domingo, 17 de maio de 2020

Review: ⚡ Horisont - 'Sudden Death' (2020) ⚡

O extraordinário quinteto sueco Horisont está finalmente de regresso com o seu tão ansiado ‘Sudden Death’ que fora muito recentemente lançado pela prolífica e afamada editora multinacional Century Media Records sob a forma física de CD e vinil. Depois de um começo discográfico essencialmente pautado pelas ardentes, vistosas e emocionantes galopadas à rédea solta, esta já consagrada formação nórdica – sediada na cidade de Gotemburgo – tem vindo a investir todo o seu tempo e disposição criativa no lado mais melódico, orquestral, estival e radiofónico do Classic Rock, primando por uma elaborada heterogeneidade musical que se vai uniformizando e amadurecendo de obra para obra. A sua sonoridade de aura carismática, apurada composição, fácil digestão e pronta fascinação – com indiscretos vestígios dos clássicos americanos Styx na sua fórmula – é conjugada no pretérito, ressuscitando a saudosa e gloriosa fragância revivalista do Hard Rock tricotado e sintonizado no final dos anos 70 e início dos anos 80. Um airoso, magnético e delicioso néctar via auditivo de roupagem e maquilhagem vintage que com o acumular de renovadas audições integrais nos vai namorando e conquistando de forma progressiva. Alternando entre apaixonantes, arrojadas e contagiantes cavalgadas de euforizante fogosidade, e melosas, sonhadoras e sumptuosas baladas de beleza pastoral, este ‘Sudden Death’ é superiormente orientado por duas guitarras magistrais de Riffs principescos, opulentos e novelescos, e solos ziguezagueantes, apoteóticos e berrantes, uma bateria perspicaz de marcha acrobática, pomposa e enfática, um hipnótico baixo de murmúrios ondeantes, sombreados e vagueantes, um piano sentimental de teclas saltitantes e passeatas deslumbrantes, um intrigante sintetizador criador de uma nebulosa atmosfera SCI-FI, um uivante saxofone de parcas mas extravagantes aparições, e ainda uma voz aveludada, melódica, aguda e avinagrada que tempera toda esta apaladada e opalescente iguaria com a sua ácida e aromatizada frescura. Este é um álbum verdadeiramente reconfortante e lapidar, detentor de uma refinada excentricidade capaz de nos acariciar, aguçar e regozijar os sentidos. Uma obra sobrevoada e vaporizada por uma ambiência quimérica que nos envolve, revolve e maravilha sem a mais pequena inibição. Estamos, portanto, na digna presença de mais um importante contributo musical que vem enriquecer uma Suécia de presente há muito virado para o passado. E sendo eu um incurável devoto da música Rock florescida nas velhas décadas de 1960 e 1970, registos como este ‘Sudden Death’ instauram em mim lúcidos vislumbres de uma dourada era de pureza e singeleza há muito perdidas, anexados por uma estranha e súbita sensação de espontânea e genuína nostalgia dedicada a algo que nunca presenciara fisicamente. Sinto que Horisont são uma daquelas raras bandas que – quer zarpem e velejem de velas içadas à boleia de qualquer um dos quatro ventos, distanciando-se, assim, do modelo sonoro a que me habituaram anteriormente – acabarão inevitavelmente a surpreender-me pela positiva.

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