sábado, 30 de novembro de 2019
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
Review: ⚡ Zone Six - 'Kozmik Koon' (2019) ⚡
Com mais de duas décadas de produtiva
existência, o emblemático tridente germânico Zone Six prepara-se agora
para dar seguimento à sua inesgotável capacidade de exploração musical,
acrescentando mais um título à sua já populosa discografia. Com o seu
lançamento oficial agendado para o próximo dia 6 de dezembro na forma física de
CD e vinil através da insuspeita editora discográfica alemã Sulatron Records,
este novo álbum de estúdio designado de ‘Kozmik Koon’ vem
oxigenado por uma misteriosa mas fascinante atmosfera alienígena de onde
facilmente se reconhece um viajante, meditativo e purificante Space Rock
e um envolvente, enigmático e eloquente Krautrock tingidos e ungidos por
um desarmante psicadelismo de propensão astral. De corpo relaxado, olhar
eclipsado e alma embriagada é-nos desatada a consciência e içada até aos mais recônditos
e longínquos territórios de um Cosmos bocejante. Uma evolutiva, fabulosa e
criativa odisseia espacial que nos permite alcançar e mapear novas zonas do negrume
sideral que subsistem e envelhecem no solitário anonimato. Embalados e canonizados
pela mística profecia estelar de ‘Kozmik Koon’, somos visitados
por uma perdurável e imperturbável sensação de bem-estar que nos mitiga os
sentidos do primeiro ao último minuto. São cerca de 45 minutos aureolados por
uma purificante ambiência trazida do lado sombreado da Lua. Um misterioso ritual
liderado e perpetuado pelos astros, que prontamente nos seduz e conduz através
de uma profunda hipnose. De pés enraizados no solo terrestre e cabeça soterrada
na vertigem cósmica, somos enfeitiçados, colhidos e extasiados por uma guitarra
sublimada que se transcende e multiplica em solos ecoantes, lisérgicos, gélidos
e deslumbrantes, um morfínico baixo que se agiganta, adensa e serpenteia em linhas
pulsantes, hipnóticas e bafejantes, uma bateria tribalista e cintilante de cadência
repetitiva e embalante, um messiânico sintetizador de hálito intoxicante e catalisador,
e ainda toda uma mágica profusão de berrantes, insanos e gritantes efeitos especiais que
sondam e amplificam os siderais gritos das estrelas. ‘Kozmik Koon’
é um álbum verdadeiramente atraente que nos deixa à deriva – absortos e
impressionados pelo seu intenso exotismo – numa realidade estrangeira à conhecida
e vivida. Deixem-se capturar, consagrar e permeabilizar pelo etéreo
psicadelismo de Zone Six e vivenciem com firme comprometimento e arrebatamento uma das obras
mais inspiradas da sua história.
Links:
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➥ Sulatron Records
➥ Website Oficial
➥ Sulatron Records
terça-feira, 26 de novembro de 2019
domingo, 24 de novembro de 2019
Review: ⚡ Satorinaut - 'A Micro Trip from the Studio to Outer Spaces and Beyond' (2019) ⚡
Da grande e populosa cidade-capital
de Budapeste (Hungria) chegam-nos as intoxicantes, intergalácticas
e atordoantes jam’s do recém-formado tridente cosmonauta Satorinaut
com o seu empolgante álbum de estreia apelidado de ‘A Micro Trip from the
Studio to Outer Spaces and Beyond’. Lançado e promovido no final de Setembro exclusivamente
em formato digital e com a possibilidade de download gratuito através da
sua página de Bandcamp oficial, este registo de longa duração – tal como
o nome sugere – convida o ouvinte a um vertiginoso mergulho na vastidão
cósmica, driblando-o pelo abraço gravitacional dos astros, dissolvendo-o nas aparatosas,
poeirentas e coloridas nebulosas, e catapultando-o até às costuras fronteiriças
de um solitário espaço astral vendado pela obscuridade. De olhar selado, cabeça
tombada sobre o peito, sentidos sedados e consciência exorcizada e esvaída pelo
solo alienígena, somos hipnotizados e deslumbrados pelas espaçosas, temulentas,
imersivas e aventurosas jam’s instrumentais – maquilhadas e centrifugadas
por um electrizante, ácido e contagiante Heavy Psych a fazer lembrar os
texanos Tia Carrera ou os parisienses Domadora – que se hasteiam,
esperneiam e desdobram ao longo dos 62 minutos que balizam este álbum. Soterrados
numa profunda e febril narcose, é-nos instintivo oscilar os membros à boleia rítmica
da psicotrópica ondulação promovida por uma encantadora guitarra que se ultrapassa
na alucinante e ziguezagueante condução de solos extravagantes, labirínticos, ciclónicos
e estonteantes, um baixo de murmurante, pesada e narcotizante reverberação
afunilada através de linhas sombreadas, densas e onduladas, e uma entusiástica bateria
locomovida a um toque cintilante, explosivo, incisivo e flamejante. Admito que
já sentia saudades de um álbum integralmente lavrado ao criativo e exploratório
improviso dos três instrumentos-reis, e – portanto – esta emocionante estreia
de Satorinaut causara em mim um efeito catártico como que chuva no
deserto. Este é um álbum saturado de uma adrenalina contida que nos mantém
fascinados e extasiados do primeiro ao derradeiro minuto. Deixem-se sublimar, mumificar
e inquietar pelo delirante exotismo irradiado pelo ‘A Micro Trip from the
Studio to Outer Spaces and Beyond’ e embarquem numa fabulosa odisseia espiritual
que vos banhará e embriagará de uma nirvânica ataraxia. Exponham-se à tóxica radiação
de Satorinaut e vivenciem sem qualquer amarra ou inibição um dos álbuns mais
arrebatadores do ano.
Links:
➥ Bandcamp
➥ Bandcamp
sábado, 23 de novembro de 2019
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
Review: ⚡ Hazemaze - 'Hymns of the Damned' (2019) ⚡
Da cidade-capital de Estocolmo
(Suécia) chegam-nos os renovados ecos Black Sabbath’icos
do tridente nórdico Hazemaze. Depois de no passado ano de 2018 se terem
estreado com o seu ovacionado álbum homónimo (aqui devidamente desconstruído e
reverenciado), esta jovem formação escandinava ressurge agora com a tão
esperada promoção do seu segundo trabalho de longa duração designado de ‘Hymns
of the Damned’. Oficialmente lançado hoje mesmo em formato digital e sob
a forma física de vinil (através da editora discográfica dinamarquesa Cursed
Tongue Records) e CD (através do selo discográfico norte-americano Ripple
Music), este novo álbum de Hazemaze vem assombrado e dominado por um
enigmático, lutuoso, poderoso e litúrgico Proto-Doom de adoração
ocultista e inspiração setentista que se mistura por entre a vistosa locomoção
de um ostentoso, sobranceiro, carismático e imperioso Hard Rock de roupagem combativa e paladar revivalista. Fundamentado numa sonoridade verdadeiramente intrigante,
demoníaca, esfíngica e apavorante, ‘Hymns of the Damned’ obscurece,
entristece e profana a alma do ouvinte, convertendo-a e enclausurando-a nas
masmorras da misantropia. De semblante horrorizado, corpo sedado e pupilas
dilatadas somos persuadidos a participar num místico e luciférico ritual de sacrifícios
destinados ao lado eclipsado da religiosidade. São 42 minutos capitaneados por uma
guitarra imperativa de narcotizantes, monolíticos, sombreados e magnetizantes Riffs
corroídos e inflamados pelo urticante efeito Fuzz e golpeados por lampejantes,
ácidos, incisivos e atordoantes solos, um baixo fibrótico de reverberação pulsante,
torneada, carregada e pujante que escurece e robustece o Riff-base, uma
bateria fogosa, impetuosa e rutilante de galope demorado, rumoroso, poderoso e
encorpado que tiquetaqueia e esporeia toda esta cavalaria pesada às ordens das
trevas, e ainda uma voz dilacerante, azedada, distorcida e enfeitiçante que com
a sua forte radiância nos alvorece e faroliza pelos amaldiçoados e intimidantes
desígnios de ‘Hymns of the Damned’. De engrandecer ainda o fabuloso
artwork de créditos apontados ao talentoso ilustrador australiano NickPotts que confere rosto a este bizarro e tentador ritual de natureza pagã. ‘Hymns
of the Damned’ é um álbum de beleza esotérica que colocará à prova a
firmeza da nossa devoção religiosa. Deixem-se cair em tentação.
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Review: ⚡ Cholo Visceral - ‘Live at Woodstaco’ (2019) ⚡
Gravado ao vivo na passada edição
de 2018 do afamado festival chileno Woodstaco, o registo ‘Live at
Woodstaco’ produzido e conduzido pelos peruanos Cholo Visceral conhece
agora a luz do dia com o seu lançamento oficial tanto em formato digital
através da plataforma Bandcamp como também na forma física de vinil (este
reduzido a uma prensagem ultra-limitada de apenas 200 cópias existentes) pela
mão do produtivo selo discográfico Necio Records. Levando a palco todos
os temas pertencentes ao seu homónimo álbum de estreia (lançado em 2013), este adorável
colectivo sediado na cidade-capital de Lima aguçara o apetite de todos
os presentes com o seu serpenteante, arábico, erótico e extravagante Progressive
Rock de inspiração Jethro Tull’esca aliado a um fascinante,
místico, edénico e viajante Psychedelic Rock de encanto mântrico que de
forma ousada e fluída se aproxima de um refrescante, dançante e tropical Funk.
A sua sonoridade revivalista, romanesca, ritualista e epopeica – rendilhada e aromatizada
a uma ambiência verdadeiramente enfeitiçante – tem o dom de nos maravilhar,
embevecer e sobrevoar pelos purpúreos céus da velha Pérsia. Emoldurado pelo vibrante e vivificante
entusiasmo transpirado pelo público presente, ‘Live at Woodstaco’
simboliza toda uma faustosa, endeusada e gloriosa digressão pelos aveludados,
contemplativos e bronzeados desertos sauditas. São 36 minutos – que balizam os
quatro temas desdobrados em palco – integralmente condimentados, fervidos e
climatizados por uma magnetizante, sublimada e embriagante aura que nos faz
desejar ter estado de corpo presente no festival Woodstaco e sentidos hasteados,
convertidos e levados ao sabor de Cholo Visceral. Diluam-se nas
profundezas desta ofuscante simbiose instrumental à boleia de uma guitarra xamânica
que se manifesta em acordes sumptuosos e virtuosos solos, um baixo orgânico e diligente
de bafagem densa, ondulada e ardente, uma estimulante bateria de sensibilidade,
perícia e vaidade jazzísticas, um mágico sintetizador de misteriosos e
glamorosos efeitos espaciais, e ainda uma sensual flauta transversal de extravagantes,
luxuosos, aparatosos e provocantes bailados que prontamente nos remetem ao icónico
Ian Anderson (líder dos históricos Jethro Tull). É-me ainda
essencial distender o elogio ao portentoso artwork – superiormente ilustrado
pelo artista latino Rodrigo Mori Franco – que confere toda uma ambiência
simultaneamente tribal e astral a este apaixonante registo ao vivo. ‘Live
at Woodstaco’ prende e ostenta na perfeição toda a imersiva sedução
doutrinada por estes druidas nativos do Perú. Empoderem-se nele.
Links:
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➥ Necio Records
➥ Festival Woodstaco
➥ Bandcamp
➥ Necio Records
➥ Festival Woodstaco
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Review: ⚡ Dhidalah - ‘Threshold 発端’ (2019) ⚡
Depois de em 2017 ter experienciado e aqui largamente elogiado o adorável EP de estreia ‘No
Water’ – premiando-o mesmo como um dos melhores EP’s desse ano
(listagem completa aqui) – sinto-me agora impelido a renovar esta incontida
apologia ao tridente nipónico Dhidalah, que acabara de disponibilizar
para escuta integral o seu muito esperado primeiro trabalho de longa duração. Apesar
do seu lançamento oficial estar agendado apenas para o próximo dia 30 do
presente mês de Novembro pela mão do influente selo discográfico Guruguru
Brain em formato físico de vinil, 'Threshold’ estreara hoje o seu formato digital
através da página de Bandcamp e eu prontifiquei-me a digeri-lo sem
demoras. Natural da cidade-capital de Tóquio, esta jovem e muito auspiciosa
banda japonesa desenvolvera uma fascinante alquimia sonora que conjuga a bizarra
excentricidade da carismática formação germânica Ash Ra Tempel com a arrojada
incandescência dos contemporâneos californianos Earthless. Tendo como
base um cativante, hipnótico, enigmático e dançante Krautrock de clara propensão
estelar que nos tomba as pálpebras, balanceia o corpo e massaja o cerebelo, a
musicalidade de ‘Threshold’ desenvolve-se indiscreta e progressivamente
para os chamejantes domínios de um efervescente, místico, esquizofrénico e
alucinante Heavy Psych temperado a um intenso e berrante experimentalismo
de idioma alienígena que nos desenraíza a consciência e a arremessa violentamente
na vertiginosa direcção da intimidade cósmica. Uma profunda e enlouquecedora
narcose na qual embarcamos e não mais regressamos. Empoeirem-se nas brumosas e
coloridas nebulosas de ‘Threshold’ e embalem nesta vertigem
sensorial à boleia de um baixo deliciosamente Krauty que se conduz e
seduz por linhas pulsantes, sinuosas, densas e magnetizantes, uma empolgada e
turbulenta bateria de galope atiçado, veemente e desenfreado, um enfeitiçante sintetizador
de encantadores coros celestiais, e uma guitarra exploratória que se serpenteia
em portentosos, obscuros, arábicos e poderosos Riffs de onde se libertam
descontrolados, ácidos, rutilantes e excitados solos de toxicidade a perder de
vista. Num plano de destaque secundário e presença limitada a apenas um dos
temas, está uma atormentada voz enclausurada, distorcida e soterrada na densa radiação
noisy que vigia e governa toda a atmosfera do álbum. ‘Threshold’
é um registo varrido por múltiplos ciclones tecidos a endorfina. Um disco de consumo
impróprio para cardíacos que deixará todos os seus ouvintes de pupilas
dilatadas, corpos transpirados e respiração ofegante. Deixem-se dissolver na
psicotrópica demência de Dhidalah e contagiar pelo sónico exotismo
destilado pelo seu impactante álbum de estreia.
Links:
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➥ Guruguru Brain
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➥ Guruguru Brain
domingo, 17 de novembro de 2019
sábado, 16 de novembro de 2019
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
Review: ⚡ Love Your Witch - ‘If You Love Your Witch Kill Her’ (2019) ⚡
Da inesperada cidade mediterrânica
de Tel Aviv chega-nos o impetuoso e auspicioso álbum de estreia do jovem
e irreverente power-trio israelita Love Your Witch. Lançado exclusivamente
em formato digital no já distante solo primaveril pela mão do influente selo
discográfico local Reality Rehab Records, este ‘If You Love Your
Witch Kill Her’ vem pontapeado, enegrecido e demonizado por uma
explosiva combinação entre um poderoso, obscuro, denso e tenebroso Stoner
Doom de fumarenta e esverdeada bafagem Electric Wizard'eana e um desenfreado, abrasivo, viril e acicatado Thrash Metal de rugidos a fazer lembrar os saudosos Pantera. A
sua sonoridade de vocação ritualística e enigmática – tanto acelerada como
desacelerada – tem o dom de nos agredir e detonar numa incontida e saturada
euforia, como de nos amordaçar e sepultar num morfínico estádio de profunda e amaldiçoada lassidão.
E é essa bem-sucedida conjugação de ânimos tão contrastados que faz de ‘If You Love
Your Witch Kill Her’ um álbum detentor de uma natureza extraordinariamente
imersiva que nos prende e fascina do primeiro ao derradeiro tema. São 50
minutos submergidos e fervidos num vulcânico e borbulhante caldeirão, apimentados
a uma intensa e desarmante ferocidade, e apaladados por uma hipnótica e
intrigante essência de aparência demoníaca. De coração destravado, pulmões
ofegantes, maxilares firmemente cerrados e cabeça detidamente entregue a um violento
e incessante movimento rodopiante, somos varridos pela luciférica e ciclónica
ressonância de Love Your Witch à alucinante boleia de uma guitarra profana
que se agiganta em imponentes, tirânicos, obscurecidos e angustiantes Riffs
à boa moda de Dimebag Darrell (Pantera) e se acidifica em solos
viandantes, desvairados, gélidos e delirantes, um baixo volumoso de fibrótica,
despótica e pesada reverberação, uma bombástica bateria de ritmicidade
esfaimada, e uma voz felina, escarpada e enfurecida que – com os seus incandescentes
clamores – se desintegra da veemência e efervescência instrumental. De destacar
ainda pela positiva o fabuloso artwork de créditos apontados ao inconfundível
e inimitável David Paul Seymour que transpusera para o universo visual
tudo aquilo que a sonoridade de Love Your Witch encerra e ostenta. Alcanço o final de ‘If You Love Your Witch Kill Her’ de alma completamente crivada e esgotada pela sua fúria. Vivenciem com empolado entusiasmo esta notável
estreia dos israelitas Love Your Witch e deixem-se cair na sua influente e demoníaca tentação.
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➥ Reality Rehab Records
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