clássica –  este maravilhoso álbum alberga uma sonoridade tremendamente agradável, afável e cativante que nos mantém a ele hipnotizados e atrelados do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 45 minutos temperados e ruborizados e conduzidos a harmonia, ritmicidade, vigor e ferocidade. Sintam-se transcender a um encantador estádio de bem-estar à boleia de duas guitarras movidas a elegância que se perdem e encontram por entre riffs imponentes, montanhosos, sumptuosos e provocantes, e solos estonteantes, alucinógenos, sublimes e inflamantes, uma voz felina de rugidos ardentes, ásperos, intensos e picantes, e uma bateria criativa, viva e dinâmica – de galope explosivo, emotivo e cintilante – que tiquetaqueia e esporeia toda esta reverberante, dominadora e euforizante cavalgada. O simpático artwork que tão bem enverga, maquilha e embeleza o rosto deste álbum pertence ao inconfundível ilustrador sueco Robin Gnista. Deixem-se mitigar, absorver e extraviar na edénica e mística envolvência que climatiza e eteriza toda a longevidade de ‘Holy Oak’, e vivenciam com inteira fascinação, entrega a comoção um dos discos mais estéticos e marcantes de 2018.

Review: ⚡ Ambassador - '2' (2018) ⚡

Confesso-me um especial admirador do Rock setentista de origem argentina, e de um lote restrito das referências que me são mais relevantes nesta matéria, a primeira a vir à tona é indubitavelmente a de Pappo’s Blues. Conhecido por Pappo – o nome artístico de Norberto Napolitano – foi um dotado guitarrista, compositor e vocalista de Hard Rock / Heavy Blues que me fascinara e conquistara logo no primeiro contacto. E é nesta circunstância – de imensa devoção pela ofuscante destreza e musicalidade de Pappo – que vos falo do novo álbum da jovem banda argentina Ambassador designado ‘2’. Lançado no passado dia 18 de Maio em formato digital e de CD através da sua página oficial de Bandcamp, este disco ostenta toda uma carismática ode ao Heavy Blues forjado nos 70’s e a pesada influência de Pappo na ardente, erótica, aromática e estimulante sonoridade deste power-trio sediado na cidade de Buenos Aires é bem clara e imediata. Baseado num robusto, ritmado, clássico e dinâmico Hard Rock oleado e perfumado por um dançante, libidinoso, ostentoso e euforizante Heavy Blues fervido em efeito Fuzz, este ‘2’ é um álbum imensamente aliciante que nos envolve, revolve e encanta do primeiro ao último tema. Apesar da sua curta duração – cerca de 23 minutos – este registo sugere que seja ouvido e repetido por diversas vezes. Numa extravagante, harmoniosa, vistosa e magnetizante dança – fielmente resgatada dos dourados anos 70 – entre a tecnicidade, a delicadeza, a ligeireza e a sagacidade, os três instrumentos dialogam entre si, gerando e orientando toda uma adorável narrativa sonora verdadeiramente fascinante de ser ouvida e digerida. Fundamentado numa alma envelhecida – tingida e enferrujada de marcas revivalistas – ‘2’ é um registo sublimemente nutrido e conduzido à alucinante boleia de uma talentosa guitarra que se envaidece e enaltece por entre riffs sumptuosos, provocantes, exuberantes e caprichosos, e se excede na extraordinária criação de solos eróticos, serpenteantes, atordoantes e hipnóticos, um baixo tonificante de possantes, torneados, absorventes e agitados bailados reverberantes, uma sensacional bateria de natureza jazzística que se manifesta em incríveis, primorosas, aprazíveis e aparatosas acrobacias, e ainda uma voz enérgica, melódica e afável – de semelhanças com a tonalidade vocal do já supracitado Pappo – em perfeita integração com o restante instrumental. Este segundo e novo álbum de Ambassador foi-me uma agradável e impactante surpresa sonora que me capturara e arrebatara com tremenda celeridade e intensidade. Um disco pensado, esculpido e executado completamente à minha imagem ao qual irei regressar e ancorar a minha atenção vezes e vezes sem conta.

Review: ⚡ High Priestess - 'High Priestess' (2018) ⚡

Do coração californiano – a grande e populosa cidade de Los Angeles – chega-nos o admirável e venerável álbum de estreia (e que estreia!) do tridente feminino High Priestess. Lançado muito recentemente pelo produtivo e influente selo discográfico Ripple Music em formato digital e nos formatos físicos de CD e vinil, este disco homónimo vem revestido e fortalecido por um astral, místico e devocional Psych Doom de atmosfera meditativa, envolvente e lenitiva que nos hipnotiza, afaga e eteriza. A sua sonoridade profética – abençoada e adornada pela misticidade e religiosidade oriental – tem o dom de nos envolver, intrigar e prontamente converter em seus devotos peregrinos. Uma caravana ritualística que nos distende das bronzeadas e aveludadas dunas de um deserto ancestral até às vertiginosas e brumosas profundezas do espaço sideral. São cerca de 41 minutos – fragmentados pelos 6 temas que o incorporam – governados e liderados por uma enigmática liturgia de onde se insurge uma guitarra messiânica – conduzida a riffs majestosos, tenebrosos, deslumbrantes, obscuros e poderosos, e solos uivantes, alucinógenos e serpenteantes – sombreada e escoltada por um vigoroso e ostentoso baixo de reverberação densa, carregada, torneada e intensa, uma bateria cativante, pesada, compassada e retumbante – de ritmicidade tanto demorada e relaxante, como explosiva e euforizante -, e uns vocais celestiais, melódicos, translúcidos e espectrais que se dissolvem e atropelam mutuamente. De destacar ainda pela positiva o prodigioso, expressivo e vistoso artwork – superiormente pensado e ilustrado pela habilidosa artista norte-americana Caitlin Mattisson – que tão bem conjuga com a sublime musicalidade deste fascinante power-trio californiano. ‘High Priestess’ é um álbum de natureza divinal que nos canoniza, arrebata e eterniza no seu universo sacramental. Banhem-se na obscura luminosidade de High Priestess e comunguem um dos registos mais adoráveis de 2018.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Review: 💫 Jesus the Snake, TAU & Colour Haze 💫

Com a invejável responsabilidade de abrir aquela cerimoniosa e inolvidável noite primaveril na cidade do Porto, a jovem banda natural de Vizela (Braga) fez por merecer toda a confiança nela depositada pela entidade promotora do evento. Com a principal sala do Hard Club ainda a receber as primeiras pessoas, os Jesus the Snake subiam ao palco, recolhiam e afinavam os seus instrumentos, e iniciavam a sua admirável odisseia que se distendia dos mais quentes, arenosos e bronzeados desertos aos lugares mais gélidos, secretos e inóspitos do Cosmos embriagado. Com o seu EP de estreia (falado e reverenciado aqui) posto em prática, o quarteto avançou sem qualquer inibição para uma fascinante atmosfera sonora – marcadamente influenciada pelos eternos Pink Floyd (na sua fase Pompeii’eana) – de onde sobressai um relaxante, contemplativo e deslumbrante Psych Rock que nos seda e ameniza, um viajante, etéreo e envolvente Space Rock que nos faz cabecear os mais distantes e solitários astros, e um elegante, perfumado e apaixonante Prog Rock que nos seduz e conduz ao longo de toda esta edénica digressão espacial. E foi ao volante de uma guitarra governada por riffs ostentosos e solos delirantes, uma bateria explosiva e galopante, um baixo hipnótico e dançante, e um teclado sublime e intrigante que a plateia inalava e exteriorizava todo aquele prazeroso misticismo. Jesus the Snake ao vivo foi(-me) uma estreia muito agradável que convencera e conquistara todos aqueles que testemunharam uma das mais promissoras bandas de origem lusitana.


Na segunda posição do alinhamento perfilavam-se os germânicos TAU – trazidos pelos seus compatriotas Colour Haze – e deles esperava-se uma sagrada e envolvente peregrinação pelas aveludadas, ondulantes e alaranjadas dunas de um deserto que se esperneia na direcção de um Sol vigilante. O quarteto sediado na capital de Berlim não demorou a derramar toda uma sedutora ambiência arábica e na plateia começavam a avistar-se os primeiros corpos a serpentearem-se numa detida e exuberante dança. Era essa a resposta instintiva ao lenitivo, magnetizante e contemplativo Krautrock de essência étnica, aliado e dissolvido num pastoril, adorável e primaveril Folk de textura oriental. Na génese dos devotos desertos sonoros de TAU estavam duas guitarras que se entrelaçavam em acordes repetitivos, afáveis e sedativos, e se eriçavam na emancipação de solos gritantes, caóticos e alucinantes, um baixo orientado a linhas pausadas, oscilantes e carregadas, uma bateria de compasso tribal, e ainda uma voz simpática e melodiosa que coloria e aquecia toda a bucólica musicalidade destes sultões de origem europeia. No final deste santificado ritual os nossos corpos e sentidos pendulavam e combatiam ainda a profunda e febril inércia – tingida a morfina – que nos havia embriagado e orientado ao longo de todo o concerto. Mas os Colour Haze estavam prestes a entrar em palco e isso fazia dissipar toda a ressaca pelos TAU deixada em nós.


Colour Haze em palco, corações ao alto. E é na hora de narrar e transcrever para a escrita toda esta apoteótica e inesquecível performance, que mesmo os mais grandiosos e elogiosos adjectivos se confessam tímidos e inseguros com o peso da responsabilidade que esta tão hercúlea tarefa ostenta. Da minha parte era a 4ª vez que assistia ao fenómeno Colour Haze ao vivo, mas tudo em mim se comportava como se da primeira tratasse. E se muitos rotulavam impossível a missão de superar toda a arrebatadora sublimidade transpirada pela banda na passada edição do festival Sonic Blast (review aqui), a mesma não precisou de muito tempo em palco para mostrar que os mais cépticos estavam perfeitamente enganados. Logo aos primeiros vislumbres de “She Said” toda a plateia que lotava a sala do Hard Club entrava num pleno e intenso estádio de perfeito transe do qual não mais saiu durante toda a duração do concerto. Foi em frente a uma projecção alquimista onde borbulhavam e se passeavam cores berrantes e padrões delirantes (a fazer lembrar toda a mágica ambiência que ornamentava a San Francisco scene nos psicadélicos anos 60) e na carismática e encantadora companhia de um teclista, que este extraordinário power-trio de instrumentos empunhados deu força à tese embandeirada e doutrinada por tantos que os classificam como a melhor banda europeia do lado underground da música Rock. Numa superiormente cozinhada e orquestrada passeata de passada larga pela sua imaculada discografia, esta histórica formação alemã contagiou, embriagou e euforizou todo uma imensa mancha humana ansiosa por vivenciar algo assim. Na plateia resplandecia erotismo por todos os nossos poros e um imperturbável clima de êxtase estava instaurado. Fora do palco enfrentava-se como se podia toda aquela arrebatadora radiação e foi com ruidoso gáudio que se respondeu e comungou temas como “Aquamaria”, “Überall”, “Tempel” e “Transformation”. As pálpebras tombavam, as cabeças pendulavam e os corpos ondulavam e embatiam uns nos outros. Uma verdadeira ode epicurista onde só a ataraxia se respirava. O feiticeiro Stefan Koglek dominava todo o radioso, fascinante, ostentoso e comovente psicadelismo de Colour Haze ao volante de uma guitarra magistral e endeusada que se manifestava na sumptuosa edificação de desarmantes, lascivos e ofuscantes acordes e se superava na sublime condução de solos alucinantes, labirínticos e empolgantes que cresciam, fervilhavam e explodiam numa ardente e atordoante comoção, Philipp Rasthofer de baixo firmado, olhar selado e postura recatada passeava-se livre e graciosamente pela sua tensa reverberação tricotada a linhas pulsantes, torneadas e bailantes, enquanto que o talentoso e assombroso baterista Manfred Merwald – de baquetas firmemente empunhadas – brindava todos os presentes com a sua tecnicidade orientada a delicadeza, vigor e explosividade – num estilo peculiar entre os domínios do Samba e do Jazz – ao longo de uma magnífica performance com a durabilidade de 2 horas. E o melhor ainda estava para vir. Os Colour Haze ergueram os seus instrumentos na direcção da plateia incendiada pelo entusiasmo e abandonaram o palco debaixo de um aplauso ensurdecedor. Adivinhava-se um encore. E o mesmo não só se confirmou como aos meus ouvidos representou o melhor encore testemunhado em toda a minha vida. A banda regressava a palco com a garantia de que iria finalizar a noite com dois clássicos, e por entre o público sentia-se que algo muito especial se avizinhava. Mas antes de prosseguir, é justo revelar que “House of Rushammon” é o meu tema favorito de Colour Haze. E assim que o Stefan Koglek ainda a solo começa a dedilhar os acordes iniciais dessa verdadeira obra prima, tudo em mim estremeceu. Estava completamente assombrado, perplexo e arrepiado por tudo o que aquele momento encerrava e em mim representava. Inflamado por uma insuportável excitação que me vibrara e enfeitiçara até ao final do tema, murmurei para mim mesmo a letra do tema, como entrei numa orgásmica erupção à boleia do solo final. E como se isso não bastasse já para selar aquela que havia sido uma das exibições mais impactantes da minha vida, Colour Haze avança para o seu hino oficial: “Love”. Ninguém estava preparado para algo assim. As pessoas sorriam entre si, de olhar adormecido e alma radiosa e subjugada a todo o encantamento radiado pelo momento, e no final a banda recebera uma glorificante e rumorosa homenagem com direito a demoradas vénias e um ensurdecedor aplauso que parecia não cessar. Essa foi a melhor forma de terminar um concerto verdadeiramente paradisíaco que ultrapassara largamente todas as fronteiras da perfeição. Um concerto de natureza épica que certamente será levado por todos nós pela vida fora. Pois nem o esquecimento se esquecerá de o lembrar.

* Um agradecimento especial à Maria João Ferreira (downclose) pelo registo fotográfico.