Da cidade francesa de Toulouse
chega-nos o bombástico segundo álbum detonado pelo enérgico power-trio SLIFT.
Intitulado de ‘UMMON’ e oficialmente lançado no passado dia 28 de
Fevereiro sob a forma física de CD, cassete e vinil pela mão conjunta da
editora francesa Vicious Circle Records e do selo britânico Stolen Body
Records, este portentoso registo de SLIFT vem banhado e inflamado por
um borbulhante, heterogéneo e fumegante cocktail sonoro de onde
facilmente se reconhece, apalada e experiencia um envolvente, hipnótico, anestésico
e fascinante Krautrock de pulsação CAN’ica, um viajante,
entusiástico, exótico e provocante Space Rock de ressonâncias Hawkwind’eanas,
e ainda um furioso, efervescente, escaldante e revoltoso Garage-Punk
esporeado à boa moda dos californianos Fuzz. A sua sonoridade flamejada
e farolizada pelas incandescentes fornalhas estelares que reluzem na medula do abissal
negrume cósmico, tem a capacidade de nos prender, amortalhar e narcotizar numa edênica
e encantadora dormência que nos inunda os sentidos, e desenraizar da gravidade
terrestre, catapultando-nos numa alucinante, enlouquecedora e euforizante
vertigem, driblando o abraço gravitacional de todos os astros suspensos no
horizonte e resvalando nas costuras fronteiriças do espaço sideral. Na génese
de toda esta mística e sónica propulsão está uma guitarra sulfurosa que se
manifesta em vulcânicos, dominantes, intrigantes e messiânicos Riffs abrasados
e apimentados pelo urticante efeito Fuzz, de onde desaguam solos
ecoantes, alucinógenos, ácidos e atordoantes, um murmurante baixo de bafejo Krauty e linhas ondeantes,
fluídas, magnéticas e pulsantes, uma bateria circense que alterna entre acrobacias
jazzísticas conduzidas a sensibilidade, requinte e sagacidade, e uma rumorosa,
intensa e aparatosa explosividade, um alienígena
sintetizador criador de uma adorável atmosfera SCI-FI, e ainda uma sedosa, celestial,
invernal e deleitosa voz perseguida e sombreada de perto por um translúcido coro
angelical. De distender ainda os aplausos líricos ao fantástico artwork caprichosamente ilustrado
pelo virtuoso e lendário cartoonista francês Caza (pseudónimo de Philippe
Cazaumayou) que revestira na perfeição esta inspirada e sublime obra de SLIFT.
Este é um quimérico álbum de natureza complexa que nos viaja do mais bocejante e apaziguante
paraíso espiritual ao mais selvático e caótico apocalipse mental. Deixem-se absorver pela cósmica
toxicidade de ‘UMMON’ e embarquem – consumidos e capitaneados por um
ininterrupto estádio de ofuscante fascinação - nesta ataráxica e diluviana maviosidade destilada de uma obra
tremendamente sensacional. Vai ser demasiado fácil reencontrar 'UMMON' devidamente perfilado por
entre os mais elogiados e medalhados discos nascidos no presente ano de 2020. Que impactante surpresa.
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