sábado, 29 de fevereiro de 2020
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
Review: ⚡ Electric Feat - 'Electric Feat' (2020) ⚡
Da cidade-capital de Atenas
(na Grécia) chega-nos o refinado, entusiástico e inspirado álbum de
estreia do faustoso e muito auspicioso jovem quarteto helénico Electric Feat.
Lançado muito recentemente sob a forma física de vinil e em formato digital através do selo
discográfico seu compatriota Inner Ear Records, este charmoso, aprumado e
deleitoso registo de designação homónima enverga um musculado, descontraído e lubrificado
Hard Rock de roupagem clássica e maquilhado por um ácido psicadelismo de raiz sessentista, um dançante, erótico e provocante Heavy
Blues de odor setentista e ainda um intrigante, ensombrado e hipnotizante Proto-Doom de
indiscreta vocação Black Sabbath’ica. A sua sonoridade de
simetria elegante, vistosa, prazerosa e imensamente contagiante – tingida a um
carismático e aromático revivalismo – pavoneia-se de forma tentadora, provocando
no ouvinte toda uma ofuscante fascinação que lhe inebria os sentidos e uma inestancável
salivação que lhe atesta a boca e os ouvidos. De alma siderada e corpo detidamente
envolvido e revolvido numa dança serpenteante, somos absorvidos, incitados e canalizados
pela harmoniosa, contagiosa, extravagante, deslumbrante e libidinosa manifestação deste exótico
cabaret brilhantemente orquestrado por uma guitarra alterosa que se ensoberbece
na sublime orientação de cavalheirescos, opulentos, apoteóticos e romanescos Riffs
de nuance Led Zeppelin’esca, e se endoidece na vibrante libertação
de solos profusos, pornográficos, enfáticos e garbosos, um bafejante, denso e dominante
baixo soberbamente groovy de linhas empoladas, latejantes, flutuantes e
torneadas, uma empolgada bateria de atordoantes acrobacias cuidadosa e irrepreensivelmente
executadas a graciosidade, leveza, subtileza e habilidade, e ainda um afagante,
excepcional e liderante vozeirão de aparência fervorosa, melódica, trovadora e
volumosa – situada por entre os ensolarados rugidos de Robert Plant, a gélida
acidez de Ozzy Osbourne e o sóbrio lirismo de Jim Morrison – que
agarra decididamente a maior fatia de protagonismo. De estender ainda os aplausos
ao pitoresco e burlesco artwork devidamente ilustrado pelo artista grego
Kostas Stergiou. Este ‘Electric Feat’ é um álbum de beleza
lapidar, inteiramente climatizado por um flamejante, distinto e desarmante
primor, que me prendera, embevecera e maravilhara sem a mais pequena réstia de inibição. Deixem-se embeber, namorar e arrebatar pela mística, feérica e edénica virtuosidade destilada de Electric
Feat e vivenciem de forma vivida e apaixonada um dos mais surpreendentes trabalhos
desabrochados nesta ainda fresca e orvalhada primavera de 2020.
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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
Review: ⚡ CB3 - 'Aeons' (2020) ⚡
Originário da cidade sueca
de Malmö, o fascinante e talentoso power-trio de essência puramente
instrumental CB3 (acrónimo de Charlottas Burning Trio) está na
iminência de apresentar o seu novo álbum designado ‘Aeons’ através
da mão do influente selo discográfico de raiz nórdica The Sign Records. Tendo
o seu lançamento integral e oficial agendado para a próxima sexta-feira (28 de
Fevereiro) sob a forma digital, de CD e vinil, fora-me dada a honrosa e irrecusável
oportunidade de o experienciar com uma considerável antecedência, e o que se
segue representa toda uma sentida e apaixonada dissertação pensada e redigida ainda com o
álbum em processo de digestão. Norteado e condimentado por um serpenteante,
hipnótico, cósmico e provocante Prog Rock de bussola apontada aos
clássicos britânicos King Crimson, um pulsante, esponjoso, libidinoso e
magnetizante Krautrock sintonizado na mesma frequência dos lendários germânicos
CAN, um envolvente, profético, sidérico e eloquente Psychedelic Rock
de aroma Pink Floyd’eano, e ainda um exuberante, místico,
ritualístico e delirante Jazz-Fusion de discretas aproximações aos
épicos Mahavishnu Orchestra, este ousado e inspirado ‘Aeons’
causara em mim um intenso estádio de arrebatamento logo na primeira audição que
lhe dedicara. A sua sonoridade de pele camaleónica e clima enigmático distende-se
das bronzeadas, quentes e aveludadas dunas que mareiam o Deserto do Saara aos
mais recônditos, gélidos e soterrados domínios do profundo negrume celestial.
De olhar siderado, pálpebras pesadas, cabeça pendulante, e alma enfeitiçada somos
capturados e viajados pela edénica e epidémica sublimidade de CB3. Uma fabulosa e aventurosa odisseia pela desmedida vastidão do nosso universo interior farolizada por uma
guitarra exploratória que se engrandece na estonteante condução de flutuantes, fibrosos,
oleosos e entusiasmantes Riffs, e ecoantes, alucinógenos e viajantes solos
movidos a um experimentalismo alienígena, um baixo denso, tenso e sombreado de
linhas possantes, torneadas, empoladas e palpitantes, e uma bateria acrobática
e jazzística de toque galopante, polido, delicado e flamejante. Num
plano secundário é-me ainda essencial enfatizar a surpreendente e carismática presença
no derradeiro tema de um melódico e exótico saxofone de uivos berrantes, soturnos,
sedosos e atordoantes que confere toda uma aura grotesca a este majestoso
trabalho forjado pelo trio escandinavo. ‘Aeons’ é uma obra magistral,
bafejada e conjugada pela sagacidade, delicadeza, destreza e sensibilidade, que
decerto agradará e conquistará todos aqueles que nela se refugiarem. Um disco
verdadeiramente vistoso, epopeico e delicioso de fio a pavio. Tombem as
pálpebras, dilatem as narinas e inalem a mágica, perfumada e catártica nebulosidade
exalada pelos CB3. Seguramente um dos mais relevantes álbuns de 2020 está aqui,
na caprichosa, esplendorosa e renovada criação deste habilidoso tridente ofensivo que se reinventa em cada concepção discográfica.
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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
Review: ⚡ Charivari - 'Descent' (2020) ⚡
Da cidade inglesa de Bath
chega-nos ‘Descent’, o irreprovável e adorável álbum de estreia
do quarteto Charivari. Com o seu nascimento oficial agendado para o
próximo dia 28 do presente mês (sexta-feira) através do recém-formado selo
discográfico alemão Worst Bassist Records na forma física de CD e vinil,
esta bonita obra da muito promissora formação britânica vem sobrevoada,
envolvida e climatizada por um deslumbrante, hipnótico, onírico e apaziguante Shoegaze
de indiscreta inspiração trazida dos icónicos Slowdive, um atmosférico,
evolutivo, criativo e sidérico Post-Rock tingido a psicadelismo e
ocasionalmente distorcido pelo Noise-Rock, e ainda um contagiante, suado,
ritmado e inebriante Post-Punk à velha moda de uns históricos Joy
Division. Esta bem-sucedida conjugação de géneros musicais – aliada à
mistura de contrastados estados sentimentais – resulta numa melódica, imersiva
e melancólica sonoridade que nos embruma, eteriza e canaliza a alma através de
uma sagrada, sublimada e purificante hipnose sem regresso garantido. De pálpebras semi-seladas, narinas
dilatadas, sorriso desenhado no rosto, corpo mitigado e espiritualidade
ofuscada por um intenso estádio de transe, somos absorvidos, petrificados e
enfeitiçados pela maviosa, emotiva, nirvânica e melosa beleza superiormente destilada pelos Charivari. Uma aventurosa, entretida e prazerosa digressão pela infinidade
sensorial levada nas asas de duas guitarras sonhadoras que se entrelaçam na
condução de ternurentos, tocantes, plácidos e temulentos acordes e desenlaçam na
libertação de solos ecoantes, gélidos, delirados e penetrantes, um murmurante e
magnetizante baixo de pacífica ondulação reverberante, uma cativante bateria que
com a sua ritmicidade flamejante, explosiva e cintilante nos mantém os sentidos
despertos e vigilantes, e uma voz delicada, harmoniosa e aveludada que –
perseguida e sombreada de luz por um espectral e angelical coro vocal – capitaneia toda
esta edénica e feérica lisergia via auditiva. ‘Descent’ é um álbum
verdadeiramente maravilhoso que nos desamarra a consciência da gravidade
terrestre e a mergulha na profunda e vertiginosa direcção do intrigante, negro
e bocejante Cosmos. Não será fácil regressar do universo encantado de Charivari
e recuperar a lucidez que nos fora subtraída e diluída pela vastidão espacial.
Uma catártica e divina terapia sonora para um espírito desejoso de experienciar algo
assim.
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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020
domingo, 23 de fevereiro de 2020
sábado, 22 de fevereiro de 2020
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020
Review: ⚡ Lowrider - ‘Refractions’ (2020) ⚡
Com apenas um álbum e dois EP’s
gravados e lançados na já longínqua e derradeira viragem para o presente século
XXI, os popularmente consagrados Lowrider conquistaram e cimentaram um
invejável estatuto de banda lendária por entre a crescente comunidade integrante
do movimento vulgarmente apelidado de Stoner Rock. E se nem um extenso
jejum de duas décadas longe dos estúdios de gravação estremecera e enfraquecera
essa prestigiante posição ostentada pela formação sueca, o surpreendente anúncio
de um novo álbum fizera com que os corações de todos aqueles que a elevam a
divindade se agitassem e retumbassem de entusiasmada expectativa. ‘Refractions’
é o título deste tão suspirado e exultado regresso de Lowrider aos trabalhos
discográficos que a emergente editora Blues Funeral Recordings tratara
hoje mesmo de promover nos formatos físicos de CD e vinil. E se na realidade
são vinte anos que separam o histórico e apoteótico álbum de estreia ‘Ode
To Io’ (MeteorCity, 2000) deste seu tão celebrado sucessor, ‘Refractions’
vem atestado do mesmo combustível que propulsionara e glorificara os Lowrider
no seu meteórico começo de carreira, criando – assim – no nosso imaginário, toda
uma ludibriante noção de estreitamento temporal que desarticula os nascimentos destes dois registos. Sustentada e norteada por um musculoso, vibrante,
trovejante e rumoroso Heavy Rock de carregados e sombreados rugidos Doom’escos
que se alia a um ensolarado, inflamante, provocante e harmonizado Desert
Rock à boa moda dos 90’s, a bronzeada, vulcânica e saturada sonoridade de ‘Refractions’
sacode-nos, cega-nos e remete-nos para as infindáveis, apreciáveis e poeirentas
estradas de um calejado e fervilhante deserto à alucinante e purificante boleia
de um furioso, potente e ruidoso Muscle Car que – deixando na sua
retaguarda toda uma densa e extensa bruma de poeira – progride a galopante e
atordoante velocidade na vertiginosa direcção de um bocejante, corado e
inebriante Sol de estação crepuscular que se debruça e desmaia no chamejante,
desfocado e ofuscante firmamento. Na génese desta monstruosa combustão estão
duas titânicas guitarras motorizadas, capitaneadas a monolíticos, abrasados, fibrosos
e graníticos Riffs espinhados pelo corrosivo efeito Fuzz, e ziguezagueantes,
gritantes, delirados e uivantes solos de elevada toxicidade, um imponente baixo
de bafejantes, pesadas, sombrias, encorpadas e ressonantes descargas, uma forte
e galopante bateria esporeada e apimentada a uma intensa explosividade rítmica, um aromático, carismático e majestoso Hammond que dá cobertura melódica a um dos temas integrantes, e ainda uma voz mélica, incandescente e sidérica transpirada e despontada das
entranhas deste feroz vulcão em constante erupção. De destacar ainda pela positiva o fabuloso
artwork brilhantemente ilustrado pelo talentoso e criativo artista germânico Max Löffler que confere assim rosto a uma das obras mais ansiadas dos últimos
anos. ‘Refractions’ é um irresistível álbum de contornos epopeicos, do tamanho e simetria das grandiosas expectativas a ele previamente dedicadas, que não só conquistará
todos os seus ouvintes, como estará seguramente espelhado por entre os melhores
álbuns confeccionados em 2020.
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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Review: ⚡ Pink Cigs - ‘Pink Cigs’ (2020) ⚡
É ainda de espírito tomado e
acalorado pelo intenso entusiasmo provocado pelos britânicos Pink Cigs
que escrevo estas palavras apaixonadas, dedicadas ao seu impactante álbum de
estreia. De designação homónima e lançado no princípio do passado mês de Janeiro
exclusivamente em formato digital através da sua página de Bandcamp
oficial, este primeiro trabalho de longa duração hasteado pelo pujante quarteto
natural da cidade inglesa de Sheffield vem escudado e inflamado por um poderoso,
possante, elegante e oleoso Classic Rock de feições e trajes revivalistas, em vibrante
cumplicidade com um tenebroso, enigmático, sorumbático e ostentoso Proto-Metal
de convocatória setentista. Resultada da estrondosa e gloriosa conjugação entre a
dourada graciosidade e a ofuscante sagacidade resplandecidas e suadas de uns icónicos
Led Zeppelin com a enegrecida densidade e luciférica toxicidade rugidas e
fumegadas de uns legendários Black Sabbath ou Pentagram, a hipnotizante,
mastodôntica e euforizante sonoridade de Pink Cigs provocara e
conservara em mim toda uma adorável, turbulenta e inesgotável efervescência que
me arrebatara, embevecera e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. São cerca
de 34 minutos integralmente pensados e executados à minha imagem. Uma monstruosa dosagem
de pura adrenalina via auditiva que me possuíra, enfeitiçara e rejubilara a
alma sedenta de algo assim. À alucinante boleia sonora de uma arrojada, enlouquecedora, avassaladora e destravada locomotiva que desbrava toda uma frenética, vertiginosa
e acrobática montanha-russa, somos atropelados e excitados por duas guitarras titânicas,
feéricas e afrodisíacas que se unificam na monolítica ascensão de Riffs
musculados, vulcânicos, tirânicos, triunfantes e aferventados, e se entrançam e perseguem na trepidante
canalização de ziguezagueantes, desenfreados, tresloucados, avinagrados e inflamantes solos,
sombreados e intimidados por um corpulento e volumoso baixo de linhas bafejantes,
expressivas, altivas e pulsantes, esporeados e provocados pela ávida galopada
de uma tonitruante bateria carburada a uma despachada, frenética, hiperativa e
obstinada ritmicidade de violenta explosividade imprópria para cardíacos, purificados
e refrescados pelos vocais fragosos, melódicos, ácidos e fibróticos que
cavalgam e alvoroçam toda a extensão deste flamejante, vulcânico e fumegante ‘Pink
Cigs’. Este é um álbum genuinamente libidinoso, inefável e vivificante. Uma obra pornográfica, regada a
gasolina e lavrada a combustão, que me inquietara e exorcizara numa sensorial erupção.
Na pesada e delongada ressaca em mim perpetuada pelo mesmo, tudo em mim grita que
estou na presença de um dos mais fortes candidatos a álbum do ano. Incensurável
e imaculado aos meus ouvidos e restantes sentidos.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
Review: ⚡ Hypnotic Floor - ‘Foggy Bog Eyes’ (2020) ⚡
Da cidade-capital de Viena
(Áustria) chega-nos o ensolarado, perfumado e adorável álbum de estreia
do jovem quarteto Hypnotic Floor. Intitulado de ‘Foggy Bog Eyes’
e muito recentemente lançado tanto em formato digital (com a opção de download
gratuito) como numa edição de produção autoral sob a forma física de vinil,
este fabuloso, esmerado e auspicioso registo vem sobrevoado e aureolado por um deslumbrante,
aromatizado, bucólico e calmante Psychedelic Rock de paladar sessentista
e roupagem West Coast, um lenitivo, hipnotizante, narcotizante e
meditativo Krautrock de projecção astral, e ainda um bocejante, tímido,
desértico e embriagante Blues Rock de maquilhagem revivalista que
ocasionalmente se agiganta, robustece e aferventa à boleia do efeito Fuzz.
Todo este afagante, prazeroso e apaixonante sortido sonoro é brilhantemente conjugado
e uniformizado por uma ofuscante, delirante, delicada e afrodisíaca fluidez que
nos massaja o cerebelo, relaxa os membros e atordoa os sentidos. De pálpebras
pesadas e semi-seladas, cabeça embriagada e demoradamente arremessada de ombro a
ombro, sorriso desenhado e petrificado no rosto de tez corada, e alma integralmente
sedada, abraçada e revestida por uma reconfortante, catártica e incessante sensação
de doce e plena ataraxia, somos farolizados, irrigados e enfeitiçados por uma
intensa luzência caleidoscópica que nos estarrece, bronzeia e entontece do
primeiro ao derradeiro tema. São 38 minutos encharcados e mareados por uma
alucinógena resplandecência aliada a uma lúcida sonolência que desvendam e
distendem no nosso imaginário frescas, desanuviadas e verdejantes paisagens pintadas
a colorações primaveris, saturadas, distorcidas e banhadas pelo fervilhante
bafo de um vespertino Sol que se debruça e desmaia no firmamento. Na composição
deste exótico cocktail estão duas guitarras camaleónicas que se cruzam
na criação de agradáveis, sorridentes e veneráveis acordes facilmente digeríveis, e
descruzam na extravagante orientação de serpenteantes, ácidos e borbulhantes
solos, um murmurante baixo de linhas relaxadas, onduladas e flutuantes, uma descontraída
bateria de ritmicidade cuidada, fascinante e apaixonada, e ainda a tímida presença de uns vocais estivais,
translúcidos, aveludados e joviais que se passeiam livremente pela radiosa e portentosa atmosfera de ‘Foggy Bog Eyes’. De estender ainda palavras
elogiosas ao detalhado, inspirado e novelesco artwork de créditos
apontados à ilustradora Moni Niederlechner que confere toda uma espirituosa
moldura de simetria vintage a esta irresistível obra levada a cabo pelos
austríacos Hypnotic Floor. Este formoso álbum conserva em si toda uma
sublimada, imersiva e consumada beleza, e em mim a madura convicção de que estou mesmo na presença de um dos trabalhos mais caprichosos, admiráveis e irretocáveis de 2020.
domingo, 16 de fevereiro de 2020
sábado, 15 de fevereiro de 2020
Review: ⚡ Loyds Trip - ‘Loyds Trip’ EP (2020) ⚡
Da populosa cidade inglesa
de Sheffield chega-nos o selvático e fervilhante EP de estreia da
recém-formada banda Loyds Trip. Exclusivamente lançado em formato
digital através da sua página de Bandcamp oficial e com a sempre apreciável
opção de download gratuito, este cativante registo de designação homónima e curta duração fumega
um musculado, enérgico, bruto e torneado Heavy Rock de aroma vintage que prontamente nos remete para os clássicos britânicos Jerusalem, em erótica cumplicidade com um inflamante, acintoso, rumoroso e provocante Heavy
Blues de indiscretas aproximações aos irreverentes californianos Blue
Cheer, e ainda um destravado, turbulento, rebelde e apimentado Proto-Punk à
boa moda dos icónicos The Stooges. A sua sonoridade vigorosa,
expressiva, ácida e impetuosa agiganta-se e amotina-se num estonteante turbilhão
que nos infesta e atesta de pura e febril adrenalina. São sensivelmente 13 minutos integralmente lavrados e agredidos
por uma guitarra jupiteriana que se obscurece e engrandece na intimidante elevação
e ostentação de Riffs montanhosos, trovejantes, exasperantes e volumosos,
e se alvorece e estarrece na catártica libertação e condução de serpenteantes, rústicos, empoeirados e uivantes solos trazidos das velhas margens do rio Mississippi onde o Delta-Blues
desabrochara, um tenso e corpulento baixo de bafejo ardente, pesado, carregado
e erodente, uma dinâmica, vulcânica e potente bateria de ofuscante, apressada e
excitante orientação rítmica, e ainda uma voz oxidada, áspera, espinhosa e
avinagrada que consuma todo este explosivo e urticante cocktail sonoro. ‘Loyds
Trip’ é um entusiástico, arrojado, viril e bombástico EP em constante actividade
sísmica e combustão que nos deixa arquejantes, esporeia e acelera os batimentos
cardíacos, e sacode violenta e freneticamente a cabeça na sua alucinante
perseguição. É de membros e sentidos completamente temulentos, transpirados e extenuados
que alcanço o final desta gritante e impactante detonação via auditiva superiormente
imposta pela jovem formação britânica. Deixem-se tentar, absorver, enlouquecer e
amotinar pela colérica, luciférica e pervertida saturação de Loyds Trip
e respondam como puderem perante toda esta vibrante, obscena, sulfurosa e abundante ebulição.
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