Depois de em 2017 ter ficado
pasmado com ‘Time Machine’ (devidamente reverenciado aqui),
premiando-o mesmo como um dos melhores álbuns nascidos nesse mesmo ano
(listagem completa aqui), o talentoso tridente suíço The Dues
acaba de lançar hoje mesmo o seu novo álbum apelidado de ‘Ghosts of the
Past’ e promovido em formato digital e sob a forma física de CD e vinil
pela mão das editoras discográficas locais Sixteentimes Music e Czar of
Crickets Productions. Tratando-se de um dos registos por mim mais
aguardados de 2019, prontifiquei-me sem demoras a experienciá-lo na íntegra e
devo já antecipar que o mesmo extravasara largamente as mais altas e elogiosas
expectativas a ele previamente dedicadas. Natural de Winterthur (Zurique)
este fascinante e entusiástico power-trio incendeia-se num poderoso,
chamejante, afrodisíaco e ostentoso Heavy Blues de roupagem e fragância
revivalistas, que homenageia – de forma irrepreensível e exemplar – velhas e
carismáticas referências como Rory Gallagher, Ten Years After, ZZ
Top, Cactus, Cream, Led Zeppelin ou The Jimi
Hendrix Experience. A sua sonoridade fervorosa, requintada, irresistível e
vistosa passeia-se envaidecida e graciosamente por uma equilibrada conjugação entre
o dinamismo, a imaginação e o tecnicismo. De olhar semi-cerrado, sorriso
imperturbável e cabeça baloiçada de ombro a ombro, somos enfeitiçados, contagiados
e abalados pela apurada e sublimada virtuosidade que este fabuloso ‘Ghosts
of the Past’ transpira e destila por todos os seus poros. Nesta lasciva
combustão de destreza, subtileza e emoção vem ao de cima a desarmante destreza
de uma guitarra endeusada que se mexe e remexe na apaixonante condução de majestosos,
presunçosos, expressivos e espirituosos Riffs de onde germinam e
florescem voluptuosos, serpenteantes, alucinantes e espalhafatosos solos, a
dançante reverberação de um baixo diligente que se movimenta por entre linhas torneadas,
sinuosas, vaidosas e sombreadas, a inquietante sagacidade de uma bateria
circense que se enleva e sobressai à boleia de provocantes, aparatosas, revoltosas
e estonteantes acrobacias, e ainda a fresca vivacidade de uma voz avinagrada,
melódica e enregelada que confere uma isolada acidez à vulcânica efervescência
borbulhada pelo instrumental. ‘Ghosts of the Past’ é um álbum movido,
fervido e nutrido a um intenso e saturado entusiasmo que nos liberta e atesta
de adrenalina. Um disco previsivelmente pensado e forjado à minha imagem e que
certamente estará perfilado por entre os mais venerados e elogiados registos lançados
no presente ano.
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