O extraordinário quinteto
sueco Horisont está finalmente de regresso com o seu tão ansiado ‘Sudden
Death’ que fora muito recentemente lançado pela prolífica e afamada editora
multinacional Century Media Records sob a forma física de CD e vinil. Depois
de um começo discográfico essencialmente pautado pelas ardentes, vistosas e
emocionantes galopadas à rédea solta, esta já consagrada formação nórdica –
sediada na cidade de Gotemburgo – tem vindo a investir todo o seu tempo e disposição criativa no lado mais
melódico, orquestral, estival e radiofónico do Classic Rock, primando
por uma elaborada heterogeneidade musical que se vai uniformizando e amadurecendo
de obra para obra. A sua sonoridade de aura carismática, apurada composição, fácil
digestão e pronta fascinação – com indiscretos vestígios dos clássicos
americanos Styx na sua fórmula – é conjugada no pretérito, ressuscitando a saudosa e
gloriosa fragância revivalista do Hard Rock tricotado e sintonizado no
final dos anos 70 e início dos anos 80. Um airoso, magnético e delicioso néctar via
auditivo de roupagem e maquilhagem vintage que com o acumular de
renovadas audições integrais nos vai namorando e conquistando de forma
progressiva. Alternando entre apaixonantes, arrojadas e contagiantes cavalgadas
de euforizante fogosidade, e melosas, sonhadoras e sumptuosas baladas de beleza
pastoral, este ‘Sudden Death’ é superiormente orientado por duas
guitarras magistrais de Riffs principescos, opulentos e novelescos, e solos
ziguezagueantes, apoteóticos e berrantes, uma bateria perspicaz de marcha
acrobática, pomposa e enfática, um hipnótico baixo de murmúrios ondeantes, sombreados
e vagueantes, um piano sentimental de teclas saltitantes e passeatas
deslumbrantes, um intrigante sintetizador criador de uma nebulosa atmosfera SCI-FI,
um uivante saxofone de parcas mas extravagantes aparições, e ainda uma voz aveludada,
melódica, aguda e avinagrada que tempera toda esta apaladada e opalescente iguaria
com a sua ácida e aromatizada frescura. Este é um álbum verdadeiramente
reconfortante e lapidar, detentor de uma refinada excentricidade capaz de nos
acariciar, aguçar e regozijar os sentidos. Uma obra sobrevoada e vaporizada por
uma ambiência quimérica que nos envolve, revolve e maravilha sem a mais pequena
inibição. Estamos, portanto, na digna presença de mais um importante contributo
musical que vem enriquecer uma Suécia de presente há muito virado para o
passado. E sendo eu um incurável devoto da música Rock florescida nas
velhas décadas de 1960 e 1970, registos como este ‘Sudden Death’ instauram
em mim lúcidos vislumbres de uma dourada era de pureza e singeleza há muito
perdidas, anexados por uma estranha e súbita sensação de espontânea e genuína nostalgia
dedicada a algo que nunca presenciara fisicamente. Sinto que Horisont são
uma daquelas raras bandas que – quer zarpem e velejem de velas içadas à boleia
de qualquer um dos quatro ventos, distanciando-se, assim, do modelo sonoro a
que me habituaram anteriormente – acabarão inevitavelmente a surpreender-me pela
positiva.
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