sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Review: ⚡ The Dues - 'Ghosts of the Past' (2019) ⚡

Depois de em 2017 ter ficado pasmado com ‘Time Machine’ (devidamente reverenciado aqui), premiando-o mesmo como um dos melhores álbuns nascidos nesse mesmo ano (listagem completa aqui), o talentoso tridente suíço The Dues acaba de lançar hoje mesmo o seu novo álbum apelidado de ‘Ghosts of the Past’ e promovido em formato digital e sob a forma física de CD e vinil pela mão das editoras discográficas locais Sixteentimes Music e Czar of Crickets Productions. Tratando-se de um dos registos por mim mais aguardados de 2019, prontifiquei-me sem demoras a experienciá-lo na íntegra e devo já antecipar que o mesmo extravasara largamente as mais altas e elogiosas expectativas a ele previamente dedicadas. Natural de Winterthur (Zurique) este fascinante e entusiástico power-trio incendeia-se num poderoso, chamejante, afrodisíaco e ostentoso Heavy Blues de roupagem e fragância revivalistas, que homenageia – de forma irrepreensível e exemplar – velhas e carismáticas referências como Rory Gallagher, Ten Years After, ZZ Top, Cactus, Cream, Led Zeppelin ou The Jimi Hendrix Experience. A sua sonoridade fervorosa, requintada, irresistível e vistosa passeia-se envaidecida e graciosamente por uma equilibrada conjugação entre o dinamismo, a imaginação e o tecnicismo. De olhar semi-cerrado, sorriso imperturbável e cabeça baloiçada de ombro a ombro, somos enfeitiçados, contagiados e abalados pela apurada e sublimada virtuosidade que este fabuloso ‘Ghosts of the Past’ transpira e destila por todos os seus poros. Nesta lasciva combustão de destreza, subtileza e emoção vem ao de cima a desarmante destreza de uma guitarra endeusada que se mexe e remexe na apaixonante condução de majestosos, presunçosos, expressivos e espirituosos Riffs de onde germinam e florescem voluptuosos, serpenteantes, alucinantes e espalhafatosos solos, a dançante reverberação de um baixo diligente que se movimenta por entre linhas torneadas, sinuosas, vaidosas e sombreadas, a inquietante sagacidade de uma bateria circense que se enleva e sobressai à boleia de provocantes, aparatosas, revoltosas e estonteantes acrobacias, e ainda a fresca vivacidade de uma voz avinagrada, melódica e enregelada que confere uma isolada acidez à vulcânica efervescência borbulhada pelo instrumental. ‘Ghosts of the Past’ é um álbum movido, fervido e nutrido a um intenso e saturado entusiasmo que nos liberta e atesta de adrenalina. Um disco previsivelmente pensado e forjado à minha imagem e que certamente estará perfilado por entre os mais venerados e elogiados registos lançados no presente ano.

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