sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Review: ⚡ Electric Feat - 'Electric Feat' (2020) ⚡

Da cidade-capital de Atenas (na Grécia) chega-nos o refinado, entusiástico e inspirado álbum de estreia do faustoso e muito auspicioso jovem quarteto helénico Electric Feat. Lançado muito recentemente sob a forma física de vinil e em formato digital através do selo discográfico seu compatriota Inner Ear Records, este charmoso, aprumado e deleitoso registo de designação homónima enverga um musculado, descontraído e lubrificado Hard Rock de roupagem clássica e maquilhado por um ácido psicadelismo de raiz sessentista, um dançante, erótico e provocante Heavy Blues de odor setentista e ainda um intrigante, ensombrado e hipnotizante Proto-Doom de indiscreta vocação Black Sabbath’ica. A sua sonoridade de simetria elegante, vistosa, prazerosa e imensamente contagiante – tingida a um carismático e aromático revivalismo – pavoneia-se de forma tentadora, provocando no ouvinte toda uma ofuscante fascinação que lhe inebria os sentidos e uma inestancável salivação que lhe atesta a boca e os ouvidos. De alma siderada e corpo detidamente envolvido e revolvido numa dança serpenteante, somos absorvidos, incitados e canalizados pela harmoniosa, contagiosa, extravagante, deslumbrante e libidinosa manifestação deste exótico cabaret brilhantemente orquestrado por uma guitarra alterosa que se ensoberbece na sublime orientação de cavalheirescos, opulentos, apoteóticos e romanescos Riffs de nuance Led Zeppelin’esca, e se endoidece na vibrante libertação de solos profusos, pornográficos, enfáticos e garbosos, um bafejante, denso e dominante baixo soberbamente groovy de linhas empoladas, latejantes, flutuantes e torneadas, uma empolgada bateria de atordoantes acrobacias cuidadosa e irrepreensivelmente executadas a graciosidade, leveza, subtileza e habilidade, e ainda um afagante, excepcional e liderante vozeirão de aparência fervorosa, melódica, trovadora e volumosa – situada por entre os ensolarados rugidos de Robert Plant, a gélida acidez de Ozzy Osbourne e o sóbrio lirismo de Jim Morrison – que agarra decididamente a maior fatia de protagonismo. De estender ainda os aplausos ao pitoresco e burlesco artwork devidamente ilustrado pelo artista grego Kostas Stergiou. Este ‘Electric Feat’ é um álbum de beleza lapidar, inteiramente climatizado por um flamejante, distinto e desarmante primor, que me prendera, embevecera e maravilhara sem a mais pequena réstia de inibição. Deixem-se embeber, namorar e arrebatar pela mística, feérica e edénica virtuosidade destilada de Electric Feat e vivenciem de forma vivida e apaixonada um dos mais surpreendentes trabalhos desabrochados nesta ainda fresca e orvalhada primavera de 2020.

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 Inner Ear Records

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Review: ⚡ CB3 - 'Aeons' (2020) ⚡

Originário da cidade sueca de Malmö, o fascinante e talentoso power-trio de essência puramente instrumental CB3 (acrónimo de Charlottas Burning Trio) está na iminência de apresentar o seu novo álbum designado ‘Aeons’ através da mão do influente selo discográfico de raiz nórdica The Sign Records. Tendo o seu lançamento integral e oficial agendado para a próxima sexta-feira (28 de Fevereiro) sob a forma digital, de CD e vinil, fora-me dada a honrosa e irrecusável oportunidade de o experienciar com uma considerável antecedência, e o que se segue representa toda uma sentida e apaixonada dissertação pensada e redigida ainda com o álbum em processo de digestão. Norteado e condimentado por um serpenteante, hipnótico, cósmico e provocante Prog Rock de bussola apontada aos clássicos britânicos King Crimson, um pulsante, esponjoso, libidinoso e magnetizante Krautrock sintonizado na mesma frequência dos lendários germânicos CAN, um envolvente, profético, sidérico e eloquente Psychedelic Rock de aroma Pink Floyd’eano, e ainda um exuberante, místico, ritualístico e delirante Jazz-Fusion de discretas aproximações aos épicos Mahavishnu Orchestra, este ousado e inspirado ‘Aeons’ causara em mim um intenso estádio de arrebatamento logo na primeira audição que lhe dedicara. A sua sonoridade de pele camaleónica e clima enigmático distende-se das bronzeadas, quentes e aveludadas dunas que mareiam o Deserto do Saara aos mais recônditos, gélidos e soterrados domínios do profundo negrume celestial. De olhar siderado, pálpebras pesadas, cabeça pendulante, e alma enfeitiçada somos capturados e viajados pela edénica e epidémica sublimidade de CB3. Uma fabulosa e aventurosa odisseia pela desmedida vastidão do nosso universo interior farolizada por uma guitarra exploratória que se engrandece na estonteante condução de flutuantes, fibrosos, oleosos e entusiasmantes Riffs, e ecoantes, alucinógenos e viajantes solos movidos a um experimentalismo alienígena, um baixo denso, tenso e sombreado de linhas possantes, torneadas, empoladas e palpitantes, e uma bateria acrobática e jazzística de toque galopante, polido, delicado e flamejante. Num plano secundário é-me ainda essencial enfatizar a surpreendente e carismática presença no derradeiro tema de um melódico e exótico saxofone de uivos berrantes, soturnos, sedosos e atordoantes que confere toda uma aura grotesca a este majestoso trabalho forjado pelo trio escandinavo. ‘Aeons’ é uma obra magistral, bafejada e conjugada pela sagacidade, delicadeza, destreza e sensibilidade, que decerto agradará e conquistará todos aqueles que nela se refugiarem. Um disco verdadeiramente vistoso, epopeico e delicioso de fio a pavio. Tombem as pálpebras, dilatem as narinas e inalem a mágica, perfumada e catártica nebulosidade exalada pelos CB3. Seguramente um dos mais relevantes álbuns de 2020 está aqui, na caprichosa, esplendorosa e renovada criação deste habilidoso tridente ofensivo que se reinventa em cada concepção discográfica.

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 The Sign Records

Review: ⚡ Charivari - 'Descent' (2020) ⚡

Da cidade inglesa de Bath chega-nos ‘Descent’, o irreprovável e adorável álbum de estreia do quarteto Charivari. Com o seu nascimento oficial agendado para o próximo dia 28 do presente mês (sexta-feira) através do recém-formado selo discográfico alemão Worst Bassist Records na forma física de CD e vinil, esta bonita obra da muito promissora formação britânica vem sobrevoada, envolvida e climatizada por um deslumbrante, hipnótico, onírico e apaziguante Shoegaze de indiscreta inspiração trazida dos icónicos Slowdive, um atmosférico, evolutivo, criativo e sidérico Post-Rock tingido a psicadelismo e ocasionalmente distorcido pelo Noise-Rock, e ainda um contagiante, suado, ritmado e inebriante Post-Punk à velha moda de uns históricos Joy Division. Esta bem-sucedida conjugação de géneros musicais – aliada à mistura de contrastados estados sentimentais – resulta numa melódica, imersiva e melancólica sonoridade que nos embruma, eteriza e canaliza a alma através de uma sagrada, sublimada e purificante hipnose sem regresso garantido. De pálpebras semi-seladas, narinas dilatadas, sorriso desenhado no rosto, corpo mitigado e espiritualidade ofuscada por um intenso estádio de transe, somos absorvidos, petrificados e enfeitiçados pela maviosa, emotiva, nirvânica e melosa beleza superiormente destilada pelos Charivari. Uma aventurosa, entretida e prazerosa digressão pela infinidade sensorial levada nas asas de duas guitarras sonhadoras que se entrelaçam na condução de ternurentos, tocantes, plácidos e temulentos acordes e desenlaçam na libertação de solos ecoantes, gélidos, delirados e penetrantes, um murmurante e magnetizante baixo de pacífica ondulação reverberante, uma cativante bateria que com a sua ritmicidade flamejante, explosiva e cintilante nos mantém os sentidos despertos e vigilantes, e uma voz delicada, harmoniosa e aveludada que – perseguida e sombreada de luz por um espectral e angelical coro vocal – capitaneia toda esta edénica e feérica lisergia via auditiva. ‘Descent’ é um álbum verdadeiramente maravilhoso que nos desamarra a consciência da gravidade terrestre e a mergulha na profunda e vertiginosa direcção do intrigante, negro e bocejante Cosmos. Não será fácil regressar do universo encantado de Charivari e recuperar a lucidez que nos fora subtraída e diluída pela vastidão espacial. Uma catártica e divina terapia sonora para um espírito desejoso de experienciar algo assim.

Review: ⚡ Lowrider - ‘Refractions’ (2020) ⚡

Com apenas um álbum e dois EP’s gravados e lançados na já longínqua e derradeira viragem para o presente século XXI, os popularmente consagrados Lowrider conquistaram e cimentaram um invejável estatuto de banda lendária por entre a crescente comunidade integrante do movimento vulgarmente apelidado de Stoner Rock. E se nem um extenso jejum de duas décadas longe dos estúdios de gravação estremecera e enfraquecera essa prestigiante posição ostentada pela formação sueca, o surpreendente anúncio de um novo álbum fizera com que os corações de todos aqueles que a elevam a divindade se agitassem e retumbassem de entusiasmada expectativa. ‘Refractions’ é o título deste tão suspirado e exultado regresso de Lowrider aos trabalhos discográficos que a emergente editora Blues Funeral Recordings tratara hoje mesmo de promover nos formatos físicos de CD e vinil. E se na realidade são vinte anos que separam o histórico e apoteótico álbum de estreia ‘Ode To Io’ (MeteorCity, 2000) deste seu tão celebrado sucessor, ‘Refractions’ vem atestado do mesmo combustível que propulsionara e glorificara os Lowrider no seu meteórico começo de carreira, criando – assim – no nosso imaginário, toda uma ludibriante noção de estreitamento temporal que desarticula os nascimentos destes dois registos. Sustentada e norteada por um musculoso, vibrante, trovejante e rumoroso Heavy Rock de carregados e sombreados rugidos Doom’escos que se alia a um ensolarado, inflamante, provocante e harmonizado Desert Rock à boa moda dos 90’s, a bronzeada, vulcânica e saturada sonoridade de ‘Refractions’ sacode-nos, cega-nos e remete-nos para as infindáveis, apreciáveis e poeirentas estradas de um calejado e fervilhante deserto à alucinante e purificante boleia de um furioso, potente e ruidoso Muscle Car que – deixando na sua retaguarda toda uma densa e extensa bruma de poeira – progride a galopante e atordoante velocidade na vertiginosa direcção de um bocejante, corado e inebriante Sol de estação crepuscular que se debruça e desmaia no chamejante, desfocado e ofuscante firmamento. Na génese desta monstruosa combustão estão duas titânicas guitarras motorizadas, capitaneadas a monolíticos, abrasados, fibrosos e graníticos Riffs espinhados pelo corrosivo efeito Fuzz, e ziguezagueantes, gritantes, delirados e uivantes solos de elevada toxicidade, um imponente baixo de bafejantes, pesadas, sombrias, encorpadas e ressonantes descargas, uma forte e galopante bateria esporeada e apimentada a uma intensa explosividade rítmica, um aromático, carismático e majestoso Hammond que dá cobertura melódica a um dos temas integrantes, e ainda uma voz mélica, incandescente e sidérica transpirada e despontada das entranhas deste feroz vulcão em constante erupção. De destacar ainda pela positiva o fabuloso artwork brilhantemente ilustrado pelo talentoso e criativo artista germânico Max Löffler que confere assim rosto a uma das obras mais ansiadas dos últimos anos. ‘Refractions’ é um irresistível álbum de contornos epopeicos, do tamanho e simetria das grandiosas expectativas a ele previamente dedicadas, que não só conquistará todos os seus ouvintes, como estará seguramente espelhado por entre os melhores álbuns confeccionados em 2020.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Review: ⚡ Pink Cigs - ‘Pink Cigs’ (2020) ⚡

É ainda de espírito tomado e acalorado pelo intenso entusiasmo provocado pelos britânicos Pink Cigs que escrevo estas palavras apaixonadas, dedicadas ao seu impactante álbum de estreia. De designação homónima e lançado no princípio do passado mês de Janeiro exclusivamente em formato digital através da sua página de Bandcamp oficial, este primeiro trabalho de longa duração hasteado pelo pujante quarteto natural da cidade inglesa de Sheffield vem escudado e inflamado por um poderoso, possante, elegante e oleoso Classic Rock de feições e trajes revivalistas, em vibrante cumplicidade com um tenebroso, enigmático, sorumbático e ostentoso Proto-Metal de convocatória setentista. Resultada da estrondosa e gloriosa conjugação entre a dourada graciosidade e a ofuscante sagacidade resplandecidas e suadas de uns icónicos Led Zeppelin com a enegrecida densidade e luciférica toxicidade rugidas e fumegadas de uns legendários Black Sabbath ou Pentagram, a hipnotizante, mastodôntica e euforizante sonoridade de Pink Cigs provocara e conservara em mim toda uma adorável, turbulenta e inesgotável efervescência que me arrebatara, embevecera e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 34 minutos integralmente pensados e executados à minha imagem. Uma monstruosa dosagem de pura adrenalina via auditiva que me possuíra, enfeitiçara e rejubilara a alma sedenta de algo assim. À alucinante boleia sonora de uma arrojada, enlouquecedora, avassaladora e destravada locomotiva que desbrava toda uma frenética, vertiginosa e acrobática montanha-russa, somos atropelados e excitados por duas guitarras titânicas, feéricas e afrodisíacas que se unificam na monolítica ascensão de Riffs musculados, vulcânicos, tirânicos, triunfantes e aferventados, e se entrançam e perseguem na trepidante canalização de ziguezagueantes, desenfreados, tresloucados, avinagrados e inflamantes solos, sombreados e intimidados por um corpulento e volumoso baixo de linhas bafejantes, expressivas, altivas e pulsantes, esporeados e provocados pela ávida galopada de uma tonitruante bateria carburada a uma despachada, frenética, hiperativa e obstinada ritmicidade de violenta explosividade imprópria para cardíacos, purificados e refrescados pelos vocais fragosos, melódicos, ácidos e fibróticos que cavalgam e alvoroçam toda a extensão deste flamejante, vulcânico e fumegante ‘Pink Cigs’. Este é um álbum genuinamente libidinoso, inefável e vivificante. Uma obra pornográfica, regada a gasolina e lavrada a combustão, que me inquietara e exorcizara numa sensorial erupção. Na pesada e delongada ressaca em mim perpetuada pelo mesmo, tudo em mim grita que estou na presença de um dos mais fortes candidatos a álbum do ano. Incensurável e imaculado aos meus ouvidos e restantes sentidos.

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Review: ⚡ Hypnotic Floor - ‘Foggy Bog Eyes’ (2020) ⚡

Da cidade-capital de Viena (Áustria) chega-nos o ensolarado, perfumado e adorável álbum de estreia do jovem quarteto Hypnotic Floor. Intitulado de ‘Foggy Bog Eyes’ e muito recentemente lançado tanto em formato digital (com a opção de download gratuito) como numa edição de produção autoral sob a forma física de vinil, este fabuloso, esmerado e auspicioso registo vem sobrevoado e aureolado por um deslumbrante, aromatizado, bucólico e calmante Psychedelic Rock de paladar sessentista e roupagem West Coast, um lenitivo, hipnotizante, narcotizante e meditativo Krautrock de projecção astral, e ainda um bocejante, tímido, desértico e embriagante Blues Rock de maquilhagem revivalista que ocasionalmente se agiganta, robustece e aferventa à boleia do efeito Fuzz. Todo este afagante, prazeroso e apaixonante sortido sonoro é brilhantemente conjugado e uniformizado por uma ofuscante, delirante, delicada e afrodisíaca fluidez que nos massaja o cerebelo, relaxa os membros e atordoa os sentidos. De pálpebras pesadas e semi-seladas, cabeça embriagada e demoradamente arremessada de ombro a ombro, sorriso desenhado e petrificado no rosto de tez corada, e alma integralmente sedada, abraçada e revestida por uma reconfortante, catártica e incessante sensação de doce e plena ataraxia, somos farolizados, irrigados e enfeitiçados por uma intensa luzência caleidoscópica que nos estarrece, bronzeia e entontece do primeiro ao derradeiro tema. São 38 minutos encharcados e mareados por uma alucinógena resplandecência aliada a uma lúcida sonolência que desvendam e distendem no nosso imaginário frescas, desanuviadas e verdejantes paisagens pintadas a colorações primaveris, saturadas, distorcidas e banhadas pelo fervilhante bafo de um vespertino Sol que se debruça e desmaia no firmamento. Na composição deste exótico cocktail estão duas guitarras camaleónicas que se cruzam na criação de agradáveis, sorridentes e veneráveis acordes facilmente digeríveis, e descruzam na extravagante orientação de serpenteantes, ácidos e borbulhantes solos, um murmurante baixo de linhas relaxadas, onduladas e flutuantes, uma descontraída bateria de ritmicidade cuidada, fascinante e apaixonada, e ainda a tímida presença de uns vocais estivais, translúcidos, aveludados e joviais que se passeiam livremente pela radiosa e portentosa atmosfera de ‘Foggy Bog Eyes’. De estender ainda palavras elogiosas ao detalhado, inspirado e novelesco artwork de créditos apontados à ilustradora Moni Niederlechner que confere toda uma espirituosa moldura de simetria vintage a esta irresistível obra levada a cabo pelos austríacos Hypnotic Floor. Este formoso álbum conserva em si toda uma sublimada, imersiva e consumada beleza, e em mim a madura convicção de que estou mesmo na presença de um dos trabalhos mais caprichosos, admiráveis e irretocáveis de 2020.

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Review: ⚡ Loyds Trip - ‘Loyds Trip’ EP (2020) ⚡

Da populosa cidade inglesa de Sheffield chega-nos o selvático e fervilhante EP de estreia da recém-formada banda Loyds Trip. Exclusivamente lançado em formato digital através da sua página de Bandcamp oficial e com a sempre apreciável opção de download gratuito, este cativante registo de designação homónima e curta duração fumega um musculado, enérgico, bruto e torneado Heavy Rock de aroma vintage que prontamente nos remete para os clássicos britânicos Jerusalem, em erótica cumplicidade com um inflamante, acintoso, rumoroso e provocante Heavy Blues de indiscretas aproximações aos irreverentes californianos Blue Cheer, e ainda um destravado, turbulento, rebelde e apimentado Proto-Punk à boa moda dos icónicos The Stooges. A sua sonoridade vigorosa, expressiva, ácida e impetuosa agiganta-se e amotina-se num estonteante turbilhão que nos infesta e atesta de pura e febril adrenalina. São sensivelmente 13 minutos integralmente lavrados e agredidos por uma guitarra jupiteriana que se obscurece e engrandece na intimidante elevação e ostentação de Riffs montanhosos, trovejantes, exasperantes e volumosos, e se alvorece e estarrece na catártica libertação e condução de serpenteantes, rústicos, empoeirados e uivantes solos trazidos das velhas margens do rio Mississippi onde o Delta-Blues desabrochara, um tenso e corpulento baixo de bafejo ardente, pesado, carregado e erodente, uma dinâmica, vulcânica e potente bateria de ofuscante, apressada e excitante orientação rítmica, e ainda uma voz oxidada, áspera, espinhosa e avinagrada que consuma todo este explosivo e urticante cocktail sonoro. ‘Loyds Trip’ é um entusiástico, arrojado, viril e bombástico EP em constante actividade sísmica e combustão que nos deixa arquejantes, esporeia e acelera os batimentos cardíacos, e sacode violenta e freneticamente a cabeça na sua alucinante perseguição. É de membros e sentidos completamente temulentos, transpirados e extenuados que alcanço o final desta gritante e impactante detonação via auditiva superiormente imposta pela jovem formação britânica. Deixem-se tentar, absorver, enlouquecer e amotinar pela colérica, luciférica e pervertida saturação de Loyds Trip e respondam como puderem perante toda esta vibrante, obscena, sulfurosa e abundante ebulição.

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