Seaspiracy (2021) de Ali Tabrizi ★★★★☆
The
Walking Dead S10 (2019-2021) de Frank Darabont ★★★★☆
Blade
Runner 2049 (2017) de Denis Villeneuve ★★★★☆
Janis (1974)
de Howard
Alk ★★★★☆
The Father (2020) de Florian
Zeller ★★★★☆
Sound of
Metal (2019) de Darius Marder ★★★★☆
Gomorra S04 (2019) de Leonardo
Fasoli ★★★★★
The Great Escape (1963) de John
Sturges ★★★★☆
Apocalypse Cow: How Meat Killed the Planet (2020) de Peter Gauvain ★★★★☆
The Serpent S01 (2021) de Tom Shankland & Hans Herbots
★★★★☆
First
Blood (1982) de Ted Kotcheff ★★★★☆
A Big Hand for the Little Lady (1966) de Fielder Cook ★★★☆☆
Jeremiah
Johnson (1972) de Sydney Pollack ★★★★☆
Ostatnia
Rodzina (2016) de Jan P. Matuszynski ★★★★☆
This is Us S05 (2020-2021) de Dan Fogelman ★★★★★
Wrath of Man (2021) de Jan Guy
Ritchie ★★★★☆
The Abyss: Rise and Fall of the Nazis S01 (2020) ★★★★★
The Runaways (2010) de Floria
Sigismondi ★★★☆☆
Il Divin Codino (2021) de Letizia
Lamartire ★★★☆☆
Carlitos Way (1993) de Brian De
Palma ★★★★☆
Nobody (2021) de Ilya
Naishuller ★★★★☆
I corpi
presentano trace di violenza carnale (1973) de Sergio Martino ★★★☆☆
The Equalizer (2014) de Antoine
Fuqua ★★★★☆
Magnum Force (1973) de Ted
Post ★★★☆☆
En
Passion (1969) de Ingmar Bergman ★★★★☆
The Shawshank Redemption (1994) de Frank Darabont ★★★★★
Sin City:
A Dame to Kill For (2014) de Robert Rodriguez & Frank Miller
★★★★☆
The Conjuring: The Devil Made Me Do It (2021) de Michael Chaves ★★★☆☆
Hagazussa (2017) de Lukas
Feigelfeld ★★★☆☆
The Need to Grow (2019) de Rob
Herring & Ryan Wirick ★★★★★
RED (2010) de Robert
Schwentke ★★★☆☆
Der Hauptmann (2017) de Robert Schwentke ★★★★☆
quarta-feira, 30 de junho de 2021
🎬 Cinema & TV de Abril, Maio e Junho
terça-feira, 29 de junho de 2021
Review: ⚡ Deathchant - 'Waste' (2021) ⚡
Na madrugada
de 2019 reportava aqui o aparatoso atropelo perpetrado pela furiosa locomotiva
californiana Deathchant que me vitimizara, e hoje venho novamente acusar
o quarteto sediado em Los Angeles de reincidência. ‘Waste’
é o seu segundo álbum, muito recentemente lançado pela afamada discográfica RidingEasy
Records nos formatos digital, CD e vinil, que detona na atmosfera toda uma enérgica
dosagem de vulcânica adrenalina. Cruzando um musculoso, motorizado, destravado
e oleoso Heavy Rock cadenciado a um dinâmico coice Punk e sintonizado
na mesma frequência de Thin Lizzy e Motörhead, com um imperioso, melódico,
enigmático e umbroso Proto-Metal revolvido a efervescente psicadelismo, e
ainda um chamejante, corrosivo, eruptivo e excruciante Grunge de febril fogosidade
a fazer recordar Melvins e Corrosion of Conformity, este impactante
‘Waste’ estreita os contrastes entre o peso e a leveza, a desaceleração
e a aceleração, a ternura e a aspereza. De cabeça freneticamente rodopiante,
maxilares cerrados, olhar incendiado e alma atestada de pura excitação, somos
agredidos, mastigados e sacudidos pela magmática, enfática e transpirada
ferocidade de Deathchant à redentora, alucinante e enlouquecedora boleia
de duas guitarras gémeas e predatórias que se alinham na edificação de Riffs
rochosos, altivos, incisivos e volumosos, e desalinham na apressada condução de solos
virtuosos, ziguezagueantes, electrizantes e gloriosos, um trovejante baixo
pesadamente bafejado a linhas fibróticas, tensas, densas e hipnóticas, uma incansável
bateria ciclónica de batida impetuosa, galopante, provocante e estrondosa, e
ainda uma voz felina de rugidos denteados, viscerais, siderais e avinagrados.
São 30 minutos trilhados a alta rotação e climatizados a escaldante comoção. Este
‘Waste’ é um registo verdadeiramente ofensivo, intempestivo e demolidor
– de faca nos dentes e forte odor a gasolina – que me esporeara, estremecera e
empolgara do primeiro ao derradeiro tema. Agarrem firmemente as rédeas desta
possante cavalgada de espadas desembainhadas, narinas fumegantes e lanças empunhadas,
e deixem-se consumir pelas negras e infernais labaredas de Deathchant. No
final, restará um corpo ofegante, respingado de suor e com o coração desesperado,
agarrado ao gradeamento torácico. Um dos meus álbuns favoritos de 2021 está
aqui, no polvoroso desassossego destes quatro cavaleiros do apocalipse. Amotinem-se
nele.
Links:
➥ Bandcamp
➥ RidingEasy Records
domingo, 27 de junho de 2021
sábado, 26 de junho de 2021
Review: ⚡ Rose City Band - 'Earth Trip' (2021) ⚡
Da cidade de Portland
(Oregon, EUA) chegam-nos as novas – e por mim muito ansiadas – baladas
lideradas pelo multi-instrumentista Ripley Johnson (Wooden Shjips
e Moon Duo), agora ao serviço do seu apaixonante projecto a solo Rose
City Band. Intitulado ‘Earth Trip’ e lançado nos formatos
físicos de CD e vinil, bem como sob a forma digital, pela discográfica
nova-iorquina Thrill Jockey, este terceiro álbum de Rose City Band
vem ensolarado por um embalante, desértico, profético e aliciante Country
de ambiência Western, arejado por um bucólico, estival, ornamentado e
estético Folk de clima veraneio, e perfumado por um intimista, sedutor, sonhador
e revivalista Psychedelic Rock de espírito west-coast. A sua
sonoridade relaxante, frágil, gentil e extasiante – bronzeada a ébria e etérea
nostalgia – desdobra no imaginário do ouvinte todo um idílico tapete verdejante,
estriado por frescos riachos de água marulhante, pincelado por uma colorida floração
de deslumbrante vistosidade, sobrevoado por alegres pássaros de tom cantante, e
trilhado na primeira pessoa por pés desnudos e de sensibilidade aguçada. De
espírito mitigado, sorriso imortalizado, e olhar içado no longínquo firmamento
onde se debruça o vigilante Sol de resplandecência crepuscular, caminhamos pelas
pilosas planícies, debaixo de um vasto céu azul turquesa, em devocional harmonia
com a imaculada natureza envolvente. ‘Earth Trip’ é um sonho
musicado de John Muir, um registo talhado a beatitude que vive da doçura,
singeleza e ternura, um paraíso naturista onde todas as almas se incensam de plena
ataraxia. Na génese deste sumarento cocktail de paladar tropical está
uma voz sussurrante de pele macia, melíflua e opalescente, uma guitarra lírica de
deliciosos, radiosos e bem-dispostos acordes que desaguam em solos enfeitiçantes,
vítreos e serpenteantes, um baixo pachorrento de linhas arrastadas, reflexivas
e sombreadas, uma bateria galopante a trote de um ritmo pausado, fluído e magnético,
um uivante pedal steel de mugidos desarmantes, arrepiantes e enternecedores,
e ainda uma carismática harmónica de sopros arenosos, ventosos e viajantes. ‘Earth
Trip’ é um registo lenitivo, sincero, romântico e contemplativo – de
luminância imersiva e efeito reparador – que nos alcooliza, maravilha e namora
do primeiro ao derradeiro tema. Repousem neste nirvânico oásis de brilho
estival, brisa refrescante e afago espiritual, e testemunhem todo o seu
catártico esplendor. Esta é a banda-sonora perfeita para encaixilhar finais de
tarde solarengos, solitários, de sentidos pacificados, pele lambida pela salgada aragem oceânica e olhar
estrelado pelo lampejo solar. Esta é a minha praia.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Thrill Jockey
sexta-feira, 25 de junho de 2021
quinta-feira, 24 de junho de 2021
Review: ⚡ The Mood Rings - 'The Arrival' (2021) ⚡
Da vizinha Espanha
– mais concretamente da cidade nortenha de Eibar – chega-nos o admirável
álbum de estreia do jovem quarteto The Mood Rings. Designado ‘The
Arrival’ e hoje mesmo exteriorizado através dos formatos digital e CD com o
selo editorial de autor, este elegante, mirífico e cativante registo de
fragância vintage combina um estético, melódico e sedutor Blues Rock
com um açucarado, caleidoscópico e ensolarado Psychedelic Rock sublimemente
melificado por um colorido corante Soul. Emergindo à memória Siena Root, Blues Pills, Fuzz Manta e Heavy Feather como algumas das figuras tutelares da sua sonoridade, e intercalando entre apaziguantes,
gentis e reconfortantes baladas que nos fazem revirar os olhos numa súbita
sensação de prazer, e picantes, entusiásticas e inflamantes galopadas que nos meneiam
a cabeça de ombro em ombro, ‘The Arrival’ equilibra-se com
firmeza, astúcia e fineza pela linha fronteiriça que separa a chamejante euforia da reconfortante
letargia. Enfeitiçados e embalados pela inefável doçura e inextinguível formosura
que trajam e apaladam todos os temas deste apaixonante registo inaugural, somos
cortejados pela inquietante sensualidade dos bascos, e ancorados num inexorável
estádio de nirvânico deslumbramento. Numa serpenteante dança locomovida a ininterrupta
fascinação, respondemos de forma instintiva ao erotismo transpirado por uma
guitarra aristocrática de provocantes, deliciosos e contagiantes Riffs de
onde esvoaçam virtuosos, ziguezagueantes e pomposos solos em psicotrópica
efervescência, à encaracolada reverberação pesadamente bafejada pelas narinas
de um baixo denso, tenso e lubrificado, à envolvente ritmicidade de uma acrobática
bateria trauteada a toque cuidado, polido e cintilante, e à contagiante
vistosidade de uma liderante voz feminina de pele caramelizada, garbosa e aveludada
que capitaneia The Mood Rings até ao coração de quem os comunga. De apontar
ainda os holofotes à finura jazzística de um aliciante saxofone que, com
os seus uivos sedosos, melancólicos e lustrosos, abrilhanta a atmosfera do tema
que empresta o seu nome ao disco. ‘The Arrival’ é um álbum
genuinamente arrebatador, preclaro e sonhador que nos faz salivar os ouvidos. Uma
obra maviosa, esplendorosa e viciante, de contornos epopeicos, que nos comove,
sorve e instiga a ouvi-lo repetidas vezes de forma a satisfazer uma alma tão
sedenta por experienciar algo assim. Deixem-se cair na ofuscante tentação desta
tão odorosa, talentosa e promissora banda espanhola, e absorvam-se no seu refrescante,
sumarento e embriagante revivalismo. Uma das mais notáveis estreias de 2021
está aqui, na desarmante simetria de The Mood Rings.
quarta-feira, 23 de junho de 2021
segunda-feira, 21 de junho de 2021
Review: ⚡ Yagow - 'The Mess' (2021) ⚡
Quatro anos
após o lançamento do seu muito aplaudido álbum de estreia (aqui trazido
e elogiado), o tridente germânico Yagow – localizado na cidade
fronteiriça de Saarbrücken – ressurge agora com a apresentação do seu
segundo álbum apelidado de ‘The Mess’ e lançado pelo selo
discográfico alemão Crazysane Records através dos formatos digital, CD e
vinil. Replicando os mesmos ingredientes que colorizam e condimentam o seu primeiro
trabalho, Yagow conduz ‘The Mess’ pela bruma psicotrópica
de um lisérgico, embriagado, orvalhado e sidérico Neo-psychedelic emoldurado
por um lenitivo, místico, ritualístico e obsessivo Krautrock de
ornamentos orientais. Contando ainda com um discreto corante Shoegaze
que embacia a atmosfera de uma sedutora, reflexiva e sonhadora melancolia, este
enfeitiçante registo é oxigenado por uma misteriosa, narcótica e brumosa obscuridade
de essência xamânica que nos desfoca os sentidos e os mergulha nas pesadas,
pastosas e paradas águas de um pântano outonal. De cabeça febril, vagarosamente
bamboleada em movimentos circulares, olhar distante e semi-selado, semblante
pálido e espírito intensamente aturdido, somos intoxicados pela druídica exalação
de Yagow e amortalhados num profundo e inescapável estado de
sonambulismo. De lucidez despistada e capturada por uma poderosa narcose,
dançamos em slow motion ao aliciante som de uma irresistível guitarra
que se envaidece na condução de arábicos, cremosos, libidinosos e magnéticos Riffs
efervescidos pelo fogoso, crocante e arenoso efeito Fuzz, e se enlouquece
na evacuação de solos delirados, ácidos, uivantes e desatados, um murmurante baixo
bombeado a linhas ondeantes, pausadas, tonificadas e vagueantes, uma bateria
tribalista de ritmo galopante, repetitivo, imersivo e revigorante, um envolvente
teclado que se adensa em intrigantes, polposos, lustrosos e esvoaçantes bailados,
e ainda uma voz diabrina, avinagrada, fantasmagórica e enregelada que ressoa e
ecoa pela vaporosa, temulenta e acrimoniosa aura de ‘The Mess’.
São 40 minutos de uma encantadora, alucinógena e entorpecedora hipnose que nos
arremessa para fora da órbita consciencial. Naufraguem nas areias movediças de Yagow
e experienciem com inquebrável apego e inapagável devoção todo o transcendente arrebatamento transpirado por este
seu novo trabalho. Não vai ser nada fácil despertar deste sonho acordado.
Reconfortem-se e espreguicem-se nele.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Crazysane Records
domingo, 20 de junho de 2021
sábado, 19 de junho de 2021
sexta-feira, 18 de junho de 2021
Review: ⚡ Elara Sunstreak Band - 'Vostok 1' (2021) ⚡
No 60º aniversário da
primeira missão espacial tripulada da história – apelidada de Vostok 1,
promovida pelo programa espacial soviético Vostok, e dirigida pelo afamado
cosmonauta e piloto da força aérea soviética Yuri Gagarin – o tridente germânico
Elara Sunstreak Band decidira propulsionar o seu segundo álbum ‘Vostok
1’ em homenagem a este tão importante acontecimento para a humanidade. Carimbado
pelo fértil selo discográfico alemão Sulatron Records e exteriorizado através dos formatos
físicos de CD e duplo vinil (ambos limitados a 500 cópias cada), este
fantástico registo que se segue ao muito estimado ‘Deli Bal’
(lançado em 2017 e aqui devidamente escalpelizado) traz-nos toda uma
conflagração de intoxicante, místico, ritualístico e euforizante Heavy Psych
com vista para o Cosmos, e a palidez glacial de um meditativo, anestésico, lírico
e imaginativo Post-Rock de arrebatadoras paisagens cinematográficas.
Estes três astronautas de instrumentos empunhados e miras apontadas à perpétua vacuidade
sideral, têm o dom de nos desenraizar da gravidade terrestre e içar na
vertiginosa direcção dos mais recônditos territórios do espaço alienígena.
Embarcados numa futurista odisseia – carburada a duas velocidades contrastadas –
que tanto nos atesta de uma morfínica sonolência como inquieta numa turbulenta
efervescência, somos sublimados e evangelizados pelo profético psicadelismo de Elara
Sunstreak Band. São 72 minutos – compartimentados em quatro embriagantes, longas
e viajantes faixas – de uma catártica experiência que nos ofusca o olhar com
uma expressão sonhadora, reconforta o espírito num nirvânico oásis sensorial, e
soterra a cabeça nas fantasmagóricas poeiras estelares que deambulam pela imersiva
negrura espacial. Deixem-se enfeitiçar e extasiar nesta sonhadora teia primorosamente
tecida por uma maravilhosa guitarra que alterna entre suavizantes, lenitivos, contemplativos
e apaziguantes acordes e escaldantes, nervudos, espadaúdos e chamejantes riffs
de onde são escoados solos alucinógenos, sinuosos, ostentosos e trepidantes, um
baixo diligente de sombreadas, murmurantes, pulsantes e lubrificadas linhas,
uma bateria operante de ritmicidade expressiva, cuidada e cintilante, e uma voz
messiânica que nos faroliza nesta interminável noite cósmica. Num plano secundário,
hasteiam-se ainda os oníricos mugidos de um quimérico mellotron, a
perfumada frescura de um melódico órgão Hammond, e os requintados,
detalhados e cerebrais bailados de uma cítara de idioma oriental. ‘Vostok
1’ é um registo altamente psicotrópico que nos despista a lucidez e dilata
a consciência. Atrelem toda a vossa fascinação a esta nave que se infiltra no
denso tecido espacial, e explorem o lado eclipsado do vosso cosmos interior. Depois
de um roteiro tão mágico e transformador, não vai ser nada fácil – ou sequer
desejado – reentrar e pousar em Terra.
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➥ Sulatron Records
quarta-feira, 16 de junho de 2021
Review: ⚡ Expo Seventy - 'Evolution' (2021) ⚡
O prolífico projecto
Expo Seventy – localizado em Kansas City (Missouri), superiormente
liderado pelo músico norte-americano Justin Wright e que conta com uma abundante
discografia – está de regresso com o lançamento do seu novo álbum designado ‘Evolution’
e que fora devidamente promovido pela brasileira Essence Music em
formato digital e na forma física de CD e vinil (ambos ultra-limitados a parcas,
mas largamente apelativas, edições que farão seguramente salivar qualquer
coleccionador que se preze). Orvalhado por uma densa nebulosidade psicotrópica
e magicado por um imaginativo experimentalismo sónico, ‘Evolution’
representa todo um exótico sortido sonoro que combina um hipnótico, misterioso e
caleidoscópico Krautrock de propensão estelar, um absorvente, mântrico e
convincente Drone de deslumbramento sensorial, e ainda um fumarento,
obscuro e lamacento Psych Doom de intensa toxicidade. De radares apontados
à contemplativa digressão pelos desertos galácticos dos australianos Ahkmed
e à incisiva combustão deflagrada pelos efervescentes britânicos Blown Out,
este druídico power-trio com bateristas rotativos dissolve e revolve o
ouvinte numa inescapável narcose sem fim à vista. Uma demorada, embriagada e evolutiva viagem de
efeito desorientador e clima devocional, que tanto nos afaga e embala numa lisérgica e meditativa hipnose
pelo admirável e interminável negrume cósmico, como naufraga e electrifica numa
apocalíptica tempestade que atormenta um relampejante quasar. Entorpecidos,
magnetizados e embevecidos pelas espaçosas, venenosas e intuitivas jam’s
de essência enfeitiçante e orientação instrumental, somos convidados a
testemunhar e comungar todo um extraordinário ritual num altar estelar que nos
gravita em torno de um imperturbável estádio de transe espiritual. Empoeirem-se
neste trevoso, poderoso e fantasmagórico misticismo de feições alienígenas à imersiva
boleia de uma guitarra profética que se manifesta em imperiosos, fibrados e
umbrosos Riffs de onde são vertidos solos uivantes, ácidos e ecoantes
que se perdem na infinidade cósmica, um murmurante baixo de reverberação
motorizada a linhas sombreadas, tonificadas e flutuantes, uma bateria tribalista
de ritmicidade pulsante, expressiva e rutilante, e ainda um enigmático sintetizador
de natureza analógica que ausculta e exorciza a angustiada alma dos solitários corpos
celestes sepultados no negro solo do universo. De alastrar ainda elogiosas
palavras aos fantásticos artworks, sublimemente ilustrados a duas mãos
pelo talentoso holandês Maarten Donders (presente no rosto do vinil) e
pelo próprio timoneiro da banda Justin Wright (presente na edição em CD),
que embelezam toda esta abstracta odisseia pelos labirínticos desfiladeiros da
intimidade celestial. ‘Evolution’ é uma experiência imensamente
redentora, obsessiva, explorativa e enlouquecedora que nos dilata a consciência
e emudece os sentidos. Percam-se e encontrem-se por entre a morfínica euforia
de Expo Seventy, e vivenciem com inquebrável fascinação um dos opiáceos
sonoros mais poderosos do presente ano.
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➥ Essence Music