quinta-feira, 5 de março de 2020

Review: ⚡ SLIFT - 'UMMON' (2020) ⚡

Da cidade francesa de Toulouse chega-nos o bombástico segundo álbum detonado pelo enérgico power-trio SLIFT. Intitulado de ‘UMMON’ e oficialmente lançado no passado dia 28 de Fevereiro sob a forma física de CD, cassete e vinil pela mão conjunta da editora francesa Vicious Circle Records e do selo britânico Stolen Body Records, este portentoso registo de SLIFT vem banhado e inflamado por um borbulhante, heterogéneo e fumegante cocktail sonoro de onde facilmente se reconhece, apalada e experiencia um envolvente, hipnótico, anestésico e fascinante Krautrock de pulsação CAN’ica, um viajante, entusiástico, exótico e provocante Space Rock de ressonâncias Hawkwind’eanas, e ainda um furioso, efervescente, escaldante e revoltoso Garage-Punk esporeado à boa moda dos californianos Fuzz. A sua sonoridade flamejada e farolizada pelas incandescentes fornalhas estelares que reluzem na medula do abissal negrume cósmico, tem a capacidade de nos prender, amortalhar e narcotizar numa edênica e encantadora dormência que nos inunda os sentidos, e desenraizar da gravidade terrestre, catapultando-nos numa alucinante, enlouquecedora e euforizante vertigem, driblando o abraço gravitacional de todos os astros suspensos no horizonte e resvalando nas costuras fronteiriças do espaço sideral. Na génese de toda esta mística e sónica propulsão está uma guitarra sulfurosa que se manifesta em vulcânicos, dominantes, intrigantes e messiânicos Riffs abrasados e apimentados pelo urticante efeito Fuzz, de onde desaguam solos ecoantes, alucinógenos, ácidos e atordoantes, um murmurante baixo de bafejo Krauty e linhas ondeantes, fluídas, magnéticas e pulsantes, uma bateria circense que alterna entre acrobacias jazzísticas conduzidas a sensibilidade, requinte e sagacidade, e uma rumorosa, intensa  e aparatosa explosividade, um alienígena sintetizador criador de uma adorável atmosfera SCI-FI, e ainda uma sedosa, celestial, invernal e deleitosa voz perseguida e sombreada de perto por um translúcido coro angelical. De distender ainda os aplausos líricos ao fantástico artwork caprichosamente ilustrado pelo virtuoso e lendário cartoonista francês Caza (pseudónimo de Philippe Cazaumayou) que revestira na perfeição esta inspirada e sublime obra de SLIFT. Este é um quimérico álbum de natureza complexa que nos viaja do mais bocejante e apaziguante paraíso espiritual ao mais selvático e caótico apocalipse mental. Deixem-se absorver pela cósmica toxicidade de ‘UMMON’ e embarquem – consumidos e capitaneados por um ininterrupto estádio de ofuscante fascinação - nesta ataráxica e diluviana maviosidade destilada de uma obra tremendamente sensacional. Vai ser demasiado fácil reencontrar 'UMMON' devidamente perfilado por entre os mais elogiados e medalhados discos nascidos no presente ano de 2020. Que impactante surpresa.

Sem comentários: